O século XX foi profundamente sombrio para a humanidade. Milhões de vidas foram ceifadas em guerras sem fim e em tiranias inacreditáveis. A ciência se multiplicou vertiginosamente e as possibilidades humanas, para o bem e para o mal, se multiplicaram com ela. Mesmo com tanto medo do que pode ser o nosso futuro nestes novos tempos, poucos são os que realmente olham para as profundezas dos abismos ideológicos para saber o porquê de tantas pessoas terem sido atraídas e dominadas por eles.
Existiria alguma causa em comum? Uma só raiz para tanta maldade? Existe qualquer semelhança entre o nazismo, o comunismo e o jihadismo, que aterrorizam a raça humana até hoje? Existe alguma saída, alguma cura, que possa nos salvar de um destino ainda mais terrível do que o visto no século XX? Nesta matéria iremos cavar um pouco o nosso passado para tentar entender melhor estas questões.
As diferentes versões da Criação
Uma pista muito boa a respeito da origem dos amplos problemas vindos de ideologias modernas está nas diferentes versões sobre a Criação do Universo. Mais precisamente, no contraste entre a visão judaico-cristã e a visão babilônica sobre o início de tudo. Por que, por mais que hoje tenhamos uma ideia quase uniforme a respeito do que aconteceu, a tal teoria do Big Bang, os antigos não viam desta maneira. E a maneira com que os antigos viam esta questão pode ser a chave para o entendimento dos nossos problemas atuais.
A Criação segundo a tradição judaico-cristã aconteceu em etapas. Durante 6 dias Deus trabalhou para criar tudo o que existe e no 7º dia ele descansou. Em cada dia ele adicionava algo diferente à sua obra. A sua última e mais importante obra foi o ser humano(2). Assim, ele criou tudo a partir do nada, e, já que ele descansou, pressupõe-se que ele se desgastou para levantar toda a estrutura e todos os detalhes do Universo. Este trecho já é bem familiar para nós mas ele vai parecer bem mais interessante quando conhecermos a visão da Criação segundo os babilônicos.
Logo de cara notamos uma diferença gritante entre as ilustrações acima. Enquanto na Criação judaico-cristã há uma obra solitária e pacífica, a Criação babilônica parece vir de um conflito entre um homem e um monstro.
O monstro em questão é Tiamat, a mãe de todos os deuses, a deusa do Caos e da criatividade. Ela deu à luz a todos os deuses babilônicos, sendo inclusive trisavó do guerreiro da imagem, o deus Marduque. Ao contrário de sua ancestral, Marduque era o deus da organização e da justiça, que quis vingar a morte de outro antepassado matando Tiamat.
A solução para todas as diferenças entre os deuses babilônicos era a guerra, a morte de seus oponentes, e a partir do espólio de cada cadáver se construía algo diferente. Mas o caso de Tiamat foi especial. Depois de matá-la, Marduque criou a Via Láctea desmembrando a sua cauda, criou a atmosfera a partir do seu tórax quando a partiu ao meio e criou os rios a partir das lágrimas de seus olhos e do seu corpo criou a terra. Não satisfeito, o deus matou ainda o marido do monstro, o deus Kingu, e do seu sangue, misturado com a terra dos restos da deusa, criou o homem(3). Delicado, não?
Principais diferenças entre os criadores
Para resumir o que considero importante para esta análise, vamos tentar fazer um contraste bem claro entre as duas formas de Criação.
Na Criação judaico-cristã, vemos um Criador:
a) construindo,
b) de maneira pacífica,
c) com autossacrifício,
d) em uma ação similar ao pastoreio, à multiplicação de um rebanho de criações.
Já na Criação babilônica, vamos um criador:
a) destruindo,
b) de maneira violenta,
c) a partir do sacrifício alheio,
d) uma ação similar à caça, onde se aproveita o abate de rebanhos selvagens.
Ok, entendido. O contraste está bem claro. Mas lembra das ideologias que estávamos falando? O que elas têm a ver com esta história toda? Preste atenção que esta é a hora que mais esperávamos...
