Na obra épica Os Lusíadas, Camões escreve de forma poética a saga dos portugueses em atravessar os mares, no caminho à Índia e suas especiarias. Lida forma moderna a aventura apresenta a capacidade de superação em meio a qualquer dificuldade. Escrita no século XVI, Luis Vaz de Camões queria exaltar a alma lusa, explicar de maneira narrativa a viagem de Vasco da Gama às Índias e as peripécias para conseguir seu intento. Na saída da armada, aparece o tal velho que estava entre a multidão que se despedia próximo à Torre de Belém. Este episódio do Velho do Restelo (localidade portuguesa) está nas estrofes 94 a 104. Ele representa a contestação da época contra as aventuras dos descobrimentos. Houve os que pensaram ser puro orgulho e simplesmente suicídio navegar a partes distantes do mundo; uma perda de recursos e homens.
O episódio ficou marcado até hoje entre os portugueses. A expressão passou a significar o conservadorismo, o mau agouro, a má-vontade e a falta de espírito de aventura, diante de projetos originais que necessitem de alguma ousadia e gastos de recursos.
Dilma citou a frase na quarta-feira, 12 de junho, na cerimônia anunciando crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. Dilma quis mandar um recado à oposição, que tem atacado a alta de preços na tentativa de desconstruir o governo.
Se pensarmos tal qual a obra camoniana, ainda falta concluir a viagem, que pode não ter o mesmo destino grandioso do Canto literário. Não serei mas um velho do Restelo, mas também não serei ingênuo com a situação econômica.
1 Comentários
No Brasil contemporâneo está sendo executada a política da Roma Antiga - circo e pão; a diferença (além do tempo) é que aqui é moeda de troca para compra velada de votos; para se perpetuar no Poder se faz qualquer negócio, mesmo que seja para comprar a consciência nacional, reforçado com a imposição do voto obrigatório, outra agressão à democracia.
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