O homem moderno, ensina Chesterton, tende a desprezar as coisas simples em nome das coisas complexas; as coisas familiares em nome das coisas desconhecidas; as coisas testadas em nome das não testadas; ele possui, em suma, uma certa obsessão com tudo o que lhe pareça novidade. E essa obsessão se revela de modo muito claro em nossa relação com as cores: o homem moderno adiciona umas pitadinhas de cinza a uma cor existente e acredita ter produzido uma cor mais refinada; o homem moderno combina duas cores para criar uma terceira e, orgulhoso de sua originalidade, a chama de "diferente" ou de "nova"; ele se entrega a essa busca pela novidade sem se dar conta de que, no fundo, todas essas novas cores e suas combinações remetem às cores primárias, sem as quais não existiriam e das quais não são senão uma forma útil ou esteticamente conveniente de corrupção. As cores mais puras, as cores mais reais, as cores mais importantes e mais necessárias — conclui Chesterton — são as cores primárias.
Do mesmo modo, as verdades mais puras, as verdades mais reais, as verdades mais importantes e mais necessárias são as velhas verdades perenes, das quais os modismos não são senão corrupções e diluições.
Para ajustar (ou, antes, reajustar) sua percepção corrompida o homem moderno deve buscar apreender o valor dessas verdades primeiras e entender que é preciso priorizar o familiar ao desconhecido, o testado ao não testado, o simples ao complexo e, principalmente, o eterno ao perecível.
Estamos iniciando um novo ano, cheios de expectativas e com uma infinidade de possibilidades diante de nós; e o início deste novo ano me traz à memória um relato contido no livro dos atos dos apóstolos; um relato que nos conta sobre certo grupo de atenienses que "de nenhuma outra coisa se ocupava, senão de dizer e ouvir alguma novidade" e que, ouvindo falar de nosso Senhor Jesus Cristo, não deu ao assunto a mais mínima atenção.
O erro desses nossos antepassados não era a falta de informação — eles certamente estavam atualizados em relação aos últimos acontecimentos. O erro deles estava na incapacidade de reconhecer e reter as verdades eternas que devem ser colocadas como fundamento de qualquer edifício existencial. O erro estava, em suma, na incapacidade de reconhecer a Verdade.
O ano que passou foi um ano de notícias e inquietação, um ano conturbado e cheio de acontecimentos, um ano em que a maioria de nós de nenhuma outra coisa se ocupou senão de dizer e ouvir novidades. As notícias imperaram soberanas e ocuparam um lugar amplo em nossas mentes e almas. Que 2018, mesmo sendo ano de eleições e de outros grandes eventos, seja diferente! Que possamos voltar à simplicidade das verdades primeiras; que possamos substituir as notícias e os artigos do momento pelos clássicos da literatura; que possamos substituir a música da estação pelos compositores consagrados; que possamos substituir os contatos superficiais da internet pela dedicação às nossas famílias e àqueles que nos cercam; e, acima de tudo, que possamos fazer tudo isso sem perder de vista as verdades eternas reveladas a nós na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo. Que em 2018 a dispersão das notícias e das novidades dê lugar à integração da vida real e das verdades perenes! Que neste ano os afazeres e as atribulações do dia a dia não nos façam perder de vista a Verdade!
Filipe G. Martins
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