Motoristas estão sempre temerosos e revoltados por motivos cotidianos, como assalto no ponto de ônibus, desleixo nos hospitais, desemprego endêmico, caos no transporte público, escolas caindo aos pedaços, esgoto a céu aberto, estupro de criança, imundície nas ruas, achaques, burocracia infernal, violência generalizada. Acresça-se a tudo isso os problemas de qualquer vida, como doenças, angústias, desavenças, solidão, gordura localizada etc.
O fato é que milhões de pessoas se sentem desassistidas pelas pautas da moda que ocupam grandes espaços na imprensa, nos palanques, em setores falantes que adoram conceitos como justiça social, inclusão, equidade. A empregada chega chorando ao trabalho porque lhe roubaram o terceiro celular e a televisão mostra um entretenimento ideológico sem qualquer relação com o assunto.
O porteiro tem medo da bandidagem, mas o especialista em segurança pública abusa de relativismos e parcialidades, quando não faz ponderações genéricas para dizer que "somos todos culpados" e platitudes que não vão resolver o problema. O desemprego é endêmico, mas o líder político só sabe atacar os patrões e ninguém admite que o Brasil (e o Rio, muito especialmente) é o pior ambiente de negócios do mundo por motivos quase sempre associados à inépcia, à corrupção, aos ranços ideológicos e ao gigantismo de um Estado que vive de furar os olhos da população para distribuir bengalas enquanto culpa o setor produtivo por todas as mazelas nacionais (como se justiça social e livre iniciativa fossem conceitos antagônicos).
Incitação à violência é esse ostensivo desacerto entre as demandas populares e os discursos da moda nos estúdios, palanques, campus universitários e afins. Um dos óbvios subprodutos desse desacerto é a aparição de quem fale a língua do povo sem fetiches românticos ou claques adestradas. Foram muitos e muitos anos de defasagem entre a realidade e as elites falantes. Quem chocou o ovo dos radicalismos ideológicos (sem zelar pelas causas que diz defender) deveria repensar seu discurso, seus valores, seus métodos, sua ética. Porque enquanto as causas não forem discutidas, as consequências tendem a piorar.
Via Flavio Gordon.
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