Vamos pôr os pés no chão e fazer o que é possível ser feito.

Lucília Coutinho
Ninguém quer verificar se a polícia e o exército estão ao lado do povo ou do estamento, eles também estão amarrados e dificilmente ficarão ao nosso lado: cumprem ordens.

A coragem que muitos alegam ter de fazer e acontecer, se posta à prova, desfaz-se em estilhaços. Mesmo numa turba de cinco mil, alguns seriam presos sem possibilidade de defesa enquanto todos os outros fugiriam e rezariam para jamais serem descobertos e alcançados.

De nada adianta dizer que o STF e o congresso devem ser fechados, eles não serão fechados e todos continuarão lá.

Temos que lidar com a realidade que temos, com as armas disponíveis, e elas não se resumem a um celular. Com este, podemos mostrar todos os dias que estamos ao lado do Presidente que elegemos e isso nós já fazemos. Mas não basta.

Todos os dias, em cada cidade, um comunista tenta aprovar alguma lei onerosa a todos ou alguma efeméride inútil.

São nos espaços próximos a nós que devemos agir. É na escola dos filhos, cobrando ações dos coordenadores e diretores; nas prefeituras, cobrando a agenda dos prefeitos; nas câmaras, cobrando a agenda dos vereadores e questionando-os sobre suas propostas, quanto custam, de onde sairá o dinheiro. Cobrando o mínimo buraco na rua dos secretários. E impedindo que votem absurdos e nulidades.

É muito mais trabalhoso que derrubar a alta burocracia, mas é sacudindo os alicerces que o que está no topo cai, é cobrando olho no olho quem está perto, sempre documentando.

É mais trabalhoso porque, neste caso, damos a cara para bater, vão olhar feio para nós, vamos nos decepcionar ao descobrirmos os covardes que não se comprometem e ficaremos sozinhos, seremos atacados, sempre vai aparecer um engenheiro de obra pronta que vai recriminar nosso modo e dizer que deveríamos ter feito de outra forma.

Esta é a realidade que todos temem: a solidão e a sensação de impotência. É esse temor que causa a desistência de antemão e leva à reclamação anônima, coletiva, sem rosto, de coisas que estão muito longe de nós, contra as quais nada podemos.

Esperamos o herói para resgatar a princesa das garras do dragão, mas existem muitos pequenos dragões perto de nós aos quais não damos importância, mas eles crescem. E existem heróis adormecidos dentro de cada um que podem evitar muitos males.

Não, não dá para organizar 58 milhões em Brasília contra o congresso e o STF. Mas dá para organizar nas cidades bem pequenas uma pressão educada que cobre prefeito e vereadores. Cem pessoas, até 50 ou 20 já fazem diferença nas pequenas cidades.

Qualquer coisa que se pretenda fazer deve ter mapeamento da situação para o melhor planejamento. Planejamento sem mapeamento não existe, quando existe, não funciona, dá errado.

Imagine 500 cidades brasileiras das mais de 5000 que temos com cidadãos vigilantes em tudo: escola, asfalto, posto de saúde, segurança. Imagine estes cidadãos cobrando um telefonema do prefeito aos senadores do seu estado para votarem a reforma da previdência, aos deputados federais para votarem na íntegra o pacote anti-crime. Na frente dos cidadãos. Pode surtir muito mais efeito que milhões de emais em caixas postais que jamais serão lidos.

Imagine um prefeito de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul cobrando Maria do Rosário porque a população assim quer.

Tem os que trabalham e não podem, mas tem também as famosas tias do Zap que são geralmente aposentadas e de tudo fazem uma festa. Elas podem.

Imagine a surpresa do Jean Wyllys ao descobrir que as tias não são robôs, mas as vizinhas...

Tudo é possível com as armas disponíveis, embora eu tenha certeza que aparecerão os que dirão que não vai dar certo, que não adianta. Estes podem ficar quietinhos remoendo rancores, não fazem falta.

Imagine uma ou mais datas para muitas prefeituras receberem a deliciosa visita da turma do chá com bolinhos. As tias estão nos seus grupos e nas suas famílias, elas amam aventuras.

Lembremos do nosso Presidente que ficou sozinho e agora tem a nós. Nós temos uns aos outros.

Precisamos mostrar que neste território tem povo do qual o poder deve emanar.

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