Pessoas com alguma educação superior (coisa praticamente inexistente no Brasil) sabem que, em geral, concordar ou discordar não têm a mais mínima importância. Compreender, analisar, aprofundar, comparar, atenuar, ampliar, contextualizar – estas são as reações básicas do leitor culto. O idiota, ao contrário, imagina que tudo o que se escreve no mundo existe só para que ele o julgue, aplauda ou condene — atividades às quais ele se entrega com uma presteza e uma volúpia incomparáveis.
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A impropriedade vocabular assinala sempre a confusão mental. Até hoje não encontrei neste país um só palpiteiro profissional que compreendesse, ao menos, que de um juízo de fato não cabe “concordar” ou “discordar”. Concordância e discordância só existem em matéria de opiniões, de valorações, de propostas. Se uma asserção factual é falsa, quem discorda dela são os fatos, não o leitor.
É perfeitamente possível você concordar com um conjunto de afirmações – ou discordar – sem entender uma só palavra do que ali está dito. Concordância ou discordância são sentimentos. O sentimento nunca diz nada sobre o objeto percebido, só sobre o estado do sujeito que percebe.
O sentimento é um termômetro do seu estado interior, não uma régua para medir a realidade. Como no Brasil todo mundo só escreve para concordar ou discordar, isto é, para expressar sentimentos, a conclusão inevitável é que cada um só fala de si mesmo, não de alguma coisa."
É perfeitamente possível você concordar com um conjunto de afirmações – ou discordar – sem entender uma só palavra do que ali está dito. Concordância ou discordância são sentimentos. O sentimento nunca diz nada sobre o objeto percebido, só sobre o estado do sujeito que percebe.
O sentimento é um termômetro do seu estado interior, não uma régua para medir a realidade. Como no Brasil todo mundo só escreve para concordar ou discordar, isto é, para expressar sentimentos, a conclusão inevitável é que cada um só fala de si mesmo, não de alguma coisa."
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