Há cerca de 3000 anos, uma profetisa em Israel chamada Débora, da tribo de Efraim, entrou para a história como a primeira líder militar feminina da humanidade. O seu contexto histórico tem semelhanças com o nosso e a sua personalidade muito tem a nos inspirar a respeito dos desafios que a mulher enfrenta hoje, em uma época confusa, vazia e exigente como a nossa.
Passando por uma forte crise de representatividade em Israel, que não tinha líderes políticos ou religiosos bem estabelecidos, vários juízes se levantaram para salvar aquele país das mãos dos inimigos que constantemente invadiam suas terras e dominavam o seu povo sem qualquer resistência significativa.
O povo adorava um bom pecado e, quando via as consequências de suas maldades, clamava a Deus para que lhe salvasse da escravidão. Deus, então, tinha misericórdia dele, o livrava de seus inimigos através destes juízes; mas ele rapidamente esquecia de tudo o que lhe havia acontecido, caía na gandaia na primeira oportunidade e este ciclo se repetia exaustivamente. Chega a ser chato ler tantas vezes, no livro bíblico chamado “Juízes”, que o povo não aprendia nunca com os seus erros passados. Agora, pense um pouco e responda para si mesmo: esta não parece uma descrição do Brasil?
Pois bem... um destes juízes enviados para a salvação de Israel era exatamente uma mulher. Débora, cujo nome significa “abelha”, sabia que sua “colmeia” estava sob um novo perigo. Este novo perigo era uma tecnologia de guerra que tinha ajudado a Jabim, rei de Canaã, a expandir os seus domínios pelo Oriente Médio – a biga.
Para se ter uma noção do quanto a biga era poderosa nos tempos antigos, digamos que lutar contra elas fosse tão difícil quanto lutar a pé, hoje, contra um blindado com metralhadora
(como o GAZ Tigr).
Graças a esta vantagem militar, Jabim escravizou Israel por 20 anos. Os hebreus estavam na Terra Prometida mas estavam indefesos contra o poderio das 900 bigas cananitas. Nenhuma força comum seria capaz de encarar de frente este batalhão de tanques orgulhosos. Até que um dia Débora chamou um militar hebreu para uma conversa.
Débora - “Baraque, meu filho, a situação está feia. Venha cá. Olhe, Deus está falando aqui que você tem que subir no Monte Tabor para os cananeus acreditarem que você está montando um acampamento de resistência. Assim, eles vão ser atraídos por Deus para o rio Quisom e você vai vencer eles dali.”
Baraque – “Vixe! É mesmo?! Ai, ai, ai, ai... então vamos fazer assim... eu só vou se você for”.
Débora – “Eita homem mole da moléstia! Vamos lá. Eu vou contigo. Mas a fama vai ser toda minha, hein?! Eles vão cair pelas mãos de uma mulher!”.
Baraque, que agora estava mais seguro, saiu reunindo o número de soldados pedido por Débora para o serviço. Organizaram tudo naquele monte, onde eram alvo fácil de cerco e, portanto, de derrota. 10000 homens foram voluntariamente esperar a morte um uma missão suicida. Eles eram uma presa apetitosa para os homens de Jabim, comandados pelo seu capitão, Sísera. Uma vitória fácil para levantar o moral dos homens do cananeu e para intimidar futuros rebeldes.
← Imagem atual do Monte Tabor, em Israel
Rapidamente a notícia do acampamento viajou até os ouvidos do rei. Então ele ordenou que Sísera tomasse todas as carruagens e desse uma lição nos hebreus. Ele prontamente fez as malas, montou seu equipamento e partiu. O galope dos cavalos, a velocidade nas rodas, os pulos das carruagens contra as pedras, o vento engrossando no seu rosto e o som do metal sacudindo no interior carros marcavam o pulso dos corações acelerados daquele exército para mais uma conquista.
