O Realismo / Naturalismo


(Iman Maleki, Lição)

O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo trata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco.
Realismo - Movimento artístico da segunda metade do século XIX. Caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a denúncia social. O realismo foi uma reação ao subjetivismo do romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo ideológico leva ao naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se confundem.

Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age.
A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava a transformação das espécies.
Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana.

Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista.
Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como o homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua natureza animal.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de Queirós com as obras O crime do padre Amaro e O primo Basílio, publicadas na década de 1870. Aluísio de Azevedo com a obra O mulato, publicada em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência.

Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista. Nessa obra o indivíduo é envolvido pelo meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das raças, a explosão da sexualidade, a violência e a exploração do homem.

Além de Aluízio de Azevedo e Eça de Queirós, existem outros escritores que se destacaram como Júlio Ribeiro com o romance A carne (1888); Adolfo Caminha com A normalista (1893) e O bom-crioulo; Raul Pompéia com O Ateneu (1888).

O Realismo nas Artes Plásticas - A tendência expressa-se sobretudo na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários, e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que "encara" o espectador.

Literatura - O realismo na Literatura manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance - social, psicológico e de tese - é a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.
Na passagem do romantismo para o realismo misturam-se aspectos das duas tendências. Um dos representantes dessa transição é o escritor e dramaturgo francês Honoré de Balzac (1799-1850), autor do conjunto de romances Comédia Humana. Outros autores importantes são os franceses Stendhal (1783-1842), que escreve O Vermelho e o Negro, e Prosper Merimée (1803-1870), autor de Carmen, além do russo Nikolay Gogol (1809-1852), autor de Almas Mortas.

O marco inicial do realismo na Literatura é o romance Madame Bovary, do francês Gustave Flaubert (1821-1880). Outros autores importantes são o russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), cuja obra-prima é Os Irmãos Karamazov; o português Eça de Queirós (1845-1900), que escreveu Os Maias (trilogia importante: Os Maias, O primo Basílio e O crime do padre Amaro); o russo Leon Tolstói (1828-1910), criador de Anna Karenina e Guerra e Paz; os ingleses Charles Dickens (1812-1870), autor de Oliver Twist, e Thomas Hardy (1840-1928), de Judas, o Obscuro.
A tendência desenvolve-se também no conto. Entre os mais importantes autores destacam-se o russo Tchekhov (1860-1904) e o francês Guy de Maupassant (1850-1893).

Teatro - Com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, A Dama das Camélias (1852), que trata da prostituição.
Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. São importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões.


REALISMO NO BRASIL - No Brasil, o realismo marca mais intensamente a literatura e o teatro.
Artes plásticas -Entre os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido com as classes populares, como em Caipira Picando Fumo.
Literatura -O realismo manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance é a principal forma de expressão, tornando-se veículo de crítica a instituições e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.
O realismo atrai vários escritores, alguns antes ligados ao romantismo. O marco é a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que faz uma análise crítica da sociedade da época. Ligados ao regionalismo destacam-se Manoel de Oliveira Paiva (1861-1892), autor de Dona Guidinha do Poço, e Domingos Olímpio (1860-1906), de Luzia-Homem.

Teatro - Os problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem passa a ser coloquial.
Entre os principais autores estão romancistas realistas, como Machado de Assis, que escreve Quase Ministro, e alguns românticos, como José de Alencar, com O Demônio Familiar, e Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), com Luxo e Vaidade. Outros nomes de peso são Artur de Azevedo (1855-1908), criador de comédias e operetas como A Capital Federal e O Dote, Quintino Bocaiúva

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4 Comentários

  1. MESTRE, ESTOU REALMENTE ENCANTADA COM A SUA CAPACIDADE INTELECTUAL... ÉS UM REFERÊNCIAL PARA MIM...

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  2. Qual o nome da tela, autor e o movimento artístico ? desde já obrigada :*

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