"Em qualquer sociedade, a ordem é a primeira necessidade de todos. A liberdade e a justiça podem ser estabelecidas somente após uma ordem razoavelmente segura. Mas os libertários dão primazia a uma liberdade abstrata. Os conservadores, sabendo que "a liberdade é inerente a um objeto sensível", estão conscientes de que a verdadeira liberdade só pode ser encontrada no âmbito de uma ordem social, como a ordem constitucional dos Estados Unidos. Ao exaltar uma absoluta e indefinível "liberdade" às custas da ordem, os libertários põem em perigo as próprias liberdades que louvam." - Russell Kirk
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DEVANEIOS ENQUANTO MINHA MÃE FAZ COMPRAS NO SUPERMERCADO
Eu não sou especialista em segurança pública (uso aqui como exemplo uma pessoa séria, como o Bene Barbosa, e não esses 'ixpessialistas' do PSOL e da Globo News), nem tenho a pretensão de opinar com ares de sociólogo iluminado e reformador da sociedade. Li apenas alguns poucos livros e estudos sobre o assunto, mas, como um cidadão brasileiro comum -- morador de um bairro de periferia, inserido no contexto de violência e com um pouco de noção da realidade do ambiente em que vivo e da sociedade entorno --, tenho alguns pensamentos sobre essa questão e que eu gostaria de compartilhar com vocês, baseado no que eu vejo aqui no meu bairro e na região em que vivo.
São apenas alguns devaneios temporários e transitórios, acumulados nesses meus 25 anos de idade, e que estou tentando analisar e organizar. Nada definitivo e que eu poderia escrever uma tese, um tratado ou um livro; somente algumas idéias que passam pela minha mente às vezes, que eu posso abandonar a qualquer momento em troca de outras melhores.
Eu chamo os parágrafos acima de "Aviso Anti-Brasileiro". Terminada esta introdução tediosa e óbvia aos olhos dos amigos mais antigos deste perfil -- porém necessária nesses tempos de analfabetismo funcional crônico da sociedade --, vamos adiante.
Temos cerca de 60 mil assassinatos por ano no Brasil (Atlas da Violência 2017), praticados com todos os tipos de armas (punhos, porretes, pedras, tijolos, martelos, picaretas, foices, cacos de vidro, canivetes, facas, facões, veículos, revólveres, pistolas, fuzis, metralhadoras, etc.). Desse total de homicídios, 80% são praticados com armas de fogo. Não se sabe a porcentagem de armas ilegais e legais desse montante, mas a mim me parece óbvio que a maioria dos assassinatos são praticados com armas ilegais.
São números que colocam o Brasil no topo do hanking dos países mais violentos do planeta, com o número absoluto de assassinatos superior até mesmo ao de países em guerra, como a Síria. Sem contar com os cemitérios clandestinos e outras mortes que não são contabilizadas -- que podem elevar esses 60 mil assassinatos em alguns milhares.
Um detalhe que vale a pena citar: apenas cerca de 10% dos inquéritos policiais no Brasil são resolvidos (Inqueritômetro / Conselho Nacional do Ministério Público). Ou seja, os assassinos estão quase todos soltos e nem se sabe quem são.
Em quais circunstâncias essas mortes ocorrem, já que não dá pra saber apenas com os dados dessas pesquisas?
1- Acredito que a maioria seja em decorrência do latrocínio (roubo + morte, não necessariamente nesta ordem. Principalmente em residências e nas ruas. Incluo aqui nesse item, para facilitar o raciocínio e não ter que tipificar outros crimes, os roubos os quais também ocorrem mortes em estabelecimentos como lojas e bancos, em que morrem os clientes, os funcionários do caixa, da gerência, da manutenção, do atendimento, da segurança, etc.);
2 - Depois podemos citar as mortes em casos de estupro (a pessoa estupra e mata a vítima, não necessariamente nesta ordem -- a depender do nível de sociopatia/psicopatia do criminoso);
3 - Confrontos entre gangues rivais (chamo de vítima, neste caso, somente as pessoas normais e alheias ao crime, que foram alvejadas por 'bala perdida'. Se era bandido que morreu, não era vítima. Bandido nem é gente);
3 - Crimes passionais (a pessoa mata a outra por problemas no relacionamento amoroso);
4 - Confronto entre bandidos e polícia (chamo de vítima, neste caso também, somente os policiais e as pessoas normais, alheias ao crime, que foram alvejadas por 'bala perdida');
5 - Sociopatas/psicopatas assassinos (que matam sem algum motivo aparente: assassinos em série ou esporádicos);
6 - E, por último, vou citar, todos juntos, os tais 'crimes banais', os 'crimes de ódio', por 'intolerância', os 'ideológicos' (um parente que mata o outro por questões familiares, pessoas que matam os vizinhos por algum problema, brigas de trânsito, brigas de rua, divergências no esporte, confronto de torcidas organizadas, homofobia, racismo, queima de arquivo, execução política, fundamentalismo religioso, machismo, feminismo, etc.)
Em quase todos os cenários, quem se ferra é o cidadão comum que está desarmado.
Levando em consideração todas essas informações e fazendo um balanço racional da situação, chegamos à terrível conclusão de que sair na rua é um ato de ousadia e coragem, para não dizer burrice. No meu ponto de vista, essa situação de guerra é muito mais grave, urgente e mais importante do que qualquer questão econômica.
Não adianta nada existir emprego se eu posso ser assassinado na minha casa enquanto procuro emprego na Internet, ou a caminho da entrevista de emprego, ou na volta do exame de admissão, ou no ônibus que me leva para a empresa, ou num assalto à empresa, ou na volta pra casa, ou no banco quando vou sacar o meu salário, ou no mercado enquanto vou fazer compras.
Se estamos em guerra, cadê as nossas armas? No Brasil, somente os bandidos possuem armas. A polícia não tem capacidade nem recursos para proteger a população. Vivemos numa guerra assimétrica -- em que só um lado tem o direito de atacar e o outro não pode se defender.
Por isso meu voto será em Bolsonaro. Ele é o único pré-candidato que parece enxergar o óbvio: que, para resolver qualquer outro problema, como a questão da economia, a sociedade precisa de pessoas que estejam vivas. Para tanto, ele levanta a bandeira do fim do Estatuto do Desarmamento.
Está na hora do cidadão de bem virar o jogo. Se for pra morrer 60 mil pessoas por ano, que sejam 60 mil bandidos. Em poucos anos não vai ter mais bandido vivo.
Depois eu continuo esse post. Minha mãe chegou com as compras e preciso tentar chegar em casa vivo.
Por Pedro Henrique Medeiros
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