Leandro Ruschel - A imprensa defende o novo apartheid sul-africano

O nível de ignorância e partidarismo da imprensa é cada vez mais alarmante.

Escrevi ontem sobre a decisão do governo sul-africano de confiscar as fazendas que tenham proprietários brancos, num claro crime de racismo explícito e de desrespeito à propriedade privada, uma das bases do Estado de Direito.

Leio em alguns jornais brasileiros e americanos o apoio à medida!

Eles usam o velho argumento da "justiça social", já que os brancos teriam "roubado" as terras de negros que lá estavam. Logo, arrancar sujeitos de terras que estão sob a sua propriedade por gerações e instalar outros sujeitos com base na cor da pele seria correto. Afinal de contas, mesmo depois de 20 anos do fim do apartheid, o horrendo regime que discriminava negros, eles ainda são mais pobres que brancos. Ou seja, o governo deve corrigir essa diferença.

É marxismo na veia.

Essa forma de enxergar o mundo é tão errada e produz desdobramentos tão negativos que é difícil entender como pessoas inteligentes e civilizadas podem defendê-la.

Em primeiro lugar, afirmar que brancos simplesmente "tomaram" a terra de negros é algo sem sentido. Quando começou a colonização holandesa e posteriormente inglesa na África do Sul, nem havia entre os nativos a ideia de propriedade. O que havia, como em quase toda a África, era um estado de guerra sistemática tribal, onde os vencedores controlavam a área dos vencidos e os escravizavam. Se um negro sul-africano é descendente de uma tribo que matou e escravizou outros negros, ele tem a superioridade moral baseada em comportamento passado para exigir reparação? A própria noção é absurda. É correto julgar uma pessoa hoje pelos seus antepassados? E se você pensar que sim, como será tal julgamento? Quantas gerações podem ser avaliadas?

Além disso, como você pode fazer julgamentos coletivos? Um direito humano básico é ser tratado como indivíduo, e não como parte de um grupo. O tratamento de pessoas com base em raça, classe social e crença já produziu algumas centenas de milhões de mortos na história. É simplesmente errado.

O argumento final dessa gente é que mesmo depois do apartheid, negros ainda tem uma condição de vida pior do que brancos. Em primeiro lugar, essa é a condição média, não de pessoas específicas. Em segundo lugar, o que é um branco e um negro? Especialmente num país como uma alta taxa de miscigenação. Em terceiro lugar, já foi provado inúmeras vezes que a atuação de um governo para criar artificialmente níveis maiores de igualdade produziram desastres, onde quase todos ficaram mais pobres. A Venezuela é o último exemplo disso. E na própria África, o Zimbábue que seguiu políticas parecidas de "reparação" apresentou desastre social parecido com o venezuelano. A evidência aponta para uma melhor condição de vida para os pobres e para ricos quando há regimes políticos estáveis, baseados no Estado de Direito e no livre mercado. Isso demonstra que a diferença entre ricos e pobres pode ser explicada pela óbvia diferença de capacidade e vontade entre as pessoas, não pela "exploração". Injustiças pontuais podem e devem ser resolvidas no processo político