O fundamento babilônico das ideologias tirânicas
O livro “O Capital”, de Karl Marx, é sem dúvidas uma das maiores inspirações dos movimentos comunistas de todo o planeta. Veja o que ele advoga em seu capítulo 24:
“A violência é a parteira de uma velha sociedade para o nascimento de uma nova sociedade”. (grifo nosso)
A Criação a partir da destruição está anunciada. Mas Marx não foi o primeiro. Um dos grandes expoentes da Revolução Francesa, Denis Direrot, certa vez disse:
“O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”. (grifo nosso)
Lênin seguia o mesmo caminho:
“Somente quando tivermos vencido e destruído completamente a burguesia em todo o mundo é que as guerras se tornarão fúteis”(4).
A expropriação total da burguesia acompanharia a sua destruição. A tomada violenta dos meios de produção a partir do levante dos trabalhadores é um capítulo bem famoso da história revolucionária. A tomada do poder por quem liderou a Revolução inaugurou a ditadura napoleônica. Eu não preciso de mais exposições a este respeito.
Mas eu não quero parar por aqui. Hitler tinha também uma ideologia babilônica para os seus feitos. No entanto, não é possível entender uma linha de Hitler sem antes entender o seu precursor babilônico na biologia: Charles Darwin. No livro (menos famoso mas não menos importante) “A Origem do Homem”, Darwin advoga que espécies superiores exterminam completamente as espécies inferiores para poder continuar a evoluir. Segue o trecho:
“Num período futuro, não muito distante se formos medir em séculos, as raças humanas civilizadas irão, com quase certeza, exterminar e substituir, ao redor do mundo, as raças mais selvagens. Ao mesmo tempo, os macacos antropomórficos (...) sem dúvida serão exterminados. O intervalo será maior, então, pois que se estenderá entre o homem num estado mais civilizado ainda – esperamos – do que o caucasiano de hoje e, no outro extremo, algum macaco inferior, como um babuíno, ao invés de, como é hoje, o negro, o aborígene australiano e o gorila(5)”. (grifo nosso)
O rebaixamento do homem ao nível de qualquer animal é latente e a afirmação da raça ariana como a superior (“mais civilizada”) do que as demais também já estava lá, um século antes de qualquer nazista existir. E, note, principalmente, que o “inevitável” extermínio das raças inferiores estava bem claro em Darwin também, e este é o seu elemento babilônico. Sim, estou falando do mesmo Darwin que é ensinado em todas as escolas de nível médio do mundo. O currículo de ensino que usamos é da ONU (UNESCO), lembra?
Agora sim, falemos diretamente de Hitler. O mais famoso dos tiranos escreveu em seu livro:
“Sendo limitada a procriação e diminuído o número dos nascimentos, sobrevém, em lugar da natural luta pela vida, que só deixa viverem os mais fortes e mais sãos, a natural mania de conservar e "salvar" a todos, mesmo os mais fracos, a todo preço.
Assim corresponde a concepção racista do mundo ao intimo desejo da Natureza, pois restitui o jogo livre das forças que encaminharão a uma mais alta cultura humana, até que, enfim, conquistada a terra, uma melhor humanidade possa livremente chegar a realizações em domínios que atualmente se acham fora e acima dela(6)”. (grifo nosso)
Criação pela destruição. A destruição dos mais fracos é requerida para que a humanidade realize o impossível sobre a sua pilha de cadáveres. Daqui, a única diferença para os comunistas é que, ao invés de “fracos”, se coloca o nome “burgueses” e, ao invés de “realizações”, se coloca o nome “expropriações”. Não é à toa que Marx escreveu boa parte de sua obra em devoção à Darwin. Todos seguem a mesma lógica: destrua primeiro. Mate e pilhe. E só então construa algo de bom com o que pilhou. Construir fica por último.
Mas não para por aí. Hoje a Jihad, a guerra santa islâmica, tem o mesmo objetivo babilônico. O Califado Global só pode vir sobre a Terra quando todos os infiéis ou se converterem ou morrerem(7). Como esta face da Jihad já é bem conhecida, não vou me ater a mais detalhes.
Uma dose de bom senso
Depois de serem expostos a ideias tão tóxicas, acho bom entregar logo os antídotos para a mente do leitor. As ideias que estes homens publicaram estão no livro “Os 10 Livros que Estragaram o Mundo”, do PhD em ética Benjamin Wiker, com exceção de Diderot. Este livro vai ajudar muito a entender que a filosofia moderna não está imune ao escrutínio e que ela com frequência é só uma nova roupagem para velhas crenças perversas.
Começando com o antídoto mais claro de entender, Darwin não poderia estar mais errado em relação à sua teoria de extinção guiada. Um gorila não precisa matar todos os macacos menores para evoluir. Um tubarão não precisa matar todos os peixes menores do mar para evoluir. Um homem inteligente não precisa matar todos os atrasados para evoluir. Que isto fique bem claro.
É importante observar, por outro lado, que apenas o trabalho altruísta e quieto não protege um homem de seus inimigos. Nem sempre alguém está protegido no mundo para trabalhar em paz. Isto é verdade. Mas aí é onde entra a diferença entre o pastor e o caçador. O pastor passa o dia inteiro cuidando do seu espaço, de seu rebanho, e só ataca o lobo quando ele invade o seu quintal. Ele não é como o caçador que vaga pelo mundo atrás de uma presa para se aproveitar e deixar os restos de suas presas para trás. Há quem viva somente de tomar o que é dos outros, seja sob o crime organizado por grandes ditadores, seja cometendo crimes comuns.
Muitas vezes é difícil chegar à conclusão de que estas ideologias babilônicas são más porque elas sempre trazem em seu discurso uma promessa linda para a ocasião de seu domínio mundial e da “solução final” para os seus inimigos. Mas porque eles nunca dão uma “amostra grátis” de como esta promessa vai ser, afinal? Qual é o empecilho que lhes impede de já viver uma vida tão linda entre os seus correligionários?
Este questionamento foi trazido pelo doutor Mohammad Akram Nadwi, na Memri TV, quando falavam califado mundial. Ele diz: “Nós não já temos 50 países mulçumanos? Alá já nos deu tanto poder, [então] estabeleçam o islã lá. (...) Como é que Alá vai gostar da gente [se] não estamos sendo sinceros?”. Ele segue dizendo que os mulçumanos querem correr de países que vivem sob a Sharia (lei islâmica) e brinca: “governar um califado? A gente não está conseguindo nem administrar uma madraça [escola islâmica](8)”. Se eles não estão no paraíso em um lugar que não tem infiéis (muito pelo contrário, estão sempre em guerras internas), por que isto seria diferente em escala global?
A vida da Igreja descrita em Atos dos apóstolos é um exemplo de sociedade pequena que não precisa de interferências externas para viver um paraíso. Se você está mergulhado em qualquer destas ideologias, faça esta leitura recomendada e você vai entender do que eu estou falando. A Igreja dos apóstolos não precisou matar o mundo inteiro para viver bem depois e prosperou mesmo quando o poderoso império romano o perseguia e permaneceu mesmo quando este império caiu.
A esperança
Nem tudo está perdido para a humanidade. Estas ideologias não são “inevitáveis”. Na ala contrária a todas estas maluquices que viraram moda na modernidade, existe um Rei cujo Reino não é deste mundo e que é bem mais despretensioso do que os tiranos que foram expostos hoje. Jesus Cristo disse aos seus discípulos: “(...) Ide por todo o mundo, pregai as boas novas a toda criatura(9)”.
As boas novas de que Deus é real, que este mundo não é a nossa última parada e que a boa relação com Jesus(10) juntamente com os fiéis(11) pode nos dar acesso ao Paraíso. O único extermínio requerido para fazer violência na conquista deste Reino é o combate interno ao pecado(12), feito por contatar a perfeição divina e por se arrepender de suas maldades para copiar esta perfeição.
Diferentemente dos esquemas globais que visam a destruição de todos os seus inimigos, este esquema global (“...ide por todo o mundo...”) tem apenas a pretensão de um anúncio (“...e pregai...”). Ele só quer voz. Nada mais. É por isto que a sua influência fez do Ocidente uma terra livre. O caos da liberdade é o que nos deixou criativos, prósperos e confortáveis, como nenhuma outra civilização antes da nossa jamais foi.
No entanto, como esta ovelha é macia e cheia de gordura, a Babilônia rosna atrás de sua carne. Precisamos nos defender de sua fúria, começando por identificar quem é nosso amigo e quem é nosso inimigo nesta Guerra Fria que vem desde a Antiguidade. E eu espero ter alcançado este objetivo com esta matéria.
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FONTES
[1] Imagem originalmente publicada na revista Kladderadatsch, em 22/03/1936. Ela foi reproduzida pela BBC em uma matéria de 17/02/2011, que se encontra disponível em: http://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwtwo/nazi_propaganda_gallery_02.shtml. A matéria explica que a imagem de Hitler como propagador da paz veio logo em seguida ao seu ataque à Renânia, dando a entender que a palavra “paz” estava sendo usada no mesmo sentido de “paz pelo medo” em que era usada a expressão “pax romana”.
[2] Bíblia Sagrada, Gênesis, capítulos 1-2.
[3] Livro “O Gênesis da Babilônia: A História da Criação” (The Babylonian Genesis: The Story of the Creation), Alexander Heidel, 1942.
[4] “Lênin, Obras Completas” (Lenin, Complete Works), Vol. XXIII.
[5] A Origem do Homem, Charles Darwin, capítulo 6.
[6] Minha Luta, Adolf Hitler, 2ª parte, capítulo 1.
[7] “Imperialismo Islâmico: Uma História” (Islamic Imperialism: A History), Efraim Karsh.
[8] “Clérigo do Reino Unido Atesta que Grupos que Querem um Califado [Mundial] Acreditam em uma Versão Hollywoodiana da História Islâmica” (UK Cleric: Groups That Want a Caliphate Believe in a Bollywood Fantasy Version of Islamic History). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EU9iCQdCoKw&t=171s.
[9] Bíblia Sagrada, Evangelho segundo Marcos, capítulo 16, versículo 15.
[10] Bíblia Sagrada, Evangelho segundo Mateus, capítulo 23, versículos 39-43.
[11] “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Bíblia Sagrada. Evangelho segundo João, capítulo 6, versículo 54. Ver também a 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 16; e a 1ª Carta de João, capítulo 1, versículo 7.
[12] “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Bíblia Sagrada, Carta aos Efésios, capítulo 6, versículo 12.
Renato Rabelo, 27, é pesquisador independente de inteligência militar, tradutor e aluno do Curso Online de Filosofia de Olavo de Carvalho.
Facebook: https://www.facebook.com/IniciativaRenatoRabelo
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC-sd18lTl6sstIyVvprgyYg
Existiria alguma causa em comum? Uma só raiz para tanta maldade? Existe qualquer semelhança entre o nazismo, o comunismo e o jihadismo, que aterrorizam a raça humana até hoje? Existe alguma saída, alguma cura, que possa nos salvar de um destino ainda mais terrível do que o visto no século XX? Nesta matéria iremos cavar um pouco o nosso passado para tentar entender melhor estas questões.
As diferentes versões da Criação
Uma pista muito boa a respeito da origem dos amplos problemas vindos de ideologias modernas está nas diferentes versões sobre a Criação do Universo. Mais precisamente, no contraste entre a visão judaico-cristã e a visão babilônica sobre o início de tudo. Por que, por mais que hoje tenhamos uma ideia quase uniforme a respeito do que aconteceu, a tal teoria do Big Bang, os antigos não viam desta maneira. E a maneira com que os antigos viam esta questão pode ser a chave para o entendimento dos nossos problemas atuais.
O monstro em questão é Tiamat, a mãe de todos os deuses, a deusa do Caos e da criatividade. Ela deu à luz a todos os deuses babilônicos, sendo inclusive trisavó do guerreiro da imagem, o deus Marduque. Ao contrário de sua ancestral, Marduque era o deus da organização e da justiça, que quis vingar a morte de outro antepassado matando Tiamat.
A solução para todas as diferenças entre os deuses babilônicos era a guerra, a morte de seus oponentes, e a partir do espólio de cada cadáver se construía algo diferente. Mas o caso de Tiamat foi especial. Depois de matá-la, Marduque criou a Via Láctea desmembrando a sua cauda, criou a atmosfera a partir do seu tórax quando a partiu ao meio e criou os rios a partir das lágrimas de seus olhos e do seu corpo criou a terra. Não satisfeito, o deus matou ainda o marido do monstro, o deus Kingu, e do seu sangue, misturado com a terra dos restos da deusa, criou o homem(3). Delicado, não?
Principais diferenças entre os criadores
Para resumir o que considero importante para esta análise, vamos tentar fazer um contraste bem claro entre as duas formas de Criação.
Na Criação judaico-cristã, vemos um Criador:
a) construindo,
b) de maneira pacífica,
c) com autossacrifício,
d) em uma ação similar ao pastoreio, à multiplicação de um rebanho de criações.
Já na Criação babilônica, vamos um criador:
a) destruindo,
b) de maneira violenta,
c) a partir do sacrifício alheio,
d) uma ação similar à caça, onde se aproveita o abate de rebanhos selvagens.
Ok, entendido. O contraste está bem claro. Mas lembra das ideologias que estávamos falando? O que elas têm a ver com esta história toda? Preste atenção que esta é a hora que mais esperávamos...
O fundamento babilônico das ideologias tirânicas
O livro “O Capital”, de Karl Marx, é sem dúvidas uma das maiores inspirações dos movimentos comunistas de todo o planeta. Veja o que ele advoga em seu capítulo 24:
“A violência é a parteira de uma velha sociedade para o nascimento de uma nova sociedade”. (grifo nosso)
A Criação a partir da destruição está anunciada. Mas Marx não foi o primeiro. Um dos grandes expoentes da Revolução Francesa, Denis Direrot, certa vez disse:
“O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”. (grifo nosso)
Lênin seguia o mesmo caminho:
“Somente quando tivermos vencido e destruído completamente a burguesia em todo o mundo é que as guerras se tornarão fúteis”(4).
A expropriação total da burguesia acompanharia a sua destruição. A tomada violenta dos meios de produção a partir do levante dos trabalhadores é um capítulo bem famoso da história revolucionária. A tomada do poder por quem liderou a Revolução inaugurou a ditadura napoleônica. Eu não preciso de mais exposições a este respeito.
Mas eu não quero parar por aqui. Hitler tinha também uma ideologia babilônica para os seus feitos. No entanto, não é possível entender uma linha de Hitler sem antes entender o seu precursor babilônico na biologia: Charles Darwin. No livro (menos famoso mas não menos importante) “A Origem do Homem”, Darwin advoga que espécies superiores exterminam completamente as espécies inferiores para poder continuar a evoluir. Segue o trecho:
“Num período futuro, não muito distante se formos medir em séculos, as raças humanas civilizadas irão, com quase certeza, exterminar e substituir, ao redor do mundo, as raças mais selvagens. Ao mesmo tempo, os macacos antropomórficos (...) sem dúvida serão exterminados. O intervalo será maior, então, pois que se estenderá entre o homem num estado mais civilizado ainda – esperamos – do que o caucasiano de hoje e, no outro extremo, algum macaco inferior, como um babuíno, ao invés de, como é hoje, o negro, o aborígene australiano e o gorila(5)”. (grifo nosso)
O rebaixamento do homem ao nível de qualquer animal é latente e a afirmação da raça ariana como a superior (“mais civilizada”) do que as demais também já estava lá, um século antes de qualquer nazista existir. E, note, principalmente, que o “inevitável” extermínio das raças inferiores estava bem claro em Darwin também, e este é o seu elemento babilônico. Sim, estou falando do mesmo Darwin que é ensinado em todas as escolas de nível médio do mundo. O currículo de ensino que usamos é da ONU (UNESCO), lembra?
Agora sim, falemos diretamente de Hitler. O mais famoso dos tiranos escreveu em seu livro:
“Sendo limitada a procriação e diminuído o número dos nascimentos, sobrevém, em lugar da natural luta pela vida, que só deixa viverem os mais fortes e mais sãos, a natural mania de conservar e "salvar" a todos, mesmo os mais fracos, a todo preço.
Assim corresponde a concepção racista do mundo ao intimo desejo da Natureza, pois restitui o jogo livre das forças que encaminharão a uma mais alta cultura humana, até que, enfim, conquistada a terra, uma melhor humanidade possa livremente chegar a realizações em domínios que atualmente se acham fora e acima dela(6)”. (grifo nosso)
Criação pela destruição. A destruição dos mais fracos é requerida para que a humanidade realize o impossível sobre a sua pilha de cadáveres. Daqui, a única diferença para os comunistas é que, ao invés de “fracos”, se coloca o nome “burgueses” e, ao invés de “realizações”, se coloca o nome “expropriações”. Não é à toa que Marx escreveu boa parte de sua obra em devoção à Darwin. Todos seguem a mesma lógica: destrua primeiro. Mate e pilhe. E só então construa algo de bom com o que pilhou. Construir fica por último.
Uma dose de bom senso
Depois de serem expostos a ideias tão tóxicas, acho bom entregar logo os antídotos para a mente do leitor. As ideias que estes homens publicaram estão no livro “Os 10 Livros que Estragaram o Mundo”, do PhD em ética Benjamin Wiker, com exceção de Diderot. Este livro vai ajudar muito a entender que a filosofia moderna não está imune ao escrutínio e que ela com frequência é só uma nova roupagem para velhas crenças perversas.
Começando com o antídoto mais claro de entender, Darwin não poderia estar mais errado em relação à sua teoria de extinção guiada. Um gorila não precisa matar todos os macacos menores para evoluir. Um tubarão não precisa matar todos os peixes menores do mar para evoluir. Um homem inteligente não precisa matar todos os atrasados para evoluir. Que isto fique bem claro.
É importante observar, por outro lado, que apenas o trabalho altruísta e quieto não protege um homem de seus inimigos. Nem sempre alguém está protegido no mundo para trabalhar em paz. Isto é verdade. Mas aí é onde entra a diferença entre o pastor e o caçador. O pastor passa o dia inteiro cuidando do seu espaço, de seu rebanho, e só ataca o lobo quando ele invade o seu quintal. Ele não é como o caçador que vaga pelo mundo atrás de uma presa para se aproveitar e deixar os restos de suas presas para trás. Há quem viva somente de tomar o que é dos outros, seja sob o crime organizado por grandes ditadores, seja cometendo crimes comuns.
Muitas vezes é difícil chegar à conclusão de que estas ideologias babilônicas são más porque elas sempre trazem em seu discurso uma promessa linda para a ocasião de seu domínio mundial e da “solução final” para os seus inimigos. Mas porque eles nunca dão uma “amostra grátis” de como esta promessa vai ser, afinal? Qual é o empecilho que lhes impede de já viver uma vida tão linda entre os seus correligionários?
Este questionamento foi trazido pelo doutor Mohammad Akram Nadwi, na Memri TV, quando falavam califado mundial. Ele diz: “Nós não já temos 50 países mulçumanos? Alá já nos deu tanto poder, [então] estabeleçam o islã lá. (...) Como é que Alá vai gostar da gente [se] não estamos sendo sinceros?”. Ele segue dizendo que os mulçumanos querem correr de países que vivem sob a Sharia (lei islâmica) e brinca: “governar um califado? A gente não está conseguindo nem administrar uma madraça [escola islâmica](8)”. Se eles não estão no paraíso em um lugar que não tem infiéis (muito pelo contrário, estão sempre em guerras internas), por que isto seria diferente em escala global?
A vida da Igreja descrita em Atos dos apóstolos é um exemplo de sociedade pequena que não precisa de interferências externas para viver um paraíso. Se você está mergulhado em qualquer destas ideologias, faça esta leitura recomendada e você vai entender do que eu estou falando. A Igreja dos apóstolos não precisou matar o mundo inteiro para viver bem depois e prosperou mesmo quando o poderoso império romano o perseguia e permaneceu mesmo quando este império caiu.
A esperança
Nem tudo está perdido para a humanidade. Estas ideologias não são “inevitáveis”. Na ala contrária a todas estas maluquices que viraram moda na modernidade, existe um Rei cujo Reino não é deste mundo e que é bem mais despretensioso do que os tiranos que foram expostos hoje. Jesus Cristo disse aos seus discípulos: “(...) Ide por todo o mundo, pregai as boas novas a toda criatura(9)”.
As boas novas de que Deus é real, que este mundo não é a nossa última parada e que a boa relação com Jesus(10) juntamente com os fiéis(11) pode nos dar acesso ao Paraíso. O único extermínio requerido para fazer violência na conquista deste Reino é o combate interno ao pecado(12), feito por contatar a perfeição divina e por se arrepender de suas maldades para copiar esta perfeição.
Diferentemente dos esquemas globais que visam a destruição de todos os seus inimigos, este esquema global (“...ide por todo o mundo...”) tem apenas a pretensão de um anúncio (“...e pregai...”). Ele só quer voz. Nada mais. É por isto que a sua influência fez do Ocidente uma terra livre. O caos da liberdade é o que nos deixou criativos, prósperos e confortáveis, como nenhuma outra civilização antes da nossa jamais foi.
No entanto, como esta ovelha é macia e cheia de gordura, a Babilônia rosna atrás de sua carne. Precisamos nos defender de sua fúria, começando por identificar quem é nosso amigo e quem é nosso inimigo nesta Guerra Fria que vem desde a Antiguidade. E eu espero ter alcançado este objetivo com esta matéria.
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FONTES
[1] Imagem originalmente publicada na revista Kladderadatsch, em 22/03/1936. Ela foi reproduzida pela BBC em uma matéria de 17/02/2011, que se encontra disponível em: http://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwtwo/nazi_propaganda_gallery_02.shtml. A matéria explica que a imagem de Hitler como propagador da paz veio logo em seguida ao seu ataque à Renânia, dando a entender que a palavra “paz” estava sendo usada no mesmo sentido de “paz pelo medo” em que era usada a expressão “pax romana”.
[2] Bíblia Sagrada, Gênesis, capítulos 1-2.
[3] Livro “O Gênesis da Babilônia: A História da Criação” (The Babylonian Genesis: The Story of the Creation), Alexander Heidel, 1942.
[4] “Lênin, Obras Completas” (Lenin, Complete Works), Vol. XXIII.
[5] A Origem do Homem, Charles Darwin, capítulo 6.
[6] Minha Luta, Adolf Hitler, 2ª parte, capítulo 1.
[7] “Imperialismo Islâmico: Uma História” (Islamic Imperialism: A History), Efraim Karsh.
[8] “Clérigo do Reino Unido Atesta que Grupos que Querem um Califado [Mundial] Acreditam em uma Versão Hollywoodiana da História Islâmica” (UK Cleric: Groups That Want a Caliphate Believe in a Bollywood Fantasy Version of Islamic History). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EU9iCQdCoKw&t=171s.
[9] Bíblia Sagrada, Evangelho segundo Marcos, capítulo 16, versículo 15.
[10] Bíblia Sagrada, Evangelho segundo Mateus, capítulo 23, versículos 39-43.
[11] “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Bíblia Sagrada. Evangelho segundo João, capítulo 6, versículo 54. Ver também a 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 16; e a 1ª Carta de João, capítulo 1, versículo 7.
[12] “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Bíblia Sagrada, Carta aos Efésios, capítulo 6, versículo 12.
Renato Rabelo, 27, é pesquisador independente de inteligência militar, tradutor e aluno do Curso Online de Filosofia de Olavo de Carvalho.
Facebook: https://www.facebook.com/IniciativaRenatoRabelo
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC-sd18lTl6sstIyVvprgyYg
4 Comentários
Parabéns! Espetacular sua matéria,a qual, desde já, peço sua autorização para publicar no meu facebook.
ResponderExcluirSim, pode fazê-lo.
ResponderExcluirParabéns pela excelente matéria, a qual gostaria de obter sua autorização para publicar no meu facebook e whatsapp.
ResponderExcluirSim, pode publicar.
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