Kabila galvanizava o ódio ao exercício corrupto e incompetente do poder por Mobutu. Mengistu representava a oposição a tudo que caracterizava o velho regime de Selassié. Uma vez no poder, Kabila é Mobutu, Mengistu supera Selassié em hábitos aristocráticos e incompetência. Povos que depositam seus ódios e suas esperanças em líderes condutores sabem que odeiam uns e veneram outros na mesma medida em que um torcedor de um time sabe que ama este e odeia outro. Que um time ou outro seja campeão, não limpa um coliforme da fétida baía de um rio poluído.
Ainda na política, o Congo e a Etiópia são aqui e alhures: na Rússia, no Haiti, por aí. A armadilha dos homens-esperança a aprisionar os devires dos homens reais é um universal com poucas (e preciosas) exceções.
Alcançar a exceção à regra maldita da tirania das más esperanças é a minha esperança como espectador de tantas tragédias repetidas.
O texto (adaptado) é de Aurélio Schommer.
0 Comentários