O regime chinês está utilizando incontáveis câmeras de vídeo e reconhecimento facial para monitorar seus cidadãos – e milhares já desapareceram. Esse é um alerta sobre como a tecnologia moderna ameaça tornar o totalitarismo verdadeiramente total.
O monitoramento neste caso diz respeito a uma região específica na China, Xinjiang, onde um Policial local informou chocado que existem “dezenas de milhares de câmeras”. O jornal USA Today noticia o motivo para Xinjiang se tornar a Central Big Brother, introduzindo o assunto com a notícia de como um estudante da etnia Uigur desapareceu após retornar do Egito:
Os amigos do estudante acreditam que ele se juntou aos milhares (possivelmente dezenas de milhares) de pessoas, segundo estimativas de grupos de direitos humanos e acadêmicos, que foram abduzidas sem julgamento para campos de detenção secretos por supostos crimes políticos que variam desde pensamentos extremistas a meramente viajar ou estudar fora do país. Os desaparecimentos em massa, iniciados no ano passado, são parte de um amplo esforço por parte das autoridades chinesas para utilizar detenções e monitoramento baseados em dados para impor um estado de policiamento digital na região de Xinjiang e seus Uigures, uma minoria mulçumana de 10 milhões de pessoas falantes de turco, que segundo a China tem sido influenciados por extremistas islâmicos.
Além dos campos de detenção, uma quantidade sem precedentes de policiais cobre as ruas de Xinjiang. Sistemas de monitoramento digital de ponta monitoram onde os Uigures vão, o que leem, com quem conversam e o que dizem. Assim, sob um sistema obscuro que trata praticamente todos os Uigures como suspeitos de terrorismo em potencial, aqueles que fazem contato com suas famílias no exterior correm o risco de serem interrogados ou detidos.
A campanha tem sido liderada por Chen Quanguo, um Oficial do partido comunista chinês, que foi promovido em 2016 a dirigente de Xinjiang após ter subjugado outra região “problemática” – O Tibet. Chen comprometeu-se a caçar os separatistas Uigures culpados pelos ataques que deixaram centenas de mortos, dizendo que as autoridades iriam “enterrar os terroristas no oceano da guerra do povo e fazê-los tremer”.
Diferentemente do ocidente, a China não tem que levar em conta liberdades civis ao confrontar terroristas; o regime pode observar a todos o tempo todo e aprisionar (ou pior) pessoas ao bel-prazer por um longo tempo. (Vale notar que a China possui uma constituição garantindo muitos dos mesmos direitos que nossa constituição [Constituição dos EUA] garante; as autoridades apenas ignoram isso. Este é outro alerta – para aqueles que zombam de um “documento criado por homens em perucas empoeiradas”[1])
Certamente existem bons motivos para enfrentar o terrorismo islâmico de forma agressiva, mas aqui há algo muito mais assustador do que esta ameaça. Benjamin Franklin observou: “Conforme as nações se tornam corruptas e perversas, elas têm uma maior necessidade de mestres [no sentido de dominadores]”. Agora imagine: com nosso declínio em moralidade, combinado com a ascensão da tecnologia moderna, por acaso nós não estamos diante da probabilidade de sermos subjugados como nunca antes? Afinal, com tantas notícias sobre inteligência artificial, aquelas piadas sobre robôs dominadores não parecem tão exageradas assim.
Discutindo acerca do tempo singular em que vivemos, o colunista Mark Steyn ressaltou certa vez que antigamente o governo era muito distante. Para parafraseá-lo, se você fosse um camponês medieval, um emissário poderia visitá-lo uma vez a cada década para incomodá-lo, mas não passava disso. Mas quão bem-sucedida seria, por exemplo, a Revolução Americana se o Rei George III pudesse ver o que estava acontecendo por vídeo em tempo real, e então apertar um botão para congelar as contas bancarias de todos?
