Uma criança passa por toda pessoa no coletivo a fim de receber alguma esmola. Ela entrega papéis com a mensagem de quase sempre, pedindo algo para si e para a família. Quantas centenas de vezes essa cena repetiu-se comigo? Estava perguntando-me enquanto ela vinha interrogando lá de trás. Ela passa por mim e não aceito o papel, a menina continua até o começo do ônibus e eu estou em um conflito interno, aquele que só é possível por haver uma mente maior, que inspira a decidir atitudes na vida: sustentar preguiçosos, evitar a marginalização, dar uma lição, ou: ajudar alguém, reconhecer-lhe a existência e deixar que o depois decida as vidas dela e das pessoas próximas, afinal eu não sei nada do ambiente daquela criatura, como poderia fazer um julgamento de verdade, só de fato e este muito raso.
Ela volta pelo corredor recolhendo os bilhetes e dinheiro. Chega bem próximo e eu lhe entrego algumas moedas. Ela muito atenta ao redor me diz:
- Você não pegou o papel!?
No que eu respondi:
- Eu não preciso de papel para lhe dar o dinheiro.
Com uma cara aparentemente satisfeita ela vai embora e ficou algo bem estabelecido, nem era uma pessoa que não me enxergava em meio a um ônibus cheio, nem eu mais julguei-a com indiferença.
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