Sobre Daniel Silveira e a situação da democracia brasileira

Ontem, a Câmara dos Deputados nos forneceu importantes elementos sobre a realidade da democracia no Brasil. Vale pensarmos a respeito. Em primeiro lugar vamos a um breve resumo da situação.

1- As instituições no Brasil estão disfuncionais. O Congresso não representa seus eleitores, o STF não defende a Constituição e o Executivo não consegue governar plenamente por conta disso. Nossas escolas forçam conteúdo distorcido ideologicamente e a qualidade do ensino brasileiro só caiu até a entrada do Bolsonaro. Nossa justiça solta bandidos para desespero dos policiais e nem prende bandidos de colarinho branco da esquerda.

2- Nossa mídia é um antro de militância distorcendo os fatos e alavancando narrativas que protegem o establishment e demonizam os conservadores.

3- O establishment como um todo percebeu o que causou a eleição de Bolsonaro e está desde então agindo para corrigir esse estado de coisas. O elemento mais importante foi a livre circulação de idéias causada pela ascensão das redes sociais. Imediatamente foram criadas "agências verificadoras de fatos" que nada mais são que instrumentos de perseguição e censura.

4- A Câmara tem a seguinte composição (muito aproximada):
Deputados de esquerda: 184
Deputados de centro: 243
Deputados de direita: 86 (destes, uns 25 no máximo são realmente bolsonaristas).

Diante dessa realidade fica evidente que o esforço necessário para fazer um governo conservador funcionar minimamente é algo hercúleo. Tenho visto toda sorte de críticas ao Presidente por conta de eventual abandono de militantes. Eu vejo a coisa da seguinte forma:

Bolsonaro poderia ter tentado uma jogada arriscada logo no início do mandato, acelerando pautas e ações esticando os limites legais e mesmo os rompendo. Como vem sendo feito hoje pelos inimigos.

Essa abordagem apresenta ao menos dois problemas. O primeiro é o próprio risco. Seria realmente enorme, não só para ele mas para o país. Entendo perfeitamente sua prudência em não seguir esse caminho. Outro é que espera-se demais de uma pessoa que acabou de fazer o impossível. Ele se elegeu. Imediatamente vestir-se de mártir e partir para o tudo ou nada seria muito difícil. Era um momento de celebração e de esperança, para ele e para todos nós. Não o critico por isso de forma alguma.

Ele então optou por comer pelas beiradas e fazer o possível em vez de tentar fazer o idealizado. Pelo que vem ocorrendo parece que foi o caminho certo.

Então temos finalmente a votação na Câmara. 364 x 130. Observem a importância disso. Apenas 130 de 513 parlamentares enxergaram a flagrante ilegalidade nas ações do Supremo. Isso significa, sem tirar nem por, que 3/4 do nossos deputados não vale rigorosamente nada. São bandidos que têm dívidas enormes com a Justiça, que no Brasil é uma máfia subserviente ao establishment. Não dá para se ter esperança em mudanças razoáveis num cenário assim.

Alvim tentou mexer na Cultura e foi derrubado. Weintraub tentou o mesmo na Educação e teve que sair do país para não ser preso. Outros vários caíram e ainda cairão pois o establishment não permitirá grandes mudanças.

O que ocorrerá está agora claro e evidente. O Executivo conseguirá emplacar algumas reformas extremamente diluídas, conseguiremos algum avanço na área econômica pois o Brasil rico interessa aos sanguessugas. Não teremos nada retumbante que mostre grande vitória do Bolsonaro mas sim o maior bombardeio midiático da história do país. A maioria da classe média já compra os discursos de moristas e Vem Pra Rua. As pesquisas eleitorais mostrarão que Bolsonaro desidratou (o que será mentira) e as urnas eletrônicas farão o resto. Talvez tenhamos força para grandes movimentos de apoio até lá e digo que esta será nossa única esperança.

O que não acontecerá:

1- Uma ação institucional secreta, aos moldes de artigo 142, com o presidente no poder. Um golpe mágico que acertará tudo em uma semana com a prisão dos bandidos. Isso é narrativa caça-likes. Nunca houve essa possibilidade.

2- Saída institucional através de pressão a senadores com impeachment de algum ministro do Supremo. Esse é um delírio que a votação de ontem expôs com clareza. Numa democracia moribunda a salvação tem que vir forçosamente de fora dela. Esperar que a democracia moribunda se conserte é imaginar que ela está saudável enquanto morre, como bem disse o mestre Olavo de Carvalho.

O que poderia acontecer, mas não é nem um pouco provável: uma sublevação popular mais séria que atropelasse a lei e a ordem. A questão é que a única classe com capacidade para esse tipo de ação é a média e esta no Brasil recebe as fake news da mídia com alegria pois elas justificam a inação e a busca por conforto. Portanto não teremos nenhum levante do povo para o resgate da democracia.

O que é mais provável de acontecer, infelizmente, é a volta da esquerda ao poder, seja em 2022 ou em 2026, através dos meios imorais de que dispõe. É contra essa possibilidade funesta que devemos lutar em primeiro lugar.

Para isso precisamos aceitar essa dura realidade, parar de crer que algum xadrez 4D vai nos salvar e intensificar o trabalho de base, intelectual e de militância, para que consigamos resistir ao que está por vir.

E, se possível, parem de votar em militantes lacradores. Procurem por cérebro junto com atitude. E rezem, muito e sempre.
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