O que deu início em 28 de Dezembro, via protestos locais contra os altos preços dos alimentos em uma cidade ao norte de Mashhad, no Iran, se transformou em um protesto em massa mobilizando algumas centenas de milhares de Iranianos em cerca de duas dúzias de cidades, inclusive, e especialmente, Teerã, a sede do governo. Até agora, mais de 20 manifestantes foram mortos e muitas centenas foram presas no que foi amplamente descrito como “a crise interna mais grave que o país enfrentou nesta década.”
Os protestos evoluíram de tópicos mundanos sobre a economia a tópicos mais existenciais relacionados à liderança Islâmica. Dizem que centenas de milhares de manifestantes foram ouvidos gritando: “Nós não queremos uma República Islâmica”, e invocando bênçãos sobre o Reza Shah, o fiel reformador secularista e político que muito fez para Ocidentalizar o Iran até seu filho e sucessor, Muhammad Reza Shah ser deposto durante a Revolução Islâmica de 1979. Segundo a mídia do Oriente Médio, mulheres — como Maryam Rajavi — estão liderando os protestos atuais (e simbolicamente rejeitando as imposições Islâmicas removendo os seus hijabs publicamente).
Até o regime Iraniano percebe a inquietação atual como uma revolta contra o Islam. Em suas declarações iniciais depois que as primeiras manifestações entraram em erupção, o líder supremo, Aiatolá Khamenei, disse: “Todos os que estão contra a República Islâmica… juntaram forças para criar problemas para a República Islâmica e a Revolução Islâmica” (observe o adjetivo recorrente e revelador “Islâmica”).
Mesmo assim, “a mídia tradicional” vê a crescente pobreza e a frustração pela falta de liberdades sociais como os únicos motivos por trás da agitação atual. O que não percebem é que, se o Islam não se destina a ser “algo espiritual” praticado em privacidade, mas sim um sistema completo de governança, permeando toda a vida privada e social, os protestos em curso no Iran, enquanto giram ostensivamente em torno de questões econômicas, sociais e políticas, são em última análise protestos contra os ensinamentos Islâmicos com relação a questões econômicas, sociais e políticas, que a República Islâmica do Iran impôs à população desde que chegou ao poder em 1979.
Isso é evidente mesmo no novo grito de guerra dos manifestantes — “Morte ao Ditador” — em referência ao próprio líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei. Por sua própria natureza, a lei Islâmica — tanto Sunita quanto Xiita — exige um governo ditatorial. Contanto que um califa, sultão ou emir governe a sociedade de acordo com a Sharia, Muçulmanos devem obedecer a ele — mesmo que seja um personagem desprezível e cruel.
Depois de examinar uma série de regras Islâmicas de exegetas competentes, bem como uma série de declarações atribuídas ao profeta Muçulmano Muhammad e no Alcorão, sobre a importância dos Muçulmanos seguirem a lei Islâmica — que é a única questão relevante quando os Muçulmanos devem ou não procurar derrubar seu governante —Ayman al-Zawahiri escreve,
“Em suma: É proibido derrubar um tirano, mas é um dever derrubar um infiel. Se o governante é despótico, torna-se ilegal que um Muçulmano reúna outros Muçulmanos para condená-lo, porque se o fizerem, se tornarão em agressores e o sultão terá a incumbência de lutar contra eles (The Al Qaeda Reader, p. 122).
Como acontece, a opressão social em questão no Irã via protestos — desde o status de segunda classe para mulheres até a proibição de todas as formas de expressão crítica ao Islã, seu profeta e seu representante na terra — é obrigatório pela lei islâmica, consequentemente tornando os manifestantes em “agressores”.
Mas até mesmo os aspectos econômicos dos protestos são em grande parte subprodutos das aspirações Islâmicas. Como disse Donald Trump na sexta-feira passada, finalmente o povo Iraniano está esperto e entendendo como o dinheiro e a riqueza estão sendo roubados e desperdiçados pelo terrorismo. De fato, o sofrimento econômico das pessoas chegou em um momento em que o regime se tornou rico — especialmente através de Barack Obama, dando-lhes mais de US$ 100 bilhões como parte de um acordo nuclear. O motivo da disparidade é que o regime tem e continua gastando grande parte de sua riqueza na tentativa de realizar seus ideais Islâmicos declarados; isto é, prefere apoiar o Hezbollah (atualmente a organização terrorista mais rica de acordo com a Forbes) e o Hamas (terceiro mais rico), contra o inimigo “infiel” do Islan, Israel, em nome e para a maior glória de Alá, em vez de alimentar seu povo.
Aliás, porque o direito de protesto é um dado no Ocidente e, portanto, ocorre com frequência — inclusive em questões triviais e/ou até absurdas, como quando estudantes universitários planejaram um “sh*t-in“, ocupando banheiros como forma de exigir mais “instalações neutras no que se refere ao gênero” — as graves consequências dos atuais protestos no Iran podem ser facilmente subestimadas. Objetivamente falando, são indicativos de quão fartos os Iranianos estão — e os riscos fatais que estão dispostos a correr — o que, sem surpresa, também remonta ao Islam:
“Manifestantes também podem enfrentar a pena de morte quando os casos forem julgados, de acordo com o chefe do Tribunal Revolucionário de Teerã, informou a AP. A agência de notícias semioficial de Tasnim do Iran citou Mousa Ghazanfarabadi dizendo: “Obviamente, uma de suas acusações pode ser Moharebeh”, ou travar uma guerra contra Deus [Alá], o qual é uma ofensa com pena de morte no Irã.
Moharebeh é precisamente o que al-Zawahiri se refere no trecho acima: a única razão legítima para derrubar um governante Islâmico é o fracasso de governar de acordo com o Islan —do qual Khamenei e seu regime dificilmente poderão ser acusados (visto pelo prisma Xiita, que é o caso). Procurar destituí-lo porque é pessoalmente corrupto, despótico, cruel ou gastando mais dinheiro na jihad do que em alimentação é proibido e transforma os manifestantes em agressores contra Alá, um crime digno de punição, incluindo a morte.
Do: Why Iranians Are Ultimately Protesting Against Islam – Raymond Ibrahim
Traduzido e postado em https://tiaocazeiro.wordpress.com/2018/01/04/crise-do-iran/
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