Esse é o início da história que passo a narrar em discurso indireto. Pois bem, eu sou a “senhora” e a “moça” é essa da foto. Conversei com ela hoje no farol da Rua Otaviano Costa com a Avenida Ernesto Vilela, em Ponta Grossa PR, sob o sol escaldante das 14 horas. Quando sinal fechou, ela se apresentou à janela do meu carro com o cestinho de bolo frito que, dependendo da região recebe o nome cueca virada, crostoli, grostoli, orelha de gato, cavaquinho....enfim. Estava sem troco algum e ela disse que quando está no farol, não tem tempo pra troco, por isso, vende seus produtos a “qualquer preço”, assim , todo mundo compra, pagando com que dinheiro que tem e acha justo. Reparem no “quando”... ela deve vender em outros lugares também, deduzo agora. Eu disse, como assim, qualquer preço? Só tenho um moeda aqui... e se pessoa te pagar 0,25, 0,50 o pacote, você aceita? Ela disse que sim, porque como ela mesma havia dito, era qualquer preço! Perguntei se alguém já havia lhe pago esse valor. Ela disse que não. E quanto te pagam o pacotinho, perguntei? Ela respondeu que entre R$ 1,50/ 2,00/ 2,50 e 3,00. Considerei R$ 2,50 o razoável e fiz a conta mentalmente de quantos pacotes eu deveria pegar pela minha nota. Nesse ínterim, descobri que ela é maior de idade, terminou o ensino médio na escola tal e está desempregada. E no minuto de conversa, impressionada com o senso comercial da moça, quis lhe dar meu cartão pra ela entrar em contato comigo, mas estava sem; Também não achei caneta, mas mesmo que quisesse anotar não daria tempo pois sei que esses polacos de Ponta Grossa só têm no nome as consoantes X, Y e W, nomes enormes e quase nem vogais. Enquanto o sinal não abria, perguntei se ela consentia que tirasse uma foto dela com o celular pra eu tentar achá-la depois, pela foto, no colégio em que ela estudou, ela disse que sim. Então, eis a moça! Eu nunca a vi nesse sinal, mas vou procurá-la na secretaria da escola pela foto. Não sei o que poderei fazer por ela. Só posso empregar uma pessoa e a vaga está bem ocupada. Mas, do mesmo modo que ela pensou em algo, com tanto ânimo e simpatia, também vou pensar em algo, dentro das minhas possibilidades. Penso em orientá-la, imprimir seus currículos, quem sabe uma roupa nova pra entrevista de emprego, ajuda no transporte, indicações, não sei ainda, mas hei de fazer alguma coisa por ela. Um minuto senhores, ou menos... para eu, pelo por hoje, acreditar que esse país ainda tem jeito. E porque estou contando isso? Pra vocês se animarem também!!!
Iolanda Dos Anjos Chini
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