Quando se diz que o povo brasileiro é majoritariamente conservador, isto não quer dizer que uma parte considerável da população segue conscientemente uma ideologia conservadora. Isso se refere muito mais a um dado da realidade.
Ser conservador ou ser progressista, antropologicamente, não se refere a posições intelectuais antagônicas, e sim a duas entre tantas expressões da vida social, ou seja, são dados do comportamento humano. Você é conservador e também é progressista. Em todo aglomerado social ao longo da história e nas inúmeras geografias havia ações e pensamentos conservadores e progressistas misturado na cultura e na mentalidade geral.
Isso foi sempre assim até meados do século XVIII, quando há uma ruptura. Certas correntes culturais começam a advogar que são o suprassumo da civilização, o ápice do desenvolvimento humano, a palavra última e inquestionável a respeito de tudo e de todos. Elas se vendem como progressistas e, claro, todas as demais não passam de retrocesso, de superstição, de obscurantismo, meros neandertais apegados fanaticamente a conhecimentos mágicos e fantasiosos. Enfim, isto é outra história...
O ponto é que ser conservador, como também ser progressista, não são necessariamente véus de ideias que acobertam a realidade: são atitudes concretas diante de certos problemas concretos e práticos da vida social.
Ou seja, o comportamento conservador é anterior a qualquer invencionice intelectualóide. Isso é inescapável. E quem queira qualificar ou desqualificar um comportamento social baseado em um conjunto de ideias anglófonas importadas sem o devido filtro de discussões e debates, não passa de um carimbador maluco da vida alheia. É exatamente isso o atual conservadorismo brasileiro. É só isso. Não há tentativas de um salto qualitativo: só há pulinhos de velhas fofoqueiras "urubuservando" o alheio.
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