Velha imprensa, a linguagem como manipulação








Há um odor nauseante que exala da imprensa, da mídia em geral, produzido pela forma como a linguagem é usada.

A língua realmente apodrece quando os lugares-comuns predominam.

O uso exagerado do clichê, do lugar-comum, não revela só que jornalistas e colunistas não sabem escrever. Se fosse apenas isso, a solução seria fácil. O grande problema, a questão mais dramática, escondida sob o clichê, é a manipulação.

O lugar-comum, e também o jargão, servem perfeitamente a esse trabalho de conduzir o raciocínio do leitor, de viciar nossa forma de entender a realidade, de esconder pormenores que, conhecidos, iluminariam nossa compreensão.

A mídia produz, sim, mentiras cruas. Mas sabe envolver o leitor numa rede de ideias prontas, de conceitos cujo sentido foi transformado pela ideologia.

Jornalistas e colunistas, com raras exceções, consideram-se uma casta intelectualmente privilegiada, uma casta de iluminados que sabem o que é melhor para todos nós. Essas criaturas não estão preocupadas com a verdade ou com os fatos — mas são impregnadas da certeza de que é necessário controlar a opinião pública.

Ou seja, são déspotas.

E são déspotas porque o uso da linguagem para iludir as pessoas é uma forma de despotismo. O clichê e o jargão são formas de abuso de autoridade.

Não por outro motivo, são recursos utilizados por todos os déspotas — e também por todos os populistas e demagogos, que nada mais são do que candidatos a déspotas.

Com essas criaturas não há diálogo — apenas por um motivo: elas não sabem o que é trocar ideias, não desejam dialogar. O diálogo, para elas, é, por princípio, uma degradação, uma forma de submissão ao que os outros pensam.

Então só nos restam duas opções, ambas muito amáveis: crítica visceral e desprezo absoluto.

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