Depois de algumas poucas horas de viagem, eles finalmente chegam ao seu destino. A sua vítima pode ser vista no horizonte agora. Eles apertam o passo se segurando nos carros trêmulos, levantam suas armas e... atolam. Sim, atolam. E quanto mais força colocam para sair do atoleiro, mais afundam na lama do rio Quisom, que tinha elevado e baixado de nível recentemente depois de passadas algumas chuvas. Débora olha lá de cima e ri: “quem é o bonzão agora, palhaço?! Hahahahaha! Vamos!”.
O exército hebreu desce massivamente monte abaixo sob o comando de Baraque. Os cananeus são obrigados a descer das carruagens e recuar a pé em uma perseguição que percorreu 50 quilômetros pela bacia do Quisom até a cidade de Harosete, onde ficava o quartel de Sísera. Resultado da batalha: nenhum soldado cananeu viveu para contar a história. Eles foram completamente exterminados. Até mesmo o rei Jabim, que agora estava sem o seu principal trunfo militar, foi morto pelas forças de Débora. Esta vitória garantiu 40 longos anos de paz a Israel e Débora cantou a sua vitória, conforme registrado nos capítulos 4 e 5 de Juízes. A sua campanha foi tão notável que também é citada em 1 Samuel (capítulo 12), no Salmo 83 e no capítulo 11 da carta aos Hebreus.
← Débora vitoriosa (autor anônimo)
Como se a sua história em si já não fosse legal o suficiente, ela tem tantos significados que eu vou me limitar a separar aqui apenas alguns dos quais eu acredito serem os mais importantes. Vamos começar.
) A primeira mensagem que Débora nos passa é a de RESILIÊNCIA. Depois que Darwin disse que apenas sobrevive aquele que se adapta às circunstâncias, o ser humano moderno perdeu uma das suas características humanas mais únicas que é a capacidade de combater más situações, de escolher não seguir a manada, de buscar um padrão moral que está acima das modas que mudam como a direção do vento. Não é à toa que os hebreus a tomavam como juíza, como medida firme e referencial para saberem se estavam errando ou acertando em suas crenças e condutas.
Débora não queria o conforto de ser aceita socialmente, ela queria apenas ser aceita por Deus. Os seus valores eram buscados na sabedoria milenar, que atravessa, intacta, a ação do tempo. Ela até percebia o mundo sensível à sua volta mas não se deixava influenciar por ele pois estava conectada a uma realidade de longo prazo, que os teólogos chamam de “eternidade”.
Resiliência, em seu sentido original, se refere à propriedade de qualquer material de poder sofrer pressão (ou deformação) e voltar imediatamente à sua forma inicial. Um material pode ter alta ou baixa resiliência. Da mesma maneira a alma humana pode ter alta ou baixa resiliência, mas, quando falamos em uma pessoa resiliente, estamos sempre falando que ela tem alta resiliência. Esta virtude significa que os seus valores não vão mudar, seja quais forem as circunstâncias. Quantas pessoas você conhece hoje que tem esta virtude? Você conseguiria citar alguns nomes?
A covardia e a corrupção se tornaram lei no (darwinista) mundo moderno. E a mulher, desavisada e altamente sociável, acabou descendo no redemoinho de decadência que a cerca. Mas Débora se via como uma mãe por Israel, uma mãe que queria preservar este seu filho da servidão ao ditador daquela terra, uma mulher que conservou os seus valores e se elevou a juíza para distribuí-los para todo o seu povo, liderando pelo exemplo. Se Débora foi capaz de tal façanha, então a mulher conservadora moderna também tem todo o poder de ser virtuosa contra todo o tsunami de loucura que veio sobre a nossa geração e mostrar que é possível andar sobre as águas da autodestruição, assim como Débora andou enquanto todo o povo estava pecando.
