COLOCAÇÃO PRONOMINAL




Topologia, sínclise pronominal são as palavras que também se usam para definir a colocação do pronome oblíquo átono em português, o qual, de acordo com a posição, antes, no meio ou depois do verbo receberá, respectivamente, os nomes proclítico, mesoclítico, enclítico:
“Se encontrares louvada uma beleza, Marília, não lhe invejes a ventura.” (Tomás Antônio Gonzaga) (próclise)
“Dir-se-ia que todos haviam fugido.” (mesóclise)
“Perdão, meu Pai, se em loucos desvarios manchei-te as cãs honradas da velhice.” (Casemiro de Abreu) (ênclise)

Ênclise
É a regra mais natural, pois, sendo o pronome o pronome oblíquo átono, precisa do apoio na forma verbal tônica. É usada com verbo iniciando a oração:
Trouxeram-nos apenas ontem as encomendas.
Faça-me o favor de não chegar atrasado para a reunião.
1. Não se inicia, portanto, oração com pronome oblíquo. É verdade que na linguagem coloquial (do povão, da rua), dizemos: “Me empresta o livro”, “Me leve embora”, mas são hábitos domésticos que não formam o padrão da língua culta.
2. Com gerúndios:
Começou a fala, atribuindo-se toda a culpa. Exceção: Se vier a preposição em ou a palavra não, ocorrerá a próclise:
Aprecio as flores naturais; não as havendo, uso as artificiais mesmo.
Em se tratando de poetas, conhecemos, muitas vezes, o conflito entre razão e sentimento.
3. Ela ainda ocorre com imperativos e com os infinitivos:
Dize-me, ensina-me: Que amor não se explica?
Fui feito para servir-te.

Próclise
1. Quando houver palavras de valor negativo:
Ninguém me contou que eles haviam sido expulsos do evento.
“Embarquei um ano depois, mas não a procurei.” (Machado de Assis)
2. Com relativos:
A vida que me oferece é vazia.
Os homens cujas idéias me fascinam surpreenderam o público.
3. Com pronomes indefinidos:
Alguém me procurou?
Todos nos pediram que trouxéssemos carne para o churrasco.
4. Com advérbios:
Ontem o vi no cinema.
5. Nas orações optativas:
Deus te leve e traga!
Oxalá ela se encontre!

Mesóclise
1. No futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo:
Na escola, festejar-se-á a semana da criança.
Amar-te-ia sempre, se me entendesses.

Resumo:
A ênclise: no início de orações; com gerúndios; com imperativos afirmativos e infinitivos.
A mesóclise: com o futuro do presente e com o futuro do pretérito (indicativo).
A próclise: com partículas que atraem pronomes: negação, conjunções subordinativas, relativos, indefinidos, advérbios e nas orações optativas.

Questão

Pronomes
“Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina lhe pediu:
- Me faz um favor?
- O quê?
- Você não vai ficar chateado?
- O que é?
- Não fala tão certo?
- Como assim?
- Você fala certo demais. Fica esquisito.
- Por quê?
- É que a turma repara. Sei lá, parece...
- Soberba?
- Olha aí, ‘soberba’. Se você falar soberba ninguém vai saber o que é. Não fala ‘soberba’. Nem ‘todavia’. Nem ‘outrossim’. E cuidado com os pronomes.
- Os pronomes? Não posso usá-los corretamente?
- Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram:
- Ó Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer ‘Não, é que, falando, sentir-me-ia vexado’, mas se conteve a tempo. Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
- Comigo você pode botar os pronomes ode quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.”
(Luis Fernando Veríssimo)

1. Em dois momentos no texto, Carlinhos usa os pronomes corretamente. Em um desses momentos é corrigido pela namorada, que deixa claro o que se espera, em uma situação de informalidade, como utilização “adequada” da colocação pronominal.

a) Quais os dois momentos e porque Carlinhos os usou?

b) Qual seria a utilização dos pronomes esperada pela turma e pela própria Carolina?

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