Veja entrevista de Felipe Moura Brasil com Ricardo Augusto Felicio
Comentei em 11 de novembro de 2016:
Na última terça-feira (17 de janeiro de 2017), o Estadão publicou um artigo que vai nesta mesma linha de demonização anti-Trump com afetação de superioridade científica: “Marcha da insensatez“, de Moisés Naím, apresentado como escritor venezuelano e membro do Carnegie Endowment em Washington.
O artigo naturalmente foi compartilhado por jornalistas e demais propagandistas das “mudanças climáticas” e do “aquecimento global” provocados pelo homem.
Comentei na ocasião:
BuzzFeed é o site que divulgou o conteúdo do dossiê com alegações de informações comprometedoras sobre Trump, admitindo não ter verificado informação alguma, o que lhe rendeu críticas até da CNN, a famigerada “Clinton News Network”, que teve de distinguir a sua própria notícia daquela.
Além de usar um site acusado de Fake News como fonte estatística sobre Fake News, Moisés Naím escreveu os seguintes parágrafos nos quais este blog se baseou para fazer ao climatologista Ricardo Felicio, professor doutor da USP e autor do livro “Geopolítica do ozônio”, as perguntas que se seguem:
“(…) Entretanto, de todas as situações excepcionais que vimos tratando como ‘normais’ não há nenhuma mais ameaçadora do que o aquecimento global. O ano de 2016 foi o mais quente desde 1880. O recorde anterior foi registrado em 2015. Os dez anos mais quentes da história foram após 1998. Tornou-se normal que, a cada ano, a temperatura média da superfície do planeta seja mais alta.
Essa normalização da mudança climática chegou ao ponto em que o desaparecimento de enormes superfícies de gelo polar não causa muita comoção. Na mesma época em que Trump recebeu Kanye West, cientistas anunciavam que a calota de gelo polar havia se reduzido em tamanho equivalente à superfície da Índia.
Uma das pessoas que não se mostram alarmadas por essas transformações é Trump. O presidente eleito, negando provas científicas, afirmou que a mudança climática é uma fraude do governo chinês para prejudicar seu país. Antes, desprezar a ciência não era aceitável nem normal. Hoje, é. A normalização do excepcional ameaça a todos nós.”
Entrevista:
1) Felipe Moura Brasil: Quando os chamados “aquecimentistas” citam o derretimento de calota polar geralmente omitem que calotas também se formam, com frequência mais que derretem, como você costuma mostrar com dados. É verdade que, recentemente, “a calota de gelo polar havia se reduzido em tamanho equivalente à superfície da Índia”? Isto seria algum motivo de preocupação, como prega o autor do artigo?
Ricardo Felicio: Esse é o ponto mais interessante. A maior parte das notícias de “derretimento” de alguma coisa ocorre no verão relativo ao hemisfério em que se encontra. Em geral, no final do verão. Assim, quando acompanhamos as notícias de gelo que se desprende, Icebergs, recuo do mar congelado e coisas do gênero, notamos que elas ocorrem em fevereiro para março, no caso da Antártida, e agosto para setembro, no caso do Ártico. Especificamente para o hemisfério Norte, a calota polar derrete bastante durante o verão exatamente porque as temperaturas do ar ficam muitas vezes acima de zero graus Celsius e, assim, o mar descongela. Só que eles não mostram que, logo depois, tudo se recupera.
Decadalmente, há um balanço intrassazonal que deve ser avaliado e isto é feito ainda muito recentemente. Começou por volta de 1960, com o uso de satélites. Neste tempo todo, o que se viu foram ligeiros aumentos de 1960 a 1970, ligeiras reduções entre 1970 a 1998 e, agora, ligeiros aumentos até os tempos atuais, de modo que voltamos a ter gelo como no passado.
A NOAA e outras instituições, como o NSIDC, ou o Instituto Dinamarquês da Criosfera têm mostrado isto. O que observamos então são ciclos de diferentes amplitudes, tudo muito natural. Não podemos esquecer que, no caso da Antártida, em 2013 foram quebrados recordes de aumento de gelo estabelecidos nos anos 1980. Desde 2007 os valores de gelo e de baixas temperaturas por lá têm cada vez se mostrado mais presentes nos registros.
2) Felipe Moura Brasil: Citar genericamente a existência de “provas científicas” das “mudanças climáticas”, afetando desprezo a quem supostamente despreza a ciência, é um argumento de autoridade usado por autores que fogem ao confronto com cientistas que apontam embustes sobre o tema. Mudanças climáticas não ocorrem desde que o mundo é mundo? O que há de “excepcional” nessas supostas “transformações” e de “provas científicas” para a tese apocalíptica que muitos querem vender?
Ricardo Felicio: Sim, variabilidade climática é o tema principal da climatologia. Nunca um ano é igual ao outro, nem mesmo verões, invernos etc. A mente humana é curta para esses eventos.
Já esquecemos que o verão de 2014 foi muito quente nas regiões Centro e Sudeste do Brasil, mas por ausência de nuvens e chuvas, que se concentraram em outros lugares do país. No verão de 2015, ao contrário, recordes de precipitação foram batidos nos mesmos lugares onde um ano antes não choveu. E isto não é nenhuma prova de que os eventos extremos serão mais intensos. Aliás, isto não prova nada.
Dados climáticos que remontam a era dos Vikings mostram que o regime de chuvas e as secas do século 20 não tiveram nada de excepcional, exatamente como o início do século XXI. Pelo contrário, pois essas variações estiveram mais intensas nos séculos anteriores, como mostrou o Prof. Ljungqvist, da Universidade de Estocolmo, em artigo de 2016.
Aliás, duvido muito que este ano de 2016 tenha sido o mais quente de todos os tempos. Pelo que eu vejo pelos dados do Prof. Spencer e do Prof. John Christy, que trabalham com dados de temperatura da superfície e da baixa troposfera, a primeira camada da atmosfera, ele se igualou ao mesmo evento severo de El Niño de 1998-1999, lembrando que também tivemos um El Niño bastante pronunciado para o ano passado.
Quando vemos que as diferenças são da ordem de 0,1ºC para instrumentos que têm erros de medida da ordem de 1,0ºC e diversos processamentos matemáticos e estatísticos que propagam os erros, aumentando-os, afirmar que esquentou 0,1ºC é muita pretensão ao meu ver.
Soma-se a isto a contaminação política que os dados passaram a receber recentemente, como ficou evidente com as séries de dados atuais da NASA que não batem com as mesmas séries de 15 anos atrás, onde seus registros receberam “correções” para evidenciar aumentos de temperaturas.
Do mesmo modo, dizer que os anos do século XXI são mais quentes que os anteriores não tem sustentação científica, pois os dados não mostram isto, com 2000, 2004, 2007, 2011 e 2013 mais frios.
Isto me lembra a falácia que o Instituto Goddard de Estudos do Espaço, departamento da NASA, fez no passado. Uma tabela do já famoso “corretor de dados”, Sr. James Hansen, quando publicou, em 2007, quais foram os dez anos mais quentes, elencando seis anos do final do século XX e início do XXI como os mais quentes da história e depois teve de se retratar, mostrando que apenas três o tinham sido de fato, mas perderam para a posição suprema do ano de 1934, que duvido que tenha sido desbancado por 2016.
Só para se ter uma ideia, nos anos de 1930, o “mundo estava fervendo” e a histeria aquecimentista estava também em alta.
Enfim, as variações vão continuar, com ou sem Homem na Terra. Dizer que os seres humanos conseguem mudar o clima do planeta continua a ser um enorme embuste, só sendo possível de ser provado nos modelos falaciosos de computador que só sabem simular o falso “efeito estufa” e não os reais controladores do clima terrestre. Culpar o Homem por qualquer coisa que aconteça no tempo e clima terrestres virou obsessão.
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Este blog recomenda todos os vídeos de entrevistas em programas de TV (incluindo o do Jô), palestras e debates com Ricardo Felicio, que podem ser vistos AQUI.
Felipe Moura Brasil
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