) Avançando na história, Débora se depara com a figura de Baraque. Embora ele fosse um militar, ele tinha vivido tempo demais na escravidão para acreditar em uma rebelião bem-sucedida. Ponho agora o meu chapéu de brega e volto àquele velho conto do elefante que foi preso quando ainda era um filhote e não conseguia se soltar das suas correntes. Tempos depois, quando já era adulto, ele era grande e forte o suficiente para se soltar mas as suas antigas tentativas deram tão errado que ele desistiu de tentar e acabou ficando preso pelo resto da vida, mesmo tendo o poder de se libertar.
Baraque é o símbolo da insegurança feminina. Débora tinha um plano, tinha contatos militares, tinha o ambiente conspirando ao seu favor e tinha nada menos que a bênção de Deus para agir (o que diminuía, e muito, o risco do empreendimento). Mas um ser estranho, certamente algum ser dentro da tua cabeça, cara leitora, fica dizendo que não vai dar. Você está com fome, com a faca e o queijo na mão, e o miserável do Baraque fica dizendo para você não fritar o tal queijo porque você vai se cortar, vai se queimar no fogão, vai ficar com mau hálito e assim por diante. Esta insegurança põe a mulher em uma espiral de confusão na qual ela acaba deslizando até desaguar na impotência da passividade total. Ele parecia até ser cria de Descartes, que só tinha a certeza da dúvida, o coitado.
Mas Débora superou Baraque. Sabe como ela fez isto? Pensando mais na OPORTUNIDADE real do que nos RISCOS hipotéticos. Ela estava disposta a se expor no campo de batalha para ganhar a sua liberdade civil de volta. Ela não queria mais estar sob o jugo de Jabim, reuniu os elementos da vitória e colocou todo o seu plano em ação. Ela tinha a virtude da AMBIÇÃO.
Não, ambição não é atropelar a tudo e a todos para conseguir o que você quer. Muito menos se despedaçar em uma aventura louca. Ambição não é ganância, ambição não é cegueira. Ambição é buscar o cumprimento de um objetivo, por mérito próprio, com inteligência. A ambição, como sinônimo de coragem orientada, é o oposto da confusão. Mulher que se revira eternamente em berço esplêndido acaba caindo sob tirania. Um navio sem direção obedece à onda mais violenta e o seu destino é tenebroso.
) Em terceiro lugar eu destaco a localização do acampamento. Por que ter o trabalho de ir para um monte? Para que estar em um lugar alto? Para que ficar no aperto com mais 10 mil pessoas esperando por um ataque?
O monte pode ter uma série enorme de significados e você pode explorar qualquer um deles em um artigo só seu. Mas neste eu vou destacar um aspecto coerente com a vida de Débora que é a do CONHECIMENTO. No mundo militar, lugares altos te dão uma visão geral e privilegiada de toda a região, o que te permite vigiar qualquer movimentação do inimigo e se preparar com antecedência para evitar surpresas. O horizonte se vê ao longe, sem obstáculos, sem o alvoroço das confusões complexas do cotidiano do vale.
E, quando eu falo em conhecimento, eu falo sobre tudo. Nada impede mesmo a mais leiga das mulheres de adquirir um livro sobre qualquer assunto que lhe interesse. Seja um livro de sabedoria milenar como as Escrituras bíblicas, seja um livro sobre psicologia, ou sobre medicina natural, ou sobre malhação, ou sobre educação infantil, e assim por diante. Tudo o que pode te interessar já foi vivido por outras pessoas e elas podem te dar um pacote de experiência organizada e esclarecedora, em pouco tempo, com poucos custos e sem que você precise sair de casa. Livros lidos e relidos por completo com frequência valem mais do que um certificado de um curso oficial e consomem muito menos recursos para serem assimilados.
O risco de se acumular um “monte” de conhecimentos é o de ser cercado por uma situação prática e, mesmo tendo lido sobre esta situação mil vezes, não saber como agir. Então leia a respeito de conteúdos aplicáveis e, quando eles forem teóricos demais, procure exemplos práticos dentro daquele assunto para não viajar demais na maionese. O conhecimento só é poder quando ele é aplicado, dentro ou fora de você. Ele nasceu assim, como uma forma de apreender e dominar uma realidade latente, seja ela superficial ou profunda.
