Em decorrência do pânico moral promovido pela histeria puritano-feminista do Movimento Me Too, lançado por sub-celebridades e por celebridades esquecidas de Hollywood, empresas americanas estão começando a adotar regras para combater a lascívia que seriam consideradas exageradas até por membros da Igreja Deus é Amor e da Westboro Baptist Church.
A Netflix, por exemplo, acaba de anunciar uma série de regras que parecem saídas de um livro do George Orwell sobre como seria o mundo caso vivêssemos sob o império de uma junta de mulheres com mais testosterona do que o Stallone e o Schwarzenegger juntos.
Para a gigante dos streamings, qualquer funcionário do sexo masculino que olhe para uma colega por mais de cinco segundos é, basicamente, um estuprador em potencial e deverá ser punido a contento; a empresa também promete punir qualquer funcionário que tenha a ousadia, vejam só, de pedir o telefone de uma colega ou de chamá-la para tomar um café; cumprimentos com abraços e beijos no rosto, do mesmo modo, serão tratados como comportamento abusivo e típico de molestadores; e todos os funcionários serão estimulados a fazer denúncias anônimas diante de qualquer sinal de que um colega está flertando com alguém — como se flertes não fossem extremamente subjetivos e denúncias anônimas não fossem a receita certa para o caos em ambientes competitivos.
Essa histeria coloca o Movimento Me Too, e com ele toda essa onda de enxergar micro-agressões e violências simbólicas até na própria sombra, em pé de igualdade com seitas como o Templo do Povo, a Ordem do Templo Solar e a famigerada Heaven's Gate, que promovia toda sorte de regra absurda com a finalidade de adestrar seus membros, que acabaram se auto-castrando e participando de um suicídio coletivo, na esperança de fugir de alguma atrocidade iminente; tão iminente quanto a conversão de olhares em estupro que os pós-modernos juram inevitável.
Evidentemente, só quem ganha com isso são os políticos e os grandes empresários, que ampliam cada vez mais as possibilidades de regular as vidas dos cidadãos comuns e de seus funcionários, ao ponto de criminalizar até mesmo um olhar ou uma conversa. Algo que pareceria exagerado até mesmo para o mais caricatural dos distopistas.
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