Vitamina do dia:

No hospital, enquanto aguardava atendimento, o velhinho se contorcia incomodado com o aparato para transferir soro. E vira para lá, para cá, o filho, um homem feito, tentando ajudar o pai (que filho amoroso, tão diferente dos desmantelados da vida virtual e real): - Pai, vá devagar aí, meu velho. Enquanto a esposa do senhor olhava com o mão no rosto, mas não de impaciência, o idoso continuou o remexido. Sentei-me perto de S. Amaro. Como eu sei? Conversei com ele, ora essa! Ou você não sabe que o lugar número um para contar histórias, bater papo é um hospital? (os outros são fila de banco, supermercado cheio e reunião de Avon ou coisa que o valha)

- Seu moço, está com o que? 

- Dor intensa, S. Amaro. 
- Não parece tanto... 
- É mesmo, curiosamente diminuiu enquanto eu via sua esposa e filho cuidando do senhor. Acho que me distraí. 
- É, às vezes a dor passa com uma distração. Veja, por exemplo, eu também me distraí olhando para você me olhando com curiosidade.

Daí demos duas gargalhadas e de tão altas, um policial, meu ex-aluno, veio perguntar o motivo. 
- Estamos fazendo terapia antes do tratamento, respondi.

Coçando a cabeça, o ex-pupilo riu e foi-se.

E ficamos lá até passar.

Postar um comentário

0 Comentários

Close Menu