Ricardo Roveran - Sobre Montesquieu e os três poderes:

Montesquieu me parece ser o único revolucionário iluminista que acabou por contribuir com alguma coisa substancial de fato para o mundo moderno.

Enquanto por um lado ele lutava contra o despotismo que acusava o absolutismo monárquico europeu, contraditoriamente puxava o saco do islã persa, muito mais despótico que se possa imaginar.

Ele observou o poder do ponto de vista da corrupção humana no âmbito do governo de um estado, Hobbes o aplaudiria. Enxergou o ser humano com seu egoísmo e mesquinharia.

Eu não sei se foi consciente ou inconsciente, mas tratou do problema que muitos romanistas não sabiam por onde começar: o direito público romano.

O direito romano é dividido em 2 partes: direito público e direito privado.

O privado em 3 partes: direito das coisas, dos homens e das ações.

O público, foi praticamente descartado em sua totalidade pela influência de natureza egoísta de déspotas que se misturaram aos bons homens e que por 13 séculos passaram legislando o maior império que o planeta conheceu até os dias de hoje.

A solução para o fim do despotismo estava na letra da constituição diretamente, mas naquele modelo de estado jamais seria feito.

Como fazer alguém que legisla, que escreva leis contra seus próprios prováveis atos? Apenas um santo o faria e santos eram raros, e as leis as mutáveis ou sujeitas a interpretações diversas.

Montesquieu viu além da letra da lei, viu a raiz do problema e a atacou.

A divisão dos 3 poderes me parece um avanço que só consigo enxergar agora estudando o direito romano.

Quem governa não legisla ou julga.
Quem legisla não julga ou governa.
Quem julga não governa ou legisla.

A dificuldade do comunismo de tomar o poder é muito maior nas democracias do que nos regimes absolutistas como a teocracia islâmica: foram necessários apenas pouco mais de uma década para a KGB tomar todo Oriente Médio e teria sido mais um território da URSS (1991) se não fosse o estado de Israel constituído (1948).

Mesmo os globalistas gastam bilhões na tentativa de quebrar soberanias em estados democráticos de direito com divisão de 3 poderes e só conseguem resultados míngues durante décadas.

Os comunistas por outro lado, tomaram uma cacetada feia. Tomaram a Rússia em 1917, fizeram um salseiro no czarismo, mas tiveram que reinventar-se no ocidente. O motivo? A divisão de 3 poderes. Gramsci e Frankfurt formularam mudanças comportamentais por este motivo: encontraram no plano de Montesquieu uma barreira quase intransponível pela revolução armada.

Esta acima é apenas uma reflexão e posso mudar de ideia a qualquer momento num futuro, mas por hora este é meu parecer.

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