A China não está sozinha na criação de um Big Brother ainda maior. A cidade de Nova York ostenta incontáveis câmeras de de segurança, mais de 17,000, as quais estão disponíveis para o escrutínio da polícia. O notório “Anel de aço” de Londres é composto de uma câmera para cada 14 pessoas, aproximadamente meio milhão de olhos eletrônicos ao todo. Ainda assim nada se compara com o Persistent Surveillance System [Sistema de monitoramento contínuo], que tem sido implantado sorrateiramente e, de um avião no céu, “pode rastrear qualquer veículo e pessoa em uma área do tamanho de uma cidade pequena, por várias horas de cada vez” como noticiado pelo Washington Post em 2014.
Mas de volta aos motivos por traz do monitoramento, o problema da queda à barbárie é frequentemente agravado por uma justiça branda. Como eu expliquei em 2008:
Para dissuadir o mal comportamento, você deve garantir que o fator custo/benefício aja contra o cometimento do ato – para que o crime realmente não compense. Para conseguir isso, é preciso antes compreender que o custo ou risco é determinado por dois fatores:
A punição que realmente for administrada.
A probabilidade do transgressor ser apreendido, processado e condenado.
Isso significa que a punição se torna menos severa, a taxa de apreensão deve aumentar para manter uma certa dissuasão. Um dos motivos porque nós não impedimos o crime tão eficientemente quanto poderíamos é que nós nos esquecemos o segundo fator ao avaliar o custo; nós apenas levamos a punição em conta. Isso cria um cálculo econômico que favorece o criminoso.
Por exemplo, é dito que o a chance de ser pego e condenado por furto é de apenas 0.6%; portanto, um criminoso tem que cometer uma média de 167 crimes antes de ser encarcerado. Agora, uma vez que a sentença média para furto é de apenas cerca de dois meses, isso significa que o ladrão realiza em média menos de nove horas por roubo.
Agora eis a questão: Uma terra acometida pela barbárie crescente e uma justiça branda só pode dissuadir o crime, através de uma taxa de apreensão extremamente alta. Só existe uma forma de alcançar isso.
Vigilância total.
Esse é outro exemplo de como a falta de virtude (da qual a justiça branda, que na verdade é injustiça, é parte) gera um governo grande.
Goste ou não, é da natureza do homem sacrificar a Liberdade por segurança. Então antes de trocarmos Deus pelo governo, retidão por relativismo, e virtudes por “valores”, nós devíamos considerar que uma nação obtém liberdade ao exercitar a moralidade – e que correntes podem ser obtidas também, num estalar de dedos.
[*] Selwyn Duke. “Technology-aided Chinese Big Brother Makes Thousands Disappear”. The New American, 20 de Dezembro de 2017.
Tradução: Pedro M. Mattos
[1] referência aos Pais Fundadores que elaboraram a constituição dos EUA.
A campanha tem sido liderada por Chen Quanguo, um Oficial do partido comunista chinês, que foi promovido em 2016 a dirigente de Xinjiang após ter subjugado outra região “problemática” – O Tibet. Chen comprometeu-se a caçar os separatistas Uigures culpados pelos ataques que deixaram centenas de mortos, dizendo que as autoridades iriam “enterrar os terroristas no oceano da guerra do povo e fazê-los tremer”.
Diferentemente do ocidente, a China não tem que levar em conta liberdades civis ao confrontar terroristas; o regime pode observar a todos o tempo todo e aprisionar (ou pior) pessoas ao bel-prazer por um longo tempo. (Vale notar que a China possui uma constituição garantindo muitos dos mesmos direitos que nossa constituição [Constituição dos EUA] garante; as autoridades apenas ignoram isso. Este é outro alerta – para aqueles que zombam de um “documento criado por homens em perucas empoeiradas”[1])
Certamente existem bons motivos para enfrentar o terrorismo islâmico de forma agressiva, mas aqui há algo muito mais assustador do que esta ameaça. Benjamin Franklin observou: “Conforme as nações se tornam corruptas e perversas, elas têm uma maior necessidade de mestres [no sentido de dominadores]”. Agora imagine: com nosso declínio em moralidade, combinado com a ascensão da tecnologia moderna, por acaso nós não estamos diante da probabilidade de sermos subjugados como nunca antes? Afinal, com tantas notícias sobre inteligência artificial, aquelas piadas sobre robôs dominadores não parecem tão exageradas assim.
Discutindo acerca do tempo singular em que vivemos, o colunista Mark Steyn ressaltou certa vez que antigamente o governo era muito distante. Para parafraseá-lo, se você fosse um camponês medieval, um emissário poderia visitá-lo uma vez a cada década para incomodá-lo, mas não passava disso. Mas quão bem-sucedida seria, por exemplo, a Revolução Americana se o Rei George III pudesse ver o que estava acontecendo por vídeo em tempo real, e então apertar um botão para congelar as contas bancarias de todos?
A China não está sozinha na criação de um Big Brother ainda maior. A cidade de Nova York ostenta incontáveis câmeras de de segurança, mais de 17,000, as quais estão disponíveis para o escrutínio da polícia. O notório “Anel de aço” de Londres é composto de uma câmera para cada 14 pessoas, aproximadamente meio milhão de olhos eletrônicos ao todo. Ainda assim nada se compara com o Persistent Surveillance System [Sistema de monitoramento contínuo], que tem sido implantado sorrateiramente e, de um avião no céu, “pode rastrear qualquer veículo e pessoa em uma área do tamanho de uma cidade pequena, por várias horas de cada vez” como noticiado pelo Washington Post em 2014.
Mas de volta aos motivos por traz do monitoramento, o problema da queda à barbárie é frequentemente agravado por uma justiça branda. Como eu expliquei em 2008:
Para dissuadir o mal comportamento, você deve garantir que o fator custo/benefício aja contra o cometimento do ato – para que o crime realmente não compense. Para conseguir isso, é preciso antes compreender que o custo ou risco é determinado por dois fatores:
A punição que realmente for administrada.
A probabilidade do transgressor ser apreendido, processado e condenado.
Isso significa que a punição se torna menos severa, a taxa de apreensão deve aumentar para manter uma certa dissuasão. Um dos motivos porque nós não impedimos o crime tão eficientemente quanto poderíamos é que nós nos esquecemos o segundo fator ao avaliar o custo; nós apenas levamos a punição em conta. Isso cria um cálculo econômico que favorece o criminoso.
Por exemplo, é dito que o a chance de ser pego e condenado por furto é de apenas 0.6%; portanto, um criminoso tem que cometer uma média de 167 crimes antes de ser encarcerado. Agora, uma vez que a sentença média para furto é de apenas cerca de dois meses, isso significa que o ladrão realiza em média menos de nove horas por roubo.
Agora eis a questão: Uma terra acometida pela barbárie crescente e uma justiça branda só pode dissuadir o crime, através de uma taxa de apreensão extremamente alta. Só existe uma forma de alcançar isso.
Vigilância total.
Esse é outro exemplo de como a falta de virtude (da qual a justiça branda, que na verdade é injustiça, é parte) gera um governo grande.
Goste ou não, é da natureza do homem sacrificar a Liberdade por segurança. Então antes de trocarmos Deus pelo governo, retidão por relativismo, e virtudes por “valores”, nós devíamos considerar que uma nação obtém liberdade ao exercitar a moralidade – e que correntes podem ser obtidas também, num estalar de dedos.
[*] Selwyn Duke. “Technology-aided Chinese Big Brother Makes Thousands Disappear”. The New American, 20 de Dezembro de 2017.
Tradução: Pedro M. Mattos
[1] referência aos Pais Fundadores que elaboraram a constituição dos EUA.
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