Caso o conteúdo seja distante demais da realidade, ele é apenas uma fonte de ilusões, de utopias e de arrogância, que te impedirá de pensar que os outros não podem te contar algo que você não sabe. Eu não quero (e certamente Débora também não) que você seja uma criatura chata e sem-noção depois de visitar este artigo, mas sim uma pessoa legitimamente poderosa (algo curiosamente raro na tal chamada “Era do Conhecimento”). [1]
) Ao subir a uma posição elevada, Débora chamou a atenção do exército de Jabim. Mas o exército foi parado pelo rio, atolado em sua lama. O interessante aqui é que esta batalha em especial revela o aspecto sedutor de cada mulher. Ela começa a ter uma postura mais confiante, mais feliz, mais meiga, mais bela, por começar a entender a vida depois de montar sobre o conhecimento.
Assim, a mulher chama atenção de um homem de grande valor, que, arrogante de que vai conseguir tudo na base de um carrão e de suas experiências em conquistas passadas, chega a todo vapor para uma abordagem direta de seu alvo. Para ele, aquela vai ser apenas uma noite de amassos com uma mulher sexy.
Ela está lá, no alto de sua beleza, a uma distância disponível. Ele se apresenta e ela parece estar interessada... mas, por algum motivo misterioso, ela fica se esquivando. É o seu atoleiro. Ele não vai conseguir sair de lá com uma mulher para “dar uns pegas”, ela não vai deixar. Assim como Sísera esqueceu do rio, o garanhão esquece que não está em um açougue lidando com uma peça de alcatra, ele está lidando com uma mulher completa, com instintos, emoções, razões e espírito. Ela é um ser vivo, não uma boneca inflável; ela tem um rio de águas vivas correndo em suas veias. Toda a sua ansiedade e todos os seus artifícios ficarão “atolados” nas necessidades e valores mais profundos dela, que a protegem de investidas apressadas. O taradão do Rousseau ficaria muito chateado de seu corpo não ser patrimônio público para que todo mundo pudesse meter a mão. Aqui é tudo privado, meu filho, e é caro. Se você não é dos melhores como eu sou, então cai fora.
Mas não é só isto. Durante o atoleiro Débora iniciou uma ofensiva para vencer o exército então desprevenido. Durante o atoleiro, a mulher conservadora não vai ficar esperando que este homem adivinhe o seu valor. Ela vai falar sobre tudo o que a dignifica, vai mostrar bom humor, vai falar o que estuda na faculdade, vai mostrar que entende de política, que já leu tudo sobre Olavo de Carvalho [2], que sabe se vestir, que sabe se portar, que tem planos de vida, que tem fé, etcetera, etcetera. Se ele for de baixo valor, vai ser intimidado; se for de alto valor, vai ficar atraído. Mas Sísera não valia nada e levou uma surra que derrubou até os seus retratos na parede.
Muitas mulheres deixam passar a oportunidade de mostrar o seu valor durante o atoleiro e acham que a resistência por si só é o fator apaixonante para o homem. Não sabem de nada, inocentes. Quando o homem finalmente consegue o que veio buscar, ou seja, diversão, ele vai embora apenas acreditando que aquela noitada custou caro demais, que não valeu a pena. Ressentido, ele vai procurar alguma carne mais fraca ou mais fácil, já que muito pouco se aproveitou do seu esforço para apenas conhecer mais uma mulher vazia. É cruel... mas é verdade. Os homens se sentem assim quando o atoleiro não é bem aproveitado.
