Leandro Ruschel - A questão nunca é a questão, é a revolução:

Poucas pessoas perceberam de forma tão clara a forma de agir da esquerda quanto David Horowitz, até porque ele foi um integrante da esquerda radical por muitos anos.

Lembre dessa frase quando você estiver acompanhando a cobertura da imprensa ou o desenrolar de qualquer ação política.

Existem duas forças em guerra no mundo hoje. De um lado temos a esquerda que possui o objetivo não manifesto de destruir a Civilização Ocidental. Seus integrantes percebem a atual estrutura social como fundamentalmente falha e injusta, produzindo um cenário de opressão, onde certos grupos só alcançam a prosperidade porque exploram outros grupos. Para a esquerda, a igualdade absoluta é a meta. Destrua a Justiça, a hierarquia pelo mérito, a propriedade privada e o sistema capitalista, além das crenças religiosas para acabar com todos os problemas do mundo.

Para alcançar esse objetivo eles estão dispostos a cometer os piores crimes, produzindo o sofrimento e a morte de milhões de pessoas. Eles estariam justificados pelo “bem maior”. Foi exatamente isso que ocorreu em todas as tentativas de implementar esse mundo igualitário. No final, na União Soviética, ou na China, ou em Cuba, Camboja, Coréia do Norte e mais recentemente na Venezuela, o resultado foi pobreza e destruição das liberdades individuais, com um nível de desigualdade ainda maior, pois apenas os mais altos integrantes do partido revolucionário são ricos, e o resto do povo se transforma em escravos.

“A questão nunca é a questão, é a revolução”. A cada campanha promovida pela esquerda, sempre há uma agenda por trás. Como no caso da morte da vereadora. Ou alguém acha que o PSOL está preocupado com a violência urbana e como resolvê-la? Claro que não. Eles consideram a violência urbana um processo natural de revolução. Consideram os traficantes e outros criminosos como revolucionários, que estão destruindo o “sistema”. São aliados no combate contra os “opressores”. A campanha, muito bem sucedida por sinal, já que eles contam com o apoio sistemático da imprensa, formada ela mesma por revolucionários esquerdistas, serviu para reforçar o ponto para a opinião pública: Marielle é uma vítima da sociedade. Ela morreu por ser negra, pobre e homossexual. A sua morte representa a prova da narrativa. Logo, o PSOL está certo. Apenas a revolução socialista pode acabar com a violência e com a opressão. Realmente, a Venezuela está aí para mostrar, não é mesmo?

O problema é que a revolução socialista já aconteceu no Brasil. Pelo menos até certo ponto. Não temos um partido único, nem campos de concentração, tampouco os meios de produção estão na mão do Estado. Mas já temos um arremedo de regime comunista. Temos dezenas de partidos, mas praticamente todos acreditam em Estado Grande e no Socialismo em maior ou menor grau. A nossa Constituição é socialista. A Justiça trata de fato criminosos como “vítimas da sociedade”. A propriedade privada é relativa, depende da sua “função social”, como está escrito na Constituição. E boa parte dos meios de produção dependem de crédito estatal. Os negócios são fortemente regulamentados. A carga tributária é altíssima.

Tudo isso produz a terra sem lei, onde vale a máxima do salve-se quem puder. O PSOL não está contente. O PCdoB não está contente. O pai de todos esses partidos, o PT, não está contente. Quer aprofundar a revolução. Que história é essa de querer julgar Lula do ponto de vista da “moral burguesa”? Ele deve ser julgado pela lógica comunista. E nesse caso, ele é praticamente um herói. Roubou, recebeu dinheiro de corrupção? Não cometeu crime algum, já que foi tudo em nome de um “futuro melhor”. Ao invés de ir preso, deveria ser o nosso Fidel Castro.

Do outro lado dessa guerra está a direita, representada por iniciativas fragmentadas do povo, já que praticamente não há representação conservadora no Parlamento, com poucos representantes nas universidades, escolas, Justiça e outras estruturas de poder.

O povão intuitivamente é conservador, acredita que bandidos devem ser punidos, que estudo e trabalho duro formam o caminho para o sucesso, que valores morais devem ser fomentados e respeitados, usualmente através de crenças religiosas.

Enquanto o esquerdista acredita que o ser humano é naturalmente bondoso e a sociedade o estraga, o conservador acredita que o ser humano é naturalmente falho, mas a estrutura social correta pode ajudá-lo a cometer menos erros, através da punição dos vícios e da recompensa pelo bom comportamento. Afinal, não somos simplesmente macacos inteligentes, somos um espírito imortal manifestos em nosso corpos, com responsabilidades que ultrapassam a nossa própria vida.

Porém, o povão manipulado diariamente pela mídia, dilacerado pela má educação, pela falta de oportunidades de um regime socialista e pela violência galopante está pronto para se vender à primeira esmola ou à promessa de dias melhores sem muito esforço.

Esse é o ponto onde o Brasil se encontra. Em 2013, parte da sociedade começou a acordar. O Impeachment de 2016 foi a representação do despertar, mas ele foi suficiente para mudar o curso do país rumo ao precipício venezuelano?

Talvez impedimos o pior no curto prazo, e talvez a preguiça e inépcia típica dos brasileiros impeçam qualquer dos destinos, seja uma ditadura chavista com Lula à frente ou uma reforma conservadora que acabe com a tragédia de 70 mil mortos por ano e coloque o Brasil no caminho do primeiro mundo.

O mais provável é a manutenção do status quo, com o STF garantindo que a elite possa roubar à vontade e os revolucionários de fuzil na mão do PSOL possam matar à vontade, enquanto quem de fato carrega o país nas costas siga rezando para chegar em casa vivo, desviando das balas e das mordidas do Leão, enquanto é xingado de fascista, sustentando o Estado Grande e seus sanguessugas.

Como dizia Tim Maia, talvez muita coisa mude para que tudo permaneça igual.

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