Por que a grande mídia se interessou tão pouco pelo martírio do menino acreano?
Um dos textos mais lidos na Avenida Paraná até hoje foi um dos que menos eu gostaria de ter escrito. Trata-se da coluna intitulada “O martírio do menino Rhuan”, publicada há duas semanas. Por seis dias, a crônica sobre o assassinato do menino acreano permaneceu em primeiro lugar no ranking das matérias mais acessadas no site da Folha de Londrina. Nos quatro dias seguintes, o texto continuou entre os cinco mais lidos do jornal. “O martírio do menino Rhuan” chegou a ser publicado pela ACI Digital, um dos maiores sites católico do mundo, e ganhou até uma versão em espanhol.
E, no entanto, nada disso me alegra. A imagem do menino martirizado pela própria mãe e sua companheira não me sai da cabeça; é uma dor que continuarei levando por muito tempo dentro da minha alma.
Além da tristeza, uma pergunta me incomoda. Por que a grande mídia — sobretudo os veículos do eixo Rio-São Paulo — não deu a devida atenção a Rhuan? Um estranhíssimo cordão de silêncio se formou em torno desse garotinho que teve o pênis decepado, levou doze facadas e foi degolado vivo pela mãe, enquanto era imobilizado pela madrasta.
Rhuan merece ter a sua vida contada em livro, em filme, em canção. E isso por um motivo muito simples: as pessoas não se comovem e não agem por causa de notícias de jornal ou argumentos racionais. Qualquer ser humano racionalmente condenará o crime do qual Rhuan foi vítima. Mas, para que o martírio do menino não se repita, é preciso mais do que isso: é preciso uma mudança de alma. E só as grandes criações do espírito são capazes de provocar essa mudança. Precisamos ter a coragem de imaginar o mal para vencê-lo.
Rhuan não foi vítima de um simples crime; ele morreu como resultado de uma concepção ideológica doentia. Pelas mãos das cruéis assassinas, matou-o um sistema de mentiras, um projeto de mundo chamado ideologia de gênero. Enquanto as pessoas não forem capazes de entender o mal que se esconde nesse projeto de mundo — muito bem definido por um teólogo como “colonização da espécie humana” —, nossas crianças continuarão vulneráveis. E poderão — Deus não permita! — sofrer um destino semelhante.
Pouco se fala de Rhuan porque a sua morte não é interessante para avançar a agenda dos autonomeados transformadores do mundo. Rhuan não é um bom assunto para os militantes, para os lacradores, para os justiceiros sociais. Rhuan atrapalha os planos da esquerda e dos globalistas.
Em 1959, o escritor americano Truman Capote interessou-se por um caso chocante: o assassinato de uma família de fazendeiros no Kansas. Penso em fazer o mesmo que Capote fez: com a caneta e o caderno nas mãos, tentar descrever a face do mal em um livro. Capote escreveu “A Sangue Frio”. Não tenho o talento nem a vocação do grande escritor, mas gostaria de, um dia, publicar um livro sobre Rhuan. E o último capítulo desse livro seria feliz, pois mostraria o encontro de Rhuan com a sua verdadeira Mãe no Reino de Deus.
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