Lucília Coutinho |
Após a invasão, o abade Chantavoine nunca mais tocou o sino da igreja, embora não tenha se negado a receber e alimentar os soldados, tendo mesmo aceitado o convite do comandante para beber em sua companhia. Mas ele não permitia o mínimo tilintar do sino para manter sua resistência silenciosa contra a invasão e foi apoiado pelos habitantes, enquanto os prussianos se riam dessa coragem inofensiva.
Numa ocasião, os oficiais estrangeiros requisitaram aos subalternos cinco jovens para passar a noite e, após alguns entreveros na noitada, uma delas, a judia Rachel, matou o comandante com uma faca e fugiu. As outras foram feitas prisioneiras e a tropa saiu em busca da fugitiva, sem sucesso.
No dia seguinte, o abade foi chamado e foi-lhe solicitado que tocasse o sino, a que assentiu imediatamente: o sino tocou o dia inteiro, a noite inteira, depois continuou a ser tocado a qualquer hora e com muita frequência.
Finalmente, após a partida dos invasores, o bom padre conduziu ele mesmo a jovem judia a quem ocultara e alimentara na torre do sino até as portas de Rouen. Lá chegando, ele a abraçou e ela se foi.
Mais tarde, ela foi esposada por um patriota sem preconceitos que a amou por sua boa ação e fez dela uma dama de valor.
...
Tem spoiler, mas vale a pena ler o conto.
0 Comentários