Filipe Martins - A América profunda resiste:

O anti-americanismo é uma obsessão nacional. Por estas bandas, mesmo entre liberais e conservadores, há quem flerte com a noção de que, por alguma razão e de algum modo, tudo o que há de mal no mundo tem sua origem na "terra dos livres e lar dos audazes". Essa obsessão é alimentada e difundida por intelectuais, artistas, professores, jornalistas, militares, políticos; praticamente toda a nossa elite — a mesma que se informa pela CNN, repete tudo o que lê no New York Times, ri das tiradinhas do Jon Stewart e passa as férias em Miami, São Francisco ou Nova York.

A imagem que tentam nos vender é a de que a sociedade americana é completamente governada pela ganância e pelo mais sórdido amor ao dinheiro. Segundo essa caricatura, nenhum outro valor — seja ele religioso, cultural, cívico, profissional ou familiar — tem qualquer espaço no ethos americano. E, no entanto, nada poderia estar mais distante da verdade...

O Presidente Ronald Reagan disse certa vez que todos os homens de boa vontade têm motivos de sobra para celebrar o 4 de julho, e eu não vejo como discordar. É devido à América, seu sucesso, e sua importância simbólica no mundo, que o Ocidente ainda é capaz de manter-se em pé. A veracidade desta afirmação pode ser rapidamente apreendida através do exercício imaginativo proposto por Roger Scruton: suprima, do cenário global, os Estados Unidos da América, sua liberdade, seu otimismo, suas instituições, seu repositório moral de origem judaico-cristã e seu vigoroso movimento conservador, e pouco restará do Ocidente, além da rotina geriátrica de uma Europa desdentada e fragilizada pelas suas próprias contradições; reintroduza-os e todas as profecias aterrorizantes e despedidas lamuriosas sobre o completo desmantelamento do Ocidente nos parecerão ao menos um pouco mais distantes de se concretizar.

É verdade que os dois grandes presentes que os EUA depositaram aos pés da humanidade — um arranjo político viável e compatível com a liberdade e a virtude dos indivíduos e o grande desenvolvimento tecnológico que nos trouxe uma prosperidade sem fim — suscitam louvores e reconhecimento, sem, no entanto, cativar nossos corações. Mas, os Estados Unidos nos oferecem muito mais. Por meio da generosidade e da bravura de seu povo, que carrega consigo o legado do glorioso encontro entre Atenas e Jerusalém, os cinquenta estados americanos mantêm vivos não apenas os seus êxitos políticos e econômicos como também a razão de ser do Ocidente; o nosso direito de existir, no mundo desequilibrado de hoje, como herdeiros daqueles que através do tempo participaram noética e pneumaticamente da consciência divina. São eles que, junto com algumas poucas forças, como Israel e a Polônia, ainda tornam possível a resistência ao niilismo desvairado dos críticos ocidentais e ao fanatismo ranzinza do Islam. São eles, em suma, que preservam a nossa cultura, o legado ocidental e mantêm acesa a tocha da nossa civilização, mesmo que sua nação seja atacada por inimigos internos e externos, que buscam parasitar sua força e destruir sua cultura e suas bases reais.

Como mostram o surgimento do Tea Party e a rebelião anti-establishment que colocou Donald Trump no poder, a América profunda resiste. Por isso, quero aproveitar o início deste 4 de julho para registrar o meu desejo e o meu pedido: May God bless the United States of America! E que Deus tenha misericórdia do Brasil e ajude nossa nação a realizar a sua própria vocação superior!

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