Redesenhando - nada solto, todo necessário:

A multiplicação de entidades, meios de comunicação, noticiários, artistas e afins repetindo a frase de permanência em casa durante a crise com o covid-19 (iniciada na China e irresponsavelmente tratada em sua disseminação pelo governo comunista chinês) de maneira estanque, sem trazer com O MESMO PESO, IMPORTÂNCIA as exceções econômicas que darão continuidade financeira no cuidado com as pessoas; de outras doenças mais letais, necessárias de imediatos cuidados; da disparidade de condições de alguém na classe média ou alta para alguém que resida em uma favela; da ineficiência humana, por mais solícita que seja, que faz chegar socorro a alguns e outros não, e esses outros precisam fazer algo por não serem ajudados; por esse todo necessário e nada solto que redesenho este tempo de hipnotismo autoimposto:

1. Canção Across the Universe, em um trecho significativo: "Jai Guru Deva, Om / Nothing's gonna change my world" - o mantra, no primeiro verso, usado para levar o adepto a outra dimensão e ausentar-se da REALIDADE. O segundo verso - Nada mudará meu mundo. E o do outro? Que se exploda, na cabeça de quem pensou bem sobre isso (os que lucram com o vírus chinês e os que levam o cérebro em "modo avião" nestes dias).


Jogo Pong
2. Não levar em consideração o lockdown vertical, imaginando no horizontal todos os problemas solucionados e, crendo os que defendam o primeiro estarem querendo o mal é na verdade projetar no outro o que acredita de si. Freud explica. 
É algo semelhante ao jogo Pong, que só permite um gol de cada vez.


3. Trechos de O Quinze, escrito por Rachel de Queiroz:

"Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.
– Mãezinha, cadê a janta?
– Cala a boca, menino! Já vem! 

– Vem lá o quê!...
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos... nem um triste vintém azinhavrado...
 

Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:
– Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo de compadecido...
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e indiferente, estendeu a mão com avidez.
Contudo, que representava aquilo para tanta gente?
Horas depois, os meninos gemiam:
– Mãe, tou com fome de novo...
– Vai dormir, dianho! Parece que tá espritado! Soca um quarto de rapadura no bucho e ainda fala em fome! Vai dormir!


A "alminha santa" que acha "sensato" TODOS ficarem em casa nem faz ideia (será?) da complexidade da vida humana para além do seu celular, notebook, café com pão e manteiga e mais umas coisinhas.

O texto não é para você deixar de se cuidar (redesenhando), mas também para cuidar dos outros que podem cuidar de você ou não podem se cuidar como você ou com você.

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