Naquela casa, a filha, já uma senhora, cuida de sua mãe, cem por cento dependente. Da alimentação ao deslocamento, da higiene à adequação do ambiente. Uma proteção de amor abnegado, uma redoma de cuidado tão bem organizada que ela observa de cima abaixo a genitora, procurando alguma ferida, ou a roupa precisando de ajuste.
Já vi a cena do corte de cabelo duas vezes e me senti duplamente constrangido (para o bem, daquele amor de Cristo - II Coríntios 5:14) e apaixonado pela vida quando presencio o olhar que prescruta qualquer detalhe. Após a operação nas cãs, a mãe ajeita com o braço esquerdo o cabelo curto, como toda mulher feminina, vaidosa faz. Apesar de ela não conseguir falar, gesticular pouco, apresentar feição com esforço, isso passa tão despercebido pela família (não por não ligar, mas por não ligar, entendeu!? Rsss) que a impressão dada a mim é como se a senhorinha tagarelasse. O genro, sempre muito espirituoso e solícito é como um filho a ela. Das brincadeiras futebolísticas às opções políticas vejo um clima de alto astral, festivo e de resiliência.
E para arrematar, a família possui cães, mas eles têm seu lugar de bicho e gente é tratada como gente.
Por isso gosto mais de pessoas e destas eu amo de graça.
0 Comentários