Homens muitos e múltiplos:

Eduardo Levy
Ontem, escalando, lembrei-me de quando perguntaram a um velhinho, se não me engano da Austrália, se conhecia Viktor Frankl. Resposta: "Claro, o famoso escalador!" Frank, que se orgulhava de ser ótimo alpinista, ficou felicíssimo de saber disso.

Os grandes homens são sempre assim. Poderíamos falar de Winston Churchill, o pintor; Johann Wolfgang von Goethe, o cientista; José Bonifácio de Andrada, o poeta; Alfredo, o Grande, o tradutor; Olavo de Carvalho, o caçador. A natureza do ser humano é tal, que ele pode ser e deve ser muitas coisas, pois todo homem é muitos e contém multidões.

O aspecto mais triste do mundo contemporâneo é o amesquinhamento das personalidades. Pessoas que atrelam a própria identidade a uma profissão, um partido político, um gosto musical, uma preferência sexual, um time de futebol, um jeito de vestir, uma substância entorpecente, um alimento que comem ou deixam de comer já não são propriamente pessoas. Podendo sê-lo, escolharam ser muito menos.

Eduardo Levy é tradutor free-lancer

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