Filipe Martins - Pesquisa Ibope, distorções e tendências:

1. A mera justaposição das pesquisas estaduais e da pesquisa nacional feita pelo IBOPE basta para explicitar que há algo de errado, senão com a apresentação dos dados, ao menos com a base amostral das pesquisas. Não é possível crescer em todos estados e, ao mesmo tempo, cair na pesquisa realizada em âmbito nacional.

2. Seja como for, não há nada de assombroso na última pesquisa. Venho dizendo há muito tempo que o Ibope e o Datafolha estão atribuindo o piso da margem de erro para Bolsonaro e o teto da margem de erro para Haddad, o que significa que, nesse cenário, teríamos Bolsonaro com 30 e Haddad com 20, o que não me parece nada implausível.

3. No universo de pesquisas do Ibope, com as distorções de amostragem e com os problemas da seleção dos locais de aplicação do questionário, a vantagem de Bolsonaro se torna até maior após alguns ajustes e ponderações necessários.

4. Descontados esses problemas, ficam as tendências: Haddad crescendo mais lentamente e Bolsonaro desacelerando.

5. Esses ciclos de acelerações e desacelerações são naturais. Bolsonaro enfrentou uma estagnação de junho a julho e voltou a crescer na primeira semana de agosto, com suas aparições na TV. Foram dois meses de crescimento contínuo e ininterrupto. Agora desacelerou um pouco, mas com um pequeno ajuste ele pode retomar o crescimento.

6. Tanto a entrevista de ontem para a Jovem Pan quanto a expectativa de alta hospitalar devem contribuir com essa retomada. E, mesmo em um cenário em que nada disso tenha efeito, a última semana será marcada por uma reaceleração natural, impulsionada e conduzida tanto pelo voto útil quanto pelo efeito manada.

7. A militância terá um papel decisivo nestas duas semanas finais (faltam só 12 dias). Com o nível de engajamento demonstrado pelos eleitores de Bolsonaro e com o temor crescente causado pela subida de Haddad, pode-se esperar um efeito multiplicador sobre os votos na casa de 1.3, o que equivaleria a 36.4% dos votos totais no cenário apresentado por esta última pesquisa.

8. Com esse patamar de votos totais, num cenário de abstenção alta, Bolsonaro pode até mesmo vencer no primeiro turno -- possibilidade que ainda julgo entre pequena e moderada.

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