Rússia: Prigozhin X Putin X Outros: O serviçal do banquinho


 



Na Inglaterra do século XVI, época do rei Henrique VIII, o "groom of the stool" - serviçal do banquinho, mais tarde chamado "garçom das fezes", tinha a posição mais próxima do monarca. A desagradável higienização praticada por tal servo lhe conferia a mais alta conta pela intimidade, confidencialidade nos negócios internos (literalmente) e externos de estado.

Não se engane: embora causasse ojeriza, era posição desejada pelos privilégios apontados acima; isso garantia ascendência na corte.

Na Rússia atual, fazendo uma relação com o que foi apresentado, o ex-presidiário, mafioso (aqui não cabem elogios, ou críticas, são meras descrições), chefe de cozinha de Vladimir Putin galgou posições e, hoje, o dono de um exército particular, seus mercenários, supostamente volta-se ao superior para destroná-lo. Não fazendo acusações diretas, critica subordinados militares de lhe criar problema, atacar-lhe na frente de combate, atirar contra seu Wagner Group, então tomando por uma guerra interna, move efetivos para o país beligerante a seus comandados.

Imagens, vídeos circulam nas redes sociais atribuindo controle, conflito entre o Wagner e as forças russas, sendo maior parte delas apresentando um golpe de Yevgeny Prigozhin ao Vladimir Putin.

Há de se considerar (se ainda não foi), fazendo um esforço mental para isso, que a Rússia no nome, porém União Soviética no sentimento e demonstrações, tem suas estratégias tomadas a cabo por uma vasta experiência em espionagem, contraespionagem, operações psicológicas, tornando a conclusão difícil:

1. Ou Putin planejou essa ação com o Prigozhin (como feito dias antes, por conta das munições que demoraram a chegar aos mercenários) para desviar o foco do conflito no momento, por conta de pesadas derrotas e recuos do exército russo, cuja dificuldade no terreno soma-se ao problema de comunicação da cadeia de comando, sendo os oficiais subalternos temerosos de divulgar algum revés aos superiores que, por sua vez temem dizê-lo ao chefe de estado;

2. Ou, somando-se os aspectos do ponto 1 à estratégia de limpeza do oficialato incompetente, ou não-alinhado ao Vladimir, dentro da Rússia e no front. Esse tipo de expediente foi largamente praticado por Stálin, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, quando incentivou disputas entres seus generais para saber qual chegaria primeiro a Berlim e, bem antes disso, quando assassinou generais que discordavam da estratégia do ditador no trato com os alemães;

3. Ou Prigozhin fez as contas, aliados (até de fora do país) e acredita que pode assumir o controle da Rússia.

De uma maneira, ou de outra, Prigozhin está limpando o “traseiro” de alguém. Seu, ou de outrem.

Em adição, os partidos pró, contra e indefinidos quanto ao conflito brigam pelo controle da melhor conversa:

1. Os duginistas, adeptos do messianismo totalitário russo, muitos deles brasileiros proposital (contratados para a “missão”) ou ingenuamente (chamados popularmente de “emocionados”, termo para a passionalidade político-ideológica) alinhados expõem as glórias do império leste-oeste naquelas bandas. Um fato pouco mencionado é que a alegação de laboratórios produzindo armas biológicas na Ucrânia deixa passar que este país foi um satélite da Rússia, e boa parte dos laboratórios foram dessa época. Apenas passou-se de responsáveis – globalistas russos para os globalistas do metacapital. Enfim, tudo dentro de uma das pernas do controle mundial pela redução do "carbono" (entendedores entenderão);

2. Os adeptos do fabianismo, espalhados um tanto na Europa, outro nos EUA, outro em países-chave, com uma gigantesca parte do controle da mídia, tratam a invasão demonizando-a além da guerra, inclusive impedindo que qualquer referência à cultura russa, de qualquer época seja divulgada, valorizada, a exemplo de Tchaikovski, cuja culpa foi nascer na Rússia... No século XIX. Não espere algo mais que estupidez de identitários e seus fomentadores.

No fim das contas, outras pessoas podem ser garçons das fezes, até os que leem (puxa!). Vai saber.

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