Dirigindo naquela agitação, parei no sinal de um cruzamento e fui puxado do mundo mental por um menino que pedia esmolas aos motoristas que paravam. Ele segurava uma placa: “Por favor, não me ignore. Sou mãe solteira de dois filhos”.
Curioso, fiquei procurando onde estava essa mãe e a encontrei sentada na calçada com a outra criança, um bebê, no colo.
Ele veio até o meu carro, eu dei um dinheiro e continuei observando aquela situação enquanto o sinal não abria.
Então, vi, no outro sinal, um homem que também passava pelos carros fazendo a sua coleta. Uma das pessoas que ele abordou entregara-lhe uma quentinha.
Imagine a alegria de uma pessoa que passa o dia inteiro no sol contando com a boa vontade das outras, na esperança de, no final do dia, ter uns trocados para aliviar a sua fome, que não deve ser pouca, ao ganhar uma refeição inteira.
Mas fui surpreendido: ele colheu sua marmita e não foi comer, nem guardou para depois. Num ato de total abnegação, ele atravessou o cruzamento e foi entregá-la àquela mãe.
O ser humano é capaz das mais belas surpresas…
Era uma pessoa que precisava muito do alimento e, sem obrigação nenhuma, cedeu para uma família na mesma situação.
A surpresa, na verdade, só acontece porque nós estamos imersos em tantas desgraças que esquecemos o que somos de fato.
Esquecemos que todos vivemos uma disputa interna diária: entre a tentação de SER Deus e a glória de ser IMAGEM E SEMELHANÇA de Deus, entregando-nos a sacrifícios por vezes inimagináveis, para conduzirmos a nós e aos outros à vida n’Ele.
E quem define o lado que será vitorioso e determinará o nosso destino eterno somos nós mesmos: só precisamos escolher.
A história não gira em torno do triunfo do mal, mas da vitória SOBRE o mal, tanto que o Apocalipse termina com o triunfo do Cordeiro.
Não são, portanto, pequenas as dores que sofremos aqui, quando a recompensa que nos aguarda é tão sublime?
Como aquele rapaz, escolhamos bem.
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