Então podemos notar pelo menos duas virtudes raras em Débora aqui. A primeira delas é a paciência. Ela se usou como isca para atrair Sísera e esperou até o momento certo de sua armadilha funcionar para atacar. A paciência, que podemos chamar também de autocontrole, temperança, está totalmente ignorada em tempos de tanta pressa, de transportes e comunicações rápidos, que atropelam completamente o ritmo da alma.
Não há nada mais gostoso – sim, GOSTOSO – do que um amor desenvolvido sem pressa, com avanços sutis, com pausas e ausências que constroem a saudade, preenchendo as escaladas de toques de significado. Talvez esta nova geração nem saiba o que é isto mas quem pegou as últimas gotas deste tipo de romance antigo sabe que não há nada igual.
A outra virtude mostrada aqui é a persistência. Brigar cansa. E brigar contra um inimigo em movimento numa perseguição é mais desgastante ainda. Cada pessoa pode iniciar projetos mas dificilmente ela vai até o fim, especialmente diante dos vários imprevistos “móveis” que ficam saltando em sua frente sem parar. Ela tem a iniciativa porém não a “acabativa”.
Mas Débora é daquelas que não se contenta com a nota 9,5. Ela quer nota 10. Ela não se contenta com 95% por cento de bom tratamento e 5% de violência. Nem mesmo com uma saciedade parcial de seu ser. Ela quer cuidados físicos, emocionais, racionais (boa conversa), espirituais... porque ela também luta com disciplina para poder oferecer tanto quanto. O podre culto (epicurista) ao ócio passou longe de sujar as seus pensamentos. Ela não se importa em quanta energia vai gastar, apenas se ela vai alcançar a sua missão ou não. Ela não está centrada em fazer o que gosta mas sim em fazer o que tem que ser feito. Esta obstinação pode ser esgotante em um primeiro momento mas a paz de varrer as pendências do mapa faz o fim do dia ser premiado com o sono dos justos.
) A abelhuda investida de Débora sobre os cananeus é muito icônica. Ela exterminou todos os inimigos que ela encontrou pela frente. Não deixou nenhum vivo. Nem mesmo o rei foi poupado, já que o seu status não o defendia do juízo do seu comportamento diante de Débora. Ela reuniu o seu enxame e retomou cada centímetro daquele lugar. Quando eu imagino esta cena, eu lembro da antiga reclamação masculina de que a mulher toma todo o espaço da casa e não deixa nada para ele.
O que nós, homens, não entendemos sobre a liderança feminina é que elas são tão detalhistas que qualquer fio de cabelo fora do lugar as incomoda. Talvez apenas os pais consigam entender esta purificação quando assistem à cena de uma mãe cuidando de um ser tão pequeno e tão indefeso quanto um bebê. A sua atenção em eliminar qualquer mal que atinja a criança era a mesma na mais nova mãe de Israel.
Agora imagine, caro leitor, uma mulher conservadora diante de um bombardeiro de “modernidades” que só prejudicam quem as pratica. Culto às drogas, música ruim, relações frágeis, desfiguração da feminilidade, infertilidade, libertinagem humilhante, proteção à bandidagem que a aterroriza e assim por diante. Pode ter certeza que ela se revolta impiedosamente contra toda esta nojeira progressista sempre que ela testemunha estas animalidades. Por isto, qualquer espertinha que vier lhe impor a sua agenda politicamente correta volta para casa de orelhas quentes de tanto ouvir o que não quer.
Isto não quer dizer que Débora era sempre uma mulher briguenta e alvoroçada. “Todos contra todos” é coisa para a cabecinha de Hobbes. Ela era casada, trabalhava com assuntos espirituais e normalmente era encontrada sob o “ar condicionado” da época – a sombra de uma palmeira. Ao final de sua batalha ela fez uma música, o que sugere que ela também tinha contato com a poesia e que passava seus dias de forma serena em sua terra natal.
Mas ser “zen” é diferente de ser lesa e aceitar tudo. Foi exatamente por amar o seu lugar, o seu povo e o seu Deus, que ela partiu com tanta inteligência e ferocidade contra os cananeus. Ela era intensa no bem e no mal; mas era coerente. Não criticava a tudo e a todos, e nem bajulava a tudo e a todos – a justiça é o que guiava as suas ações. Como um espelho, ela retribuía o bem para os bons e o mal para os maus.
Assim é a mulher conservadora – ela não lhe combate (esperançosa) pelo perdão e pela conversa, mas sim te entregando destemidamente o que você plantou. Ela não é uma mulher maquiavélica que te serve melhor quando é mal tratada e que te abusa quando é bem tratada. Este tipo de inversão atrai o mal, assim como toda inversão de valores, que é a base de todos os rituais satânicos [3]. Ela fazia mel com os seus conterrâneos e largava o ferrão nos invasores. A sua JUSTIÇA SINCERA é o que lhe tornava a imagem e a semelhança de Deus, e este é o valor que lhe protegia de todo mal.
Sendo absolutamente sincero, creio que Débora entenderia que toda a lavagem suína que as mentes “iluminadas” das elites esquerdistas querem nos constranger a consumir só deveria ser engolida por eles mesmos. “Destruam-se, se quiserem”, ela diria, “vocês são livres para isto. Mas não venham fazer de sua imundície uma norma geral, senão a mamãe Débora aqui vai pegar vocês”! A sua sentença seria curta e grossa: culpados! Vão ser ruins assim bem longe de mim!
← Estátua de Débora do século XVIII, em Aix-en-Provence, na França
Espero que este breve comentário sobre a grandiosa Débora e sobre os seus valores beneficiem a tua vida, especialmente se você for mulher. Que Deus nos livre da abominação vermelha que hoje se levanta para nos escravizar. As mulheres são a maior parte da população em números absolutos e podem fazer uma grande diferença na luta pela defesa de nosso país. Que Débora as guie para a batalha [4].
Atenciosamente, Renato Rabelo.
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Notas:
[1] Talvez você discorde desta parte se você for um autodidata mas, se você já teve contato com uma escola brasileira e estudou um monte de cadeiras desnecessárias que você esqueceu no dia seguinte, deve entender do que eu estou falando. As inequações logarítmicas e o sistema excretor dos insetos que me perdoem... mas o dinheiro que eu paguei para conhecê-los foi jogado fora. Eu teria preferido ter visto o filme do Pelé.
[2] Mentira, este cara é inabarcável. ;D
[3] O ritual satânico chamado “missa negra”, por exemplo, usa as vestes sacerdotais às avessas, à meia-noite (a crucificação aconteceu ao meio-dia), com velas negras de ponta-cabeça, fazendo as suas orações de trás para frente, com os nomes santos também invertidos. A cruz, símbolo maior do Cristianismo e da vitória sobre o pecado, também é colocada de cabeça para baixo. A hóstia, que normalmente é comida em memória de Cristo, é roubada de uma igreja e marcada com algum nome de Satanás. Os pecados são lidos como mandamentos e assim por diante. Tudo se trata de uma inversão do divino.
No caso específico das mulheres satanistas, a evocação é especializada. Há pouco tempo atrás, dentre vários eventos feministas em uma universidade brasileira, houve um que foi chamado literalmente de “Xereca Satânica” (que, salvo engano, já foi realizado também em algumas universidades americanas), no qual mulheres foram filmadas costurando a sua vulva para que nada de sólido entrasse ou saísse dali. A imagem final do culto é a do bloqueio do caminho que conservou a vida humana na Terra até hoje (pelo sexo e pelo parto). A inversão aqui é, de novo, uma nota marcante deste tipo de culto.
[4] Resumo das virtudes de Débora elencadas: resiliência, ambição, conhecimento, paciência, persistência, justiça e a (subentendida) fé.
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Sobre o autor
Renato Rabelo, 26, é servidor público, palestrante, tradutor, estrategista e ativista político pernambucano.
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