A pedofilia e a indústria do sexo, qual a relação?

O caso de Neymar, acusado de estuprar uma moça em Paris, foi rapidamente utilizado para levantar, nos jornais, a polêmica em torno da chamada “cultura do estupro”, que agora passa a ser relacionada ao futebol. Na retórica feminista e da grande mídia, o caso Neymar comprova a existência de uma cultura machista e de desrespeito às mulheres. Mas por algum motivo, alguns temas ficam de fora dos debates quando o assunto é violência, exploração e pedofilia.

Apesar da filiação tradicionalmente socialista do feminismo, não costumamos ver feministas protestarem contra a mercantilização do sexo, o comércio de corpos que envolve tanto a prostituição e a pedofilia quando a pornografia. Embora denunciem as formas mais indiretas de exploração existentes na sociedade, a verdade é que elas parecem assustadoramente insensíveis à exploração mais básica e direta do corpo das mulheres: feministas nunca denunciam a milionária indústria da pornografia.

Nem grupos feministas nem ativistas humanitários em defesa de homossexuais ou mesmo entidades de direitos humanos parecem interessadas nesta tragédia humana.

Diante do tipo mais violento de exploração sexual, responsável anualmente por violência, suicídios, abortos e assassinatos de mulheres, o feminismo deixa de lado toda a sua preocupação humanitária com as mulheres quando o assunto envolve muito, mas muito dinheiro.

O fato é que o silêncio sobre os efeitos sociais da pornografia rende muito dinheiro, como mostrou o estudo de Judith Reisman, em seu clássico Sexual Sabotage. O livro conta como a sexualização nos Estados Unidos foi patrocinada por grandes grupos, utilizando as pesquisas científicas comprovadamente falsas de Alfred Kinsey, que remodelaram a sexualidade americana (e ocidental) a partir de um jogo de fraudes intencionais. Empreendimentos milionários como a revista Playboy criaram um verdadeiro “complexo industrial do sexo”, que contou com o auxílio das novas regras de educação sexual, foram responsáveis pela disseminação de uma verdadeira epidemia de experimentações sexuais que resultaram na explosão de gravidez na adolescência, divórcios, abortos e DSTs, em uma escala nunca antes vista. Em todo o mundo, a pornografia é hoje consumida por 76% dos jovens do sexo masculino e 25% das jovens do sexo feminino.

Como mostramos em artigo recente, a pornografia pode estar associada ao desenvolvimento de comportamentos agressivos entre homem e mulher, culminando, aí sim, numa espécie de “cultura do estupro”, mas que pouco ou nada tem a ver com causas supostamente naturais de exploração entre os sexos, como querem as feministas de feição marxista. Essa cultura violenta não é natural, mas gerada artificialmente por uma revolução nos costumes que foi bem financiada e conta, além disso, com o silêncio assassino de quem diz defender as mulheres.
A verdade inconveniente a respeito da indústria pornográfica é a sua relação íntima com as redes de pedofilia

Segundo o pesquisador Miguel Dolny, da Universidade de Santa Catarina, o faturamento da indústria pornográfica é estimado em R$ 400 bilhões por ano. “Esse número é superior aos investimentos brasileiros em aeroportos, ferrovias, rodovias e portos, ao lucro de todas as faculdades privadas nacionais, da cooperativa médica Unimed, da companhia circense Cirque du Soleile ao lucro de grandes empresas como a Rede Globo, o SBT, e a Netflix, mesmo que todos esses valores mencionados sejam somados. Ou seja, você faz parte de uma sociedade que gasta mais dinheiro com pornografia do que com transportes, educação, saúde e lazer”, diz Dolny em seu site.

Dolny coordena um projeto de pesquisa de conscientização e esclarecimento a respeito dos males da pornografia no Brasil, o que ele chama de “custos humanos” do problema, muito maiores que os custos financeiros. Para os atores e profissionais que se envolvem nessa indústria, os custos são altíssimos, apresentando “enorme dificuldade de construir sua vida profissional e relacional depois que deixam a indústria. No fim das contas, o custo real da produção de pornografia é a própria vida das atrizes e atores”, explica Dolny.

O pesquisador alerta para a relação da pornografia com a pedofilia. Segundo ele, 20% de toda a pornografia online envolve crianças que são vítimas do tráfico de pessoas.

Outra referência no assunto, nos EUA, tem sido Shelley Lubben, que também aponta a relação íntima da pornografia com a pedofilia. Ex-atriz pornô, Lubben se tornou uma das principais ativistas antipornografia e fundadora da Pink Cross Foundation. Para ela, a indústria pornográfica se alimenta da pedofilia. De acordo com a sua entidade, mais de 11 milhões de adolescentes assistem pornografia online regularmente. A pornografia infantil é um dos negócios mais crescentes da internet, sendo que o conteúdo está ficando cada vez pior. Em 2008, a Internet Watch Foundation encontrou mais de 1.536 domínios individuais de abuso infantil. O maior grupo que assiste pornografia online tem entre 12 a 17 anos.

Mas a pornografia não conta com a atenção das autoridades, o mesmo não se pode dizer da pedofilia. A pedofilia tem recebido grande atenção dos meios de comunicação nos últimos anos. Um estudo rápido em sites de pedófilos ativistas pode rapidamente demonstrar o motivo disso: o ativismo pedófilo é tão antigo e atuante quanto o ativismo gay que hoje recebe o nome de LGBT. Na verdade, eles se alimentam mutuamente e a milionária indústria do entretenimento do sexo lucra com tudo isso, abastecendo as gerações iludidas com a promessa revolucionária do “jardim das delícias” que acabou invadindo a política.
Como usuários de pornografia são levados facilmente à pedofilia e outros crimes

Uma reportagem recente publicada no jornal O Globo mencionou um alerta feito por pesquisadores de Harvard a respeito do algoritmo do Youtube no Brasil. O alerta expõe as relações perigosas entre pornografia e a pedofilia através do sistema de recomendação automática do Youtube.

Isso significa que vídeos caseiros incluindo crianças são sugeridos pelo site a quem esteja visitando sites pornográficos. Foi o que aconteceu com a filha de Christiane, que postou um vídeo inocente em que brincava com as amigas na piscina. Mãe e filha ficaram surpresas com as 400 mil visualizações que o vídeo teve, um número nada comum para um vídeo de crianças de biquíni brincando com amigas.

“É o algoritmo do YouTube que conecta esses canais”, disse Jonas Kaiser, um dos três pesquisadores do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, de Harvard, que encontrou os vídeos enquanto analisava o impacto do YouTube no Brasil.

Segundo a matéria, o vídeo da filha de Christiane foi promovido pelos sistemas do YouTube meses depois que a empresa foi alertada de que tinha um problema de pedofilia. A empresa chegou a desativar a área de comentários para vídeos de crianças depois de ser alertada de que usuários estavam utilizando a ferramenta para orientar pedófilos. Mas o algoritmo do sistema de recomendação permanece em vigor e reuniu dezenas de vídeos desse tipo em um repositório novo e facilmente visível, empurrando-os para um vasto público.

Mesmo que o YouTube nunca tenha se proposto a atender pedófilos, o sistema automatizado os mantém conectados, e os usuários não precisam procurar vídeos de crianças para assisti-los. A plataforma pode levá-los até lá por meio de uma progressão de recomendações que pode ir facilmente da pornografia adulta à pedofilia: um usuário que assiste a vídeos eróticos adultos pode ser recomendado para vídeos de mulheres mais jovens e, em seguida, para mulheres que posam provocativamente em roupas de crianças. Eventualmente, alguns usuários podem receber vídeos de meninas de 5 ou 6 anos usando roupas de banho ou se vestindo.

Em seu site, Miguel Dolny traz um estudo realizado em 2016, que demonstrou que, quanto maior a frequência com que uma pessoa vê pornografia, mais tolerante ela se torna com relação à pornografia infantil: entre as pessoas que veem pornografia com frequência menor do que a cada dois meses, 99% consideram errado produzir conteúdo pornográfico com crianças com menos de 12 anos, e 84% pensam da mesma forma quando são adolescentes. Agora, entre as pessoas que veem pornografia diariamente, os números diminuem muito: 91% são contra envolver menores de 12 anos e apenas 54% consideram errado produzir conteúdos pornográficos com adolescentes.

Sendo, portanto, uma porta para “drogas mais pesadas”, a pornografia adulta, vista ainda como inofensiva, pode em breve ser considerada igualmente perigosa e potencialmente imputável juridicamente. O perigo da prática já está implícito no “clique” pornográfico que nada tem de inofensivo. Afinal, segundo levantamento da Pink Cross Foundation, a cada segundo mais de 3 mil dólares são gastos em pornografia, enquanto quase 30 mil pessoas estão vendo pornografia e 372 estão procurando por algum tipo de conteúdo pornográfico.
Pedofilia: uma indústria na mira da justiça

O estupro e o abuso sexual de menores é a única dessas atividades ainda ilegal e perseguida pela justiça, que vem apertando o cerco contra as redes de pornografia infantil. Mas a sua relação com a pornografia adulta e o lobby pedófilo ainda não parece ter sido cientificamente percebida. Não nos admira que uma prática tão disseminada entre os homens ganhe, de repente, um interesse genuíno em ser desbaratada pela polícia. Afinal, o consumo de pornografia por adultos ainda é visto como uma prática inofensiva e íntima, de caráter individual, sem aparente conhecimento sobre as ameaças, os abortos forçados, suicídios e assassinatos de atrizes que são corriqueiros nesse meio.

Desde o ano passado, a Polícia Federal tem feito prisões por todo o Brasil a partir de operação contra a difusão de pornografia infantil pela internet. Uma verdadeira rede de operações pelo país vem fazendo prisões e descobrindo diversos casos envolvendo exploração sexual e difusão de vídeos. Entre outros fatores, uma nova lei sancionada em 2018 possibilitou este tipo de operação, que amplia a preocupação e atenção sobre o tema.

A Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018, alterou o Código Penal para, além de outras providências, tipificar o novo crime de “divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia”. A única brecha da lei continua sendo a situação em que, além do ato sexual, também a sua gravação e divulgação sejam consensuais e por indivíduos adultos.
Justiça ainda deixa de fora quem financia: o usuário

Como vimos, está claro que a pornografia é a porta de entrada para crimes como a violência contra mulheres, o estupro, e a pedofilia. Isso mostra uma situação assustadora que justificaria campanhas nacionais. Mas o silêncio é ensurdecedor quando o assunto pornografia é tocado. Por que será? O chamado “clique inofensivo” da pornografia nada tem de inofensivo. Cada clique, segundo Dolny, representa um risco para crianças.

“Enquanto houver pessoas clicando, mais conteúdo será produzido. Enquanto a pornografia for produzida, crianças serão exploradas. A equação é simples: se você não apoia a produção de um suposto entretenimento que é associado à pedofilia, seu boicote pode ser escolher não clicar em conteúdo pornográfico”, diz Dolny.
Outros estudos sobre o tema:

O ativismo da pedofilia: as origens intelectuais dos movimentos por trás da quebra dos tabus

Breve história do ativismo pedófilo

Ativismo pedófilo entre nós.




https://estudosnacionais.com/coluna/a-industria-do-sexo-e-sua-intima-relacao-com-a-pedofilia/?fbclid=IwAR0iz8hNIeAqNfDZjIz42TXkGJEGbLLV-Y3vx5RFluZ_NYkSMvaU_uImUl8

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