A história tem uma semana, porém hoje está completa: o cenário - via movimentada, alguns "quiosques" ou barracas, como queira, rsrsrs! Viaduto, casa lotérica, terreno baldio. Estou observando lugar, pessoas e animal desde segunda passada e cada tarde, das três por semana, pude encaixar hoje a peça final.
A cadelinha, gordinha por estar bem alimentada aparece do canto esquerdo e cerca das treze horas se dirige àquela barraca cujo dono vende cocos, daí ela dá duas ou três latidas. O proprietário, senhor avantajado olha pela lateral e diz: chegasse? (Ouvi isso outras vezes). Então ela vem até onde deitou na foto e ele dirige-se até à residência dele (atrás de mim. Eu sei que você não me vê, rsrsrs!) e prepara o almoço dela. Ela não gosta de comida de cachorro, disse certa vez o barraqueiro a mim. Ela espera e dez minutos depois ele reaparece com uma comida apetitosa (pelo cheiro tive vontade de dividir com a cachorrinha, rsrsrs!). Vai até à barraca e abre um coco, então leva comida e bebida até onde estou quando tirei a foto. A cadelinha é uma dama, bebe um pouco da água de coco, depois saboreia a carne, arroz e legumes que ele preparou. Ela come e olha para ele, que está de volta à barraca para continuar vendendo. O rude homem devolve uma vez ou outra o olhar. Pergunto a ele se a cachorrinha lhe pertence: Não! Ela apareceu por aqui faz uns meses e eu resolvi alimentá-la.
Chegou minha carona, preciso ir e fui com o bichinho em meu pensamento por um bom tempo.
Agora o antes da história: eu já havia visto o barraqueiro alimentá-la dias atrás e tirei uma foto, porém perdi e fiz a de hoje. Vinha caminhando com muita sede e antes da barraca dele havia outras cinco, porém resolvi andar mais um pouco, porque queria ajudar quem ajuda aos outros, mesmo que seja um animal a ser cuidado. Decidi só comprar água de coco a ele.
Finalmente, quando ele constatou que havia outras barracas vendendo cocos antes da dele, perguntou porque não havia comprado nestas. Respondi que gostei da figura dele e que optei pelo estabelecimento por causa da atitude.
Besteira, qualquer um faz isso, falou. Além de humilde, modesto.
Não, não, não, não, não! Neste local e condições só faz algo assim quem nunca deixou a miséria humana contaminar um coração solidário.
Como já escrevi em outras oportunidades, o bom ato precisa de propaganda, mesmo que o homenageado não saiba.
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Há 6 horas
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