Olhar Internacional - A respeito da ação recente na Síria:

Trump e Síria: apoiado por inimigos, atacado por seguidores e pela alt-right. O que sabemos até agora:
- Alguns dos mais ferrenhos críticos de Donald J. Trump estão apoiando a ação na Síria: Hillary Clinton, muitos democratas, a "comunidade internacional", John McCain, Marco Rubio e diversos Never Trumpers como Ben Shapiro.

- Apoiadores que continuam apoiando: os comentaristas da Fox News, Mark Levin, Laura Ingraham, entre outros.
- Alguns dos mais fiéis apoiadores de Trump não estão apenas criticando, estão berrando que tiraram seu apoio. Wikileaks também está contra.

As motivações dos críticos são diferentes, por isso não caia no erro de avaliar toda a oposição em bloco.
1) Os "russos"
A turma do InfoWars (Alex Jones e Paul Joseph Watson) está radicalmente contra, é o lado mais histérico. Watson berrou que está fora do barco trumpista oficialmente. O site é normalmente acusado de ligações com a Rússia e sua oposição instantânea e destemperada reforça as suspeitas.
O Wikileaks, outro que é sempre visto como serviçal dos interesses russos, também está radicalmente contra e pelo mesmo motivo: Trump teria sido enganado pelo complexo militar e pela burocracia governamental.
Outro que costuma estar contra a política externa intervencionista americana e ser associado aos russos é Ron Paul. Sua posição contrária não é surpresa para ninguém.
É uma crítica que lembra os tempos da Guerra Fria quando toda ação militar americana era alvo dos porta-vozes da URSS na imprensa ocidental.


2) O Estrategista
Scott Adams, o analista com o maior índice de acertos quando o assunto é Trump, previu o ataque e acredita que tudo não passa de um jogo de cena.
Ele acredita que Assad não é o responsável pelo uso de armas químicas, que foi tudo armado para justificar a ação militar, que também seria "fake", ou seja, algo apenas para unir o país internamente e parecer durão para o mundo.
A capacidade de Scott Adams de prever o futuro é algo realmente espantoso. Qualquer um que queria saber o que vai acontecer deve ficar ligado no que ele diz.
O curioso é que Adams parece aprovar o ataque, mesmo considerando que a motivação foi forjada.

3) O Estatístico
Nassim Nicholas Taleb não está convencido de que Assad usou armas químicas nos últimos dias. Ele alega que está analisando as probabilidades e que é muito difícil acreditar que Assad cometeria um erro tão óbvio.
Taleb assume a posição de que analistas sérios e isentos ainda não possuem informações suficientes para ter certeza do que aconteceu e que todos podem estar sendo enganados pelas aparências. Ele recomenda cautela e racionalidade neste momento.

4) Os Conspiracionistas
O imprevisível e polêmico Mike Cernovich, que coleciona acertos admiráveis, mas também tiros no escuro, é outro que acha que Trump caiu numa armadilha e está contra.
Cernovich está sempre circulando teorias e versões de fontes não reveladas e é preciso um certo ceticismo sobre o que ele fala, mas é um comentarista que merece sempre atenção.

5) Os Isolacionistas
Ann Coulter está revoltada por achar que Trump está destruindo a própria presidência ao tirar o foco dos problemas internos. Seu foco obsessivo pela imigração explica.
Stefan Molyneux também está contra. Ele costuma estar alinhado com os isolacionistas quando o assunto é intervenção militar americana e desta vez não foi diferente.
O Breitbart, que serve de porta-voz para Steve Bannon, também está contra. A motivação ainda não é clara.

Ainda está cedo para certezas. Taleb tem toda razão ao sugerir que a melhor postura no momento é de prudência.

É uma pena ver o desespero de muita gente em se posicionar de forma definitiva, de ser o farol em meio ao maremoto, e por isso acaba abraçando qualquer teoria desde que ela ajude a fazer seu propagador soar como alguém que "sabe das coisas".

Uma má notícia aos sabichões: neste momento, ninguém pode ter certeza absoluta de nada. Quem falar que tem é mentiroso, iludido, inocente ou louco.

Vamos acompanhar.

Por Alexandre Borges.

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