Tudo ia bem durante os primeiros anos até que, um belo dia, um sujeito desse povo avançado falou algo que desagradou aos controladores do chip de tudo. Uma bobagem de nada. Ah, mas você sabe como são os sentimentos humanos, não? O burocrata controlador sentiu-se ofendido em sua estação de trabalho e, por meio de um rápido memorando muito bem preenchido, obteve uma autorização instantânea para desativar por algum tempo o “chip de tudo” daquele falastrão. Na rua, ao tentar acessar a Internet por puro entretenimento enquanto saia do trabalho, o “falastrão” viu que estava bloqueado. “por favor, reapresente seus dados de log in digital”, avisava a tela do equipamento sofisticado. Ao chamar um táxi para ir para casa, viu que suas autorizações de crédito haviam desaparecido. Até mesmo seu saldo no banco eletrônico não estava mais lá. Ao tentar abrir a porta de casa, o alarme soou e a polícia veio para ver o que estava acontecendo. “O Sr. tem certeza de que mora aí?”, perguntaram os oficiais da lei. Em uma crise aguda de ansiedade, o homem do chip de tudo foi levado ao hospital, onde teve o atendimento recusado por falta de identificação pessoal adequada. “Lamentamos o inconveniente, caro cidadão, mas este é o novo protocolo operacional previsto em Lei, como o Sr. bem sabe…”. Por sorte, ninguém soube do problema. Ou, quem soube, evitou com grande cuidado falar qualquer coisa a respeito. Afinal, quem mais queria arriscar um block em seu maravilhoso “chip de tudo”? E viveram todos felizes para sempre.
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