Sobre Bioética:

Na manhã de hoje ministrei um curso sobre bioética. Julgo ser importante registrar aqui que esta ciência recentíssima é carregada de problemas metodológicos. Manuais de bioética, como aquele de Elio Sgreccia, discutem o assunto, por mais profundamente que possam fazê-lo, sem fundamentar corretamente suas bases. Talvez esta seja a grande causa do impasse que existe em todos os incessantes debates por aí.

A bioética essencialmente discute questões a respeito do valor do ser humano e os limites da ciência relacionados a ele. Este valor, porém, jamais poderá ser estabelecido sem uma antropologia adequada, sem uma visão do ser humano que corresponda à realidade, que seja coerente em si mesma e carregue um profundo sentido existencial. Da nossa visão, digamos, do que é natureza humana decorre, intencionalmente ou não, a nossa ética. Ideologias nefastas, como o comunismo e o darwinismo moral, nascem, como demonstrou Thomas Sowell, a partir de um entendimento equivocado a respeito do homem e das suas inter-relações. A ideologia de gênero é outro exemplo.

Dando mais um passo para trás, a antropologia também, em si mesma, é incapaz de conferir uma correta perspectiva sobre o homem sem antes levar em consideração o mundo no qual ele involuntariamente existe e do qual faz parte. Uma cosmologia confusa produzirá uma antropologia inadequada e uma moral ainda pior. E, por fim, não se pode ter uma visão sobre a realidade sem solidificar primeiro um bom entendimento da ESTRUTURA da realidade mesma, coisa que Aristóteles ensinou certinho.

Uma besta quadrada que errou o método e molda até os dias de hoje o modo como muitos raciocinam foi Epicuro. Ele primeiro desenvolveu uma moral, depois, com base nisto, estabeleceu um entendimento sobre a realidade e só então produziu sua antropologia doentia.

Os membros desse movimento intitulado "novo ateísmo" nada mais são que epicuristas disfarçados por jargões confusos e títulos acadêmicos modernos.

Bernardo Pires Küster

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