A morte do jornalismo:

Cristian Derosa
Inquérito de Adélio Bispo e a morte do jornalismo

Quase cinco meses após o atentado que quase matou Jair Bolsonaro, o mesmo jornalismo que fez campanha contra o candidato, levando-o a ser esfaqueado por militante opositor, mantém a investigação do atentado como tema marginal. Enquanto isso, orgulha-se de fiscalizar as contas bancárias dos filhos do presidente. É a morte do jornalismo?

Em nenhum lugar do mundo um atentado contra o candidato vencedor à presidência da República receberia outro tratamento que não fosse uma cobertura diária do assunto, pressionando a polícia para a conclusão das investigações. Mas o que acontece é algo insólito: os jornais simplesmente ignoram o andamento do inquérito, resumindo-se a notinhas e relatórios em pequenas notícias, com claro intuito de diminuir a sua importância. Enquanto isso, insinuam existir um ávido interesse popular por supostos escândalos criados a partir de sucessivas manchetes com informações obtidas ilegalmente e que nada provam, envolvendo o ex-motorista do filho do presidente. É claro que não estamos diante de um jornalismo em sua atividade normal.

Também é óbvio que investigações sobre crimes políticos necessitam de exposição constante na mídia, ou ficam submetidos a pressões silenciosas dos próprios envolvidos no crime. Qualquer estagiário de jornalismo policial sabe disso. Só podemos concluir que a comunidade jornalística está mais interessada no acobertamento do mandante do crime. Isso é o que fica claro em um encontro entre jornalista da Globo News e o procurador que acusa Flavio Bolsonaro. Em resposta, jornalista comete ato falho e acaba assumindo que tinha dados sigilosos, como aponta a jornalista Amanda Costa, do site Jornal da Cidade OnLine.

Mesmo sem o espaço devido nos jornais, porém, as investigações continuam. À polícia, resta saber quem financiou os advogados de defesa de Adélio Bispo de Oliveira, o esfaqueador de Juiz de Fora, objeto do inquérito atual que foi prorrogado por mais 90 dias, segundo informações do site Último Segundo, no último dia 23 de janeiro.

No primeiro inquérito, sobre o atentado em si, a Polícia Federal concluiu que o agressor agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação “foi indubitavelmente política”. Neste caso, Adélio foi denunciando pelo Ministério Público menos de um mês após o atentado, em 2 de outubro, por prática de “atentado pessoal por inconformismo político”, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. Dias após o indiciamento, ele se tornou réu no processo para o qual já cumpre prisão preventiva no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). A defesa tentou alegar insanidade mental, mas os primeiros testes não apontaram nada neste sentido. No entanto, outros testes ainda serão feitos.

Já no segundo e atual inquérito, aberto pela Polícia Federal no dia 25 de setembro de 2018, o objetivo é investigar a participação de terceiros no atentado contra Bolsonaro, isto é, quem financiou os advogados do criminoso. O prazo desse último inquérito já foi prorrogado duas vezes, sendo a última agora no dia 23 de janeiro.
Advogados se negam a revelar financiador

Os advogados de Adélio se apresentaram para a defesa imediatamente ao ocorrido. Primeiro, alegaram que eram pagos por uma igreja. Depois, mudaram a versão dizendo que assumiram o caso para ter visibilidade profissional, apesar do resultado ter sido serem suspeitos e odiados Brasil a fora. Diante das contradições, os advogados acabaram mantendo a versão simplesmente de que o seu financiador é segredo, algo inaceitável.

No dia 21 de dezembro do ano passado, a polícia cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços ligado ao advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, responsável pela defesa de Adélio Bispo. O objetivo da operação foi tentar identificar quem estaria financiando a defesa do autor da facada em Bolsonaro. Na ocasião, o próprio advogado afirmou que acompanhou toda a ação dos policiais federais em seu apartamento e voltou a dizer que o nome de quem o contratou para defender Adélio Bispo de Oliviera é sigiloso.

O advogado Zanone chegou a zombar da operação ao dizer:

— O que eles querem saber é se foi o Lula que pagou a defesa, se foi o PSOL, o Jean Willys — completou Zanone.

A operação de busca e apreensão nos escritórios dos advogados foi alvo de críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por ferir os direitos dos advogados.

O ex-diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, por sua vez, disse que o objetivo da operação é não deixar nenhuma dúvida sobre a participação ou não de outras pessoas no caso ou descobrir se havia ou não alguma outra intenção de Adélio Bispo além do inconformismo político.

Galloro também disse que a investigação está próxima de ser encerrada, mas enquanto ela não se finda de vez, permanecem as dúvidas que alimentam teorias da conspiração sobre o “real” motivo do atentado à vida de Jair Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro pede rapidez nas investigações e não tem dúvidas de que Adélio foi financiado por grupos de esquerda que queriam eliminar o líder das pesquisas eleitorais, a partir do momento que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva foi impedido de concorrer à Presidência com base na Lei da Ficha Limpa, e usam, para tanto, uma ex-filiação do autor do atentado ao PSOL, no passado.

O presidente postou no seu Twitter um resumo das informações conhecidas sobre Adélio Bispo, compondo a trajetória do criminoso até o momento do atentado contra o então candidato á presidência, com as informações já levantadas pela Polícia.

Ver imagem no Twitter


Alguns passos de Adélio Bispo, ex-filiado do PSOL, o criminoso que tentou matar Jair Bolsonaro:

Cristian Derosa

Mestre em jornalismo pela UFSC e autor do livro A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma máquina de propaganda. Editor do site de notícias e da Revista Estudos Nacionais e autor do blog A transformação social. Aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho.

Postar um comentário

0 Comentários

Close Menu