Redação: Ler, interpretar e analisar o texto


Para que possamos ser escritores adequados temos que apurar nossa sensibilidade e inteligência de leitores. Algumas dicas: leia um texto identificando as ideias; perceba que tipo de texto está lendo e o modo como foi organizado; faça relações entre o que lê e o que pensa sobre o que está lendo; tire conclusões com o que foi lido.

Um exercício muito bom para desenvolver a capacidade de entender o que se lê é fazer um resumo do texto. Reproduzir as ideias principais em algumas linhas com as palavras próprias. Um método: faça uma primeira leitura do texto, para entrar em contato com as ideias, para ter uma primeira noção do conjunto. Em seguida, realize uma segunda leitura, anotando em folha à parte o que for mais significativo e as ideias principais do texto. A partir do que anotamos, fazemos o resumo. Importante é procurar ser o mais fiel possível ao pensamento do texto. Resumo não é comentário. Comentário é uma opinião, resumo é reprodução do conteúdo de modo sintético. Um bom resumo tem entre 20 a 25 por cento do todo e é claro, com nossa própria linguagem. Tendo feito o resumo, escreva um título.

Exercício – Faça um resumo deste texto:

Aquilo por que vivi

Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria de ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

BERTRAND RUSSEL

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