Para o SLM na Política - Olhar aguçado, não coisa de louco:

Talvez seu primeiro pensamento quanto ao título seja a respeito do Boca, homem que fica esmolando em frente à prefeitura e à Câmara. Ele, que pede um real aqui, outro acolá, às vezes recebe, outros momentos escuta desculpas dos que ele pede, porém quem acha que ele não tem juízo, ainda não reparou que a tremedeira das mãos se intensifica quando se aproxima de alguém que queira pedir. Isso eu já vi nem uma, nem duas, mas muitas vezes.

Ele não pede apenas finança; cigarros e alimentos são bem-vindos, desde que os receba logo, pois se algum dos interpelados promete para depois, assim que se afasta, Boca logo atira: "Esse ladrão num qué me dá!". Quem está próximo e escuta, ri, atribui essas atitudes como tresloucadas. Eu não me dou a esse comportamento jocoso, já entendi bem. Ele tem alguma dificuldade mental, mas não é nada, nada burro, nem doido nesses assuntos.  

Digo isso por observação e experiência. A quem nunca lhe deu nada, a um homem de aparência saudável (não confunda com beleza) e de um corpanzil daqueles, não é pedido. A informação fica registrada no cérebro dele. Não me cedeu nenhuma vez, não o fará em outros momentos, pensa, e ele segue com os outros que se compadecem.

O leitor que ainda não "ligou os pontos" até agora, pode não ter entendido que faço um elogio ao pedinte, ainda que estranho, mas sim, que consegue enrolar quem aparenta mais juízo que ele. Boca é mais esperto que a maioria dos ursos, como diria o Zé Colmeia. Ele faz a demonstração manual, fala engrolado e, pimba! Trocadinho na mão.

Sigamos. A ação esperta (aqui, a que detecta a malandragem), boa e correta deve ser a mesma quanto à população comum, não a da petição, mas da inteligência sobre o que ocorre na cidade. Esse olhar não deve ser voltado apenas aos que estão no poder, caso desandem ou não de suas funções. Desafortunadamente observar o redor "comum" faz parte do exercício e prática para que você não enlouqueça no espírito de parte da polis são-lourencense.

Havia um vereador que vez ou outra, das raras que falava, apresentava essa face ruim do popular, do morador local. Daquela falta de compromisso ético que deveria começar "de baixo". Todas as vezes que ouvi, concordei, mesmo que fosse truque retórico do edil (a fim de desviar de si qualquer cobrança justa), porém sempre salientando que não é pandêmico (a todos), mas endêmico (a alguns e certos grupos). 

Precisamos, sim, nos prevenir ou não convivendo diretamente, ou deixando claro nas nossas atitudes que reprovamos em qualquer esfera social, mesmo que muito perto, sobre essa "lei de Gerson", porque em algum momento não seremos o tal da lei e, reclamando, não passará de dúbia lamúria e desprezado reclamo.

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