Grande Marcha Libertadora
Já em 1935, a URSS possuía uma gigantesca máquina militar, que superava quase todo o exército do continente – Exército Vermelho (RKKA) tinha 119 divisões e 17 brigadas separadas nas forças terrestres, 12 das quais eram divisões de tanques. O RKKA foi composto por quase um milhão de pessoas, mais 220 mil serviam na aviação e na marinha. Até 1939, a indústria aeronáutica soviética produzia mais de 45.000 aeronaves, das quais mais de 15.000 eram caças. O regime bolchevique contava com o maior arsenal de canhões, morteiros, metralhadoras e espingardas/fuzis do mundo.
Cartaz da Ucrânia soviética (1940): "Juventude, aprende o desporto motorizado, se prepare para a defesa da URSS!"
Toda a “industrialização” soviética foi iniciada apenas para criar essa gigantesca força militar – todo o dinheiro, todos os recursos, toda a mão-de-obra dos cidadãos escravizados eram canalizados para a criação dessa máquina militar. Ao mesmo tempo, os militares soviéticos construíram poucas linhas da defesa.
Quase todo o poder militar do RKKA era composto por armas ofensivas, criadas para uma “campanha de libertação da Europa” – já na década de 1920, os bolcheviques soviéticos decidiram “libertar” a Europa até ao Atlântico. É por isso que a URSS não construía as linhas defensivas – as fronteiras da URSS eram consideradas temporárias, que deveriam ser estendidas até Portugal.
Quando começou a guerra?
A Segunda Guerra Mundial (II G.M) começou em 1 de setembro de 1939 – com o ataque alemão à Polônia. A URSS entrou nessa guerra 17 dias depois – como uma aliada da Alemanha nazi(sta) na divisão da Polônia, com um desfile conjunto em Brest. A URSS chegou à chamar a Grã-Bretanha e França de “agressores”, que tiveram a “ousadia” de atacar o aliado da URSS; a União Soviética acusava os “círculos dominantes da Inglaterra e da França” de começar a II G.M.:
Jornal soviético "Pravda" de 1/12/1939
No dia 14 de junho de 1941, 8 dias antes do início da guerra nazi-soviética, a imprensa soviética classificou a possível guerra entre a URSS e a Alemanha como “rumores provocativos de detratores imperialistas” que aparentemente querem separar dois estados socialistas fraternos que estão lutando contra os imperialismos, britânico e francês:
Jornal soviético "Izvestia" de 14/06/1941, informe da agência soviética TASS
Até 22 de junho de 1941, a União Soviética era uma aliada e amiga muito próxima da Alemanha nazi(sta). Logo após o ataque alemão à URSS, os agressores alemães eram descritos na propaganda soviética como “fascistas” (embora fascistas, na realidade, eram seguidores de Mussolini na Itália). Isso foi feito para esconder completamente o fato de que a URSS socialista estava em guerra com os nacional-socialistas alemães – que também usavam a demagogia dos “direitos trabalhistas”, e, na sua propaganda assemelhavam-se ao comunismo estalinista.
O que realmente aconteceu em 22 de junho de 1941?
Aparentemente, a URSS fazia o jogo duplo – esperando que o seu aliado – a Alemanha nacional-socialista derrotasse a Inglaterra e a França, mas ao mesmo tempo ficaria enfraquecida pelo seu esforço da guerra, enquanto a própria URSS, juntaria os equipamentos militares ofensivos ocupando a Europa, já debilitada pela guerra, içando a bandeira vermelha na costa atlântica. Isso foi planejado acontecer em 1941, máximo em 1942, uma vez que a URSS nunca abandonou a ideia de ocupar e dominar o mundo inteiro.
Os alemães, muito provavelmente, se aperceberam do plano da URSS – e, decidiram atacar a União Soviética preventivamente – enquanto os equipamentos militares soviéticos ainda não haviam sido colocados em formação de batalha, e as unidades militares não estavam equipadas com tudo necessário. O plano foi parcialmente bem-sucedido – nos primeiros meses da guerra, os alemães capturaram centenas de tanques soviéticos, estacionadas em plataformas de comboios/trem de carga, bombardearam e incendiaram centenas de bombardeiros e caças, estacionados em aeródromos junto às fronteiras soviéticas e se preparavam às missões de combate, e assim por diante.
Cartaz da Ucrânia soviética (cerca de 1939-40): "Daremos ao país do socialismo milhares de novos, bravos pára-quedistas!"
O despreparo da URSS para a guerra defensiva explica as perdas monstruosas nos primeiros meses da guerra – ao título de exemplo, a pequena Finlândia reteve o avanço dos cerca de 300.000 militares do RKKA, perdendo cerca de 20 mil pessoas (contra 140 mil da URSS), infligindo à União Soviética uma pesada derrota. A URSS em 1941 não pretendia se defender e considerava as suas fronteiras como temporárias – razão pela qual sofreu perdas tão terríveis nas primeiras semanas da guerra.
A avaliação justa de 22 de junho de 1941 é essa: dois tiranos socialistas (um com preconceito de classe, o outro – da raça) dividiram a Europa sob duas bandeiras vermelhas – colocando-os em campos de concentração e matando todos os que discordassem, impondo a sua ditadura no mundo. Em algum momento eles não conseguiram dividir “por bem” alguma coisa e começaram uma nova fase da guerra pela dominação da Europa – dando origens à destruição, sacrifício e infortúnio...
Fotos e imagens: arquivo | ua-travels | Texto: Maxim Mirovich
(e neste Blog adaptado)
Orignalmente em https://ucrania-mozambique.blogspot.com/2019/06/o-que-realmente-aconteceu-na-urss-em-22.html?fbclid=IwAR0WdlAMh0isUcb9xkCh9r357Y0-68wmtXJkBZ5HGwDmMXVa8G6dlSRR5vU
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