Pense nesta afirmação: "Época triste em que nós vivemos: é mais fácil quebrar a estrutura de um átomo do que a estrutura de um preconceito." (Albert Einstein)
Como nós delimitaremos um tema a a partir dessa afirmação? Como argumentar sobre o assunto?
Prioritariamente teremos que identificar o tema a respeito do qual se vai escrever, com a maior precisão possível. Não podemos escrever sem saber claramente sobre o que dissertar. No processo de argumentação é necessário compreender, contextualizar e definir o tema, o assunto a ser abordado. Quando se avalia um texto dissertativo, esse é o primeiro critério básico de correção, recebendo assim o nome de adequação ao tema.
Dois erros a evitar-se: redução e extrapolação. Redução quando se fala de uma parte, elemento do tema, em detrimento de outros, também presentes; extrapolação quando a argumentação ultrapassa os limites do tema proposto, tratando de assuntos não pertinentes. Se discutimos um assunto, um tema tipo: Como conciliar educação e cidadania em nosso país, neste início de século? Se discutirmos apenas um dos termos, cometeremos redução, se escrevermos mais do que os assuntos, praticaremos a extrapolação.
Exercício: Delimite o tema, reconheça o assunto abordado.
O homem, as viagens
O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.
(Carlos Drummond de Andrade)
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