A resposta é: eles ganham CONTROLE político.
Primeiro, eles ocupam vários cargos das grandes estatais e das poucas gigantes privadas que sobreviveram ao filtro de burocracia, de encargos trabalhistas e de impostos tecidos pelos próprios políticos. Quem está começando um negócio não pode pagar isto tudo, já que ainda está endividado com os custos da abertura da empresa e tem uma base de clientes muito pequena para render um lucro tão alto ao ponto de cobrir as exigências da lei. Assim, ocupadas pelos "camaradas" do partido no comando, todas as diretrizes das grandes empresas ficam alinhadas com os ditames do político no poder, transformando estas empresas aparentemente neutras em imensas máquinas de propaganda. Isto não seria possível, é claro, se surgisse todo dia uma empresa diferente no mercado.
Segundo, eles usam parte do orçamento destes oligopólios controlados para propinas. Propinas, no "idioma" interno da corrupção, significa controle. O Mensalão, por exemplo, foi um grande esquema de distribuição de propinas para comprar os votos da oposição e aprovar projetos duvidosos sem a menor dificuldade. Isto garante ao governante poderes semi-ditatoriais em qualquer democracia.
Terceiro, as áreas que não estão cobertas pelos oligopólios e que são alimentadas pelo mercado informal (uma espécie de "contrabando" tolerado) ficam sob o controle dos políticos pela via da chantagem. Qualquer fiscalização que cobre a burocracia, os encargos e os impostos devidos, apreendendo o aparato construído e impondo multas que levem o informal à falência, são a ameaça perfeita para calar a oposição. Jogar o máximo possível de pessoas no pecado da informalidade é controlar estas pessoas fazendo uma "vista grossa" para quem obedecer, para quem fornecer cabides eleitorais ou até mesmo doações para a sua próxima campanha. Este tipo de coronelismo e de cabresto eleitoral ainda é muito comum em regiões pequenas ou mais pobres do país.
Ao ler tudo o que você leu acima e ao identificar na memória alguns fatos como estes que você mesmo presenciou, é possível entender porque o socialismo é tão forte em nosso país. Não estamos apenas flertando com ditaduras, como os mais moderados sugerem; já estamos vivendo em uma "ditadura com vaselina", aflitos pelo absurdo instalado, prevendo o momento em que o gel vai secar e o sangue vai escorrer. Podemos estar acostumados e já nem sentir mais a urgência da luta contra o Estado sobre nós mas as dores de parto estão ficando cada vez mais frequentes e uma ditadura socialista pesada não vai demorar para nascer, como nasceu agora na Venezuela.
Estamos no fio da navalha, impotentes, fazendo a contagem regressiva para o pior acontecer. Que Deus e que a direita nos ajudem a nos livrar do faminto inferno vermelho que ruge em nosso quintal.
Renato Rabelo
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