- Você poderia ter deixado papai mais perto do prédio!
O senhor nem se deu conta da moça ralhando e continuou com seu passinho, devagar, sendo amparado pelo homem feito. Estando no atendimento pelo médico e a filha acompanhando, Damião engata a conversa comigo, do lado de fora:
- É. Este é meu velho pai, noventa e três anos, vem mensalmente à clínica para o checape. Já cuidou muito da gente, disciplinou, alimentou e deu abrigo.
- Que idade você tem? Perguntei.
- Sessenta anos. Ele respondeu.
Fiquei surpreso com a aparência dele, dava, no máximo, uns quarenta e cinco anos.
O engenheiro químico falou de um passado político na cidade (o qual ouvi atentamente) e voltou a lembrar do seu idoso e das "lapadas" que levou, das traquinagens que fez e mesmo de uma forma meio sem jeito de falar, demonstrava que o sentimento pelo pai era e é positivo.
Arrematei:
- É. Seu pai cuidou bem de você, agora continue cuidando bem dele.
A resposta do homem foi um sorriso.
Ao despedir-me lembrei-me da frase cantada em uma música: "A lição sabemos de cor, só nos resta aprender".
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