01. A nova pesquisa encomendada pelo BTG Pactual mostra uma consolidação do apoio a Bolsonaro, que cresceu 7 pontos percentuais na espontânea, chegando a 26%, e 4 pontos percentuais na estimulada, chegando a 30% dos votos totais.
02. O candidato do PSL agora tem 40% dos votos válidos.
03. Vale notar ainda que 78% dos eleitores de Bolsonaro afirmam que seu voto é definitivo, o que dá a ele a consolidação de 31% dos votos válidos.
04. A base demográfica dos eleitores de Bolsonaro permaneceu praticamente inalterada, com crescimento similar em todos os grupos. O percentual que não conhecia o deputado caiu pela metade e o número de indecisos caiu 5 pontos percentuais.
05. Isso significa que o atentado apenas acelerou a revelação do voto envergonhado, que o deputado já tinha mas que não se revelava abertamente, e antecipou o encontro entre ele e aquilo que eu considero seu "eleitorado natural". Este eleitorado, nas classes mais baixas, foi o único que cresceu fora dos patamares anteriores, alterando a proporcionalidade do voto por renda — por se tratar de um voto que não vem da internet, é possível dizer que esse eleitorado gera um fator multiplicador considerável, por meio do alcance a eleitores fora da internet.
06. Minha tese é de que a maioria dos votos que apareceram na pesquisa após o atentado sofrido pelo deputado não saiu dos outros candidatos, mas veio majoritariamente dos indecisos, o que indica que eram votos que já pertenciam ao deputado, mas não se revelavam claramente. Marginalmente, ele conseguiu alguns eleitores de João Amoêdo e de Marina Silva. Há, portanto, ainda mais espaço para crescer.
07. Quanto à vitória no primeiro turno, possibilidade com que sempre trabalhei, ainda considero sua probabilidade baixa e dependente de ajustes estratégicos e táticos. Saber conduzir a campanha pós-atentado será essencial. Porém, se essa base de 38%~40% dos votos válidos permanecer, a soma dos votos úteis e do efeito manada (3%~4%) pode garantir uma vitória tranquila no primeiro turno, a depender do nível de abstenção e de votos brancos e nulos.
08. Outro dado interessante revelado pela pesquisa é o crescimento de Haddad, que agora está tecnicamente empatado em segundo com Ciro, Marina e Alckmin. Dos quatro, Haddad é o único em tendência de alta e é o único que tem voto consolidado e eleitores fiéis.
09. Marina Silva, que nunca teve votos consolidados, vem caindo pesquisa após pesquisa. Ciro Gomes e Geraldo Alckmin estão estagnados, mostrando que a estratégia de Ciro (bem executada até aqui) encontrou uma barreira e que o tempo de TV não tem dado os resultados que Alckmin esperava (e que eu havia antecipado que não viriam).
10. Estimo que em 10 dias, ele deve passar o Ciro, aumentando os riscos de um segundo turno com o PT e despertando muitos eleitores para a necessidade de liquidar a fatura ainda no primeiro turno.
11. O crescimento de Haddad forçará uma reação de Marina e de Ciro, o que será interessante de se observar. Como precisam do voto lulista, Ciro Gomes e Marina Silva não poderão adotar a estratégia que Alckmin adotou contra Bolsonaro. Seria suicídio.
12. Isso tudo nos permite concluir que um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad — cenário em que aposto desde 2016 — se tornou ainda mais provável e que, embora permaneçam pequenas, as chances de uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno também cresceram.
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