Redação - Da minha época, não! Desculpas esfarrapadas por não ter ou não querer cultura.

Redação
Da minha época, não! Desculpas esfarrapadas por não ter ou não querer cultura.

“Maior ignorância que nunca ter lido uma obra é nem saber que ela existe”.

Várias vezes já passei pelo momento em sala de aula o qual o (a) estudante, ouvindo um comentário sobre determinada obra, fato histórico ou expressão, ignora totalmente do que se trata. É costumeira a frase: “Não foi da minha época, professor!”. Ainda ouço definições que não apresentam o fato como deveria ser, mas uma imitação, um empréstimo que em vez de elevar o significado, dá vazio, ignorância.

Quero apresentar dois exemplos:

1. Big brother: expressão encontrada num romance clássico do autor inglês Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudônimo de George Orwell. Publicado em 8 de junho de 1949, retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo no ano homônimo. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquico-coletivista é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. A história narrada é a de Winston Smith, um homem com uma vida aparentemente insignificante, que recebe a tarefa de perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo sempre esteja correto no que faz. Smith fica cada vez mais desiludido com sua existência miserável e assim começa uma rebelião contra o sistema, o que o leva a ser preso e torturado.

O romance se tornou famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos do indivíduo. Desde sua publicação, muitos de seus termos e conceitos, como "Big Brother", "duplipensar" e "Novilíngua" entraram no vernáculo popular. O termo "Orwelliano" surgiu para se referir a qualquer reminiscência do regime ficcional do livro. O romance é geralmente considerado como a magnum opus (obra-prima) de George Orwell.

2. Calipso: RV Calypso foi um caça-minas da marinha Real Britânica convertido em navio de pesquisa oceanográfica por Jacques-Yves Cousteau, equipado como um laboratório móvel para pesquisas subaquáticas. O nome do navio foi uma homenagem a Calypso. Era uma ninfa marítima que recebeu Ulisses com hospitalidade, de forma magnífica e acabou apaixonando-se por ele, desejando tê-lo ao seu lado para sempre.

Ulisses queria voltar para sua família e seu reino, Calipso recebeu ordens de Júpiter para deixá-lo ir embora, e ela assim o fez.

Calipso deu a Ulisses meios para construir uma jangada, encheu-a de provisões e deu-lhe bons ventos. Ele avançou bem durante muitos dias em seu percurso, mas quando estava avistando a terra, uma tempestade quebrou seu mastro, ameaçando afundar a pequena embarcação.

Em meio a essas dificuldades, ele foi visto por uma ninfa marinha que compadecida, transformou-se num corvo marinho e, pousando sobre a jangada deu-lhe de presente um cinturão, orientando-o para prendê-lo abaixo da altura do tórax, pois se ele caísse no mar, o objeto iria mantê-lo flutuando, permitindo-o nadar até a praia.

Fénelon em seu romance Telêmaco, narra às aventuras do filho de Ulisses à sua procura. Ele encontrou, na ilha onde morava Calipso, as pegadas de seu pai. Calipso usou de muitos recursos para manter Telêmaco consigo, da mesma forma que agiu com pai. Minerva, que na forma de Mentor acompanhava o rapaz e governava cada um dos seus movimentos, fez com que ele não aceitasse os encantos de Calipso. Não encontraram nenhum tipo de fuga, então os dois amigos pularam de um rochedo nas águas do mar, e nadaram até um navio que flutuava na distância.

Como pode-se perceber, antes de um programa televisivo, bandas musicais, as expressões têm outro sentido. Mas, como saber se ninguém disse, se quem apresenta os nomes não faz questão de salientar suas origens? Conhecer, saber e passar adiante o que se sabe. Agora não haverá mais desculpas. A expressão não é da minha época (de criança, adolescente, adulto) não quer dizer que não possamos ou não devamos conhecer fatos. Uma sociedade sem passado é uma inexperiente futura.

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