Filipe Martins - Firmeza no bom combate:

As manifestações de ontem foram concluídas com um saldo muito positivo, o que não significa que a situação do país se tornou menos grave de um dia para o outro. A demonstração enfática de que a população não aceitará a impunidade foi bem-sucedida e, ao menos na esfera das aparências, parece ter sido endossada pelo generalato — mesmo pela sua ala mais indigna de confiança.

É preciso dizer de modo claro que ninguém sabe ao certo o que sairá disso; nem se as consequências serão boas ou ruins; mas alguns fatos parecem se impor:

1. O General Villas Boas não fala mais pelas convicções e pelas crenças subjetivas que possui, mas pela posição objetiva dos seus pares, dando voz à pressão vinda das ruas e às resoluções tomadas em reunião das Forças Armadas no dia de ontem.

2. Os responsáveis pelo jornalismo da Rede Globo parecem ter optado pela leitura do tweet com o intuito de acrescentar um elemento extra no cálculo dos ministros na tarde de hoje, com a finalidade de desmobilizar a população e promover a ridícula "serenidade" pedida por Carmen Lúcia.

3. Os ministros (e o esquema de que fazem parte) certamente estão cogitando sacrificar Lula, uma de suas principais lideranças, elevando as chances de que ele efetivamente seja preso. Por outro lado, o instinto de auto-preservação que vem com o medo de uma delação feita por um Lula em desencanto deverá prevalecer na forma de alguma manobra de última hora.

4. Seja qual for o desfecho, as pessoas comuns que foram às ruas ontem precisam fazer todo o necessário para preservar seu protagonismo, não transferindo-o para nenhum movimento, para nenhum político e, sobretudo, para nenhum burocrata, esteja ele fardado ou não.

5. O caos e a desordem beneficiam a esquerda, mas a covardia e a timidez cobrarão um preço ainda mais caro. Agora que voltamos às ruas, não devemos mais parar e nem retroceder, seja qual for o desfecho do julgamento da tarde de hoje.

"Não se pode ver uma revolução; pode-se apenas ver que há uma revolução", já ensinava Chesterton há um século atrás, e é esta precisamente a situação atual do Brasil: vivemos uma situação revolucionária, estamos no limiar da ruptura, com um regime que já não se sustenta mais e sem a menor idéia do que será colocado em seu lugar. O momento é dos mais graves. Que Deus dê coragem, inteligência e gravidade a todos nós!

Postar um comentário

0 Comentários

Close Menu