QUEM MATOU SETH RICH?

Por Filipe G. Martins.

Um assessor político insatisfeito, assombrado por questionamentos éticos e que, ao que tudo indica, pode ter vazado informações comprometedoras sobre os seus patrões, é assassinado por dois homens enquanto voltava para sua casa. Sua morte, causada por dois tiros na nuca, permanece um mistério e tem sido explicada como o resultado colateral de um assalto, embora nenhum de seus pertences tenha sido levado pelos assassinos.

Adicionem à história o nome de um candidato presidencial, o diretório nacional de um partido cercado por escândalos, e um vazamento de e-mails de grande relevância para a disputa eleitoral mais importante do século, e nós temos uma história que, em tempos normais, atrairia a atenção de toda sorte de jornalistas investigativos e receberia uma intensa cobertura da mídia.

Infelizmente, não é o que está acontecendo com a morte de Seth Rich, um jovem apoiador do Senador Bernie Sanders que trabalhava para o Partido Democrata e que é apontado como um dos possíveis responsáveis pelo vazamento dos e-mails que tornaram públicos os podres e os crimes da elite democrata.

Toda tentativa de dar atenção ao caso tem sido tratada como inaceitável, sendo enfaticamente combatida e castigada. Os mesmos jornalistas que atribuem a vitória de Donald Trump aos russos, aderindo a uma das teorias mais malucas de todos os tempos, tratam qualquer pessoa que ousa manifestar o seu desejo de ver o caso esclarecido como um teórico da conspiração, daqueles que usam capacete de alumínio e acreditam que a terra é plana.

Para esses jornalistas, de nada adianta lembrar que os computadores do Diretório Nacional do Partido Democrata jamais foram analisados por agentes federais, ou por investigadores independentes, e que toda a grita em torno da interferência dos "russos" se baseia em considerações, de segunda mão, sobre um diagnóstico feito por uma pessoa contratada pelos democratas para analisar seus computadores. De nada adianta lembrar que Julian Assange, fundador do WikiLeaks e divulgador dos e-mais vazados, garantiu que a Rússia não está por trás do vazamento e que o mesmo Assange deu a entender que sua fonte pode mesmo ter sido o Seth Rich. De nada adianta lembrar ainda que o crime continua um mistério e que até o momento as autoridades se negaram a esclarecer se há evidências de que o jovem assassinado mantinha contato com o WikiLeaks (como atestam fontes e investigadores independentes). Para a grande mídia só importa lançar uma cortinada de fumaça sobre o caso e mantê-lo tão longe do grande público quanto possível.

A idéia de que o vazamento dos e-mails do Diretório Nacional do Partido Democrata foi um "inside job" continua sendo apenas uma hipótese, ao menos até que surjam evidências mais sólidas, mas não há nada que torne essa hipótese menos digna de atenção do que a idéia (maluca) de que tudo não passou de uma conspiração entre o governo russo e o atual presidente americano. E o fato de que a hipótese "Seth Rich" é ridicularizada pela mesma mídia que trata a hipótese "russos" com a certeza de quem afirma que dois mais são quatro só torna a história toda ainda mais suspeita, elevando consideravelmente a necessidade de que novas investigações sejam realizadas. Talvez seja por isso que o WikiLeaks e outras organizações independentes estão oferecendo cerca de trezentos mil dólares por informações que possam ajudar a esclarecer o caso enquanto o Partido Democrata e a grande mídia não estão oferecendo nada além de ataques sórdidos contra quem ousa mencionar o assunto.


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