"Havia no Rio de Janeiro nos anos 1920 um gramático famoso, professor do Pedro II, inimigo dos galicismos, dos pronomes malcolocados e da linguagem descuidada. Falava empolado e exigia correção de linguagem até em casa com a família. Uma vez, esse gramático [...] foi passar férias em um hotel-fazenda de Teresópolis. Lá, um dia, decidiu dar um passeio a cavalo pelos terrenos da fazenda. Por segurança, ia acompanhado por um burrinho. Pelas tantas, o cavalo do gramático disparou. O cavalariço foi atrás em seu burrinho, gritando: 'Doutor, puxe a rédea! Doutor, puxe a rédea!'
Nada aconteceu, até que o cavalo saltou um valado e jogou o gramático numa moita de urtiga. Finalmente o cavalariço o alcançou, levantou-o e ajudou-o a se livrar de uns espinhos que grudaram nele. 'Doutor, por que o senhor não puxou a rédea? Eu vinha gritando atrás, doutor, puxe a rédea, doutor, puxe a rédea!'
O gramático, já senhor de si, perguntou: 'E o que é que puxar a rédea?'
'É fazer isso, ó', e fez o gesto explicativo.
'Ah! Dissesses solfreia o corcel, eu teria entendido.
(José J. Veiga)
1. No texto, foram utilizadas duas variedades linguísticas. Quais são elas? Justifique sua resposta com elementos do texto.
2. Falar bem significa, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. O texto transcrito mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Em que consiste essa inadequação?
3. Você considera que a postura rígida do gramático em relação à "correção de linguagem" a ser utilizada pelos falantes é adequada? Justifique sua resposta.
Envie para medeirosjacauna@hotmail.com as respostas e verifique os acertos.
2 Comentários
dantes é adequada? Justifique sua resposta.
ResponderExcluirSe entendi bem o que você escreveu, dantes é uma expressão antiga, hoje conhecida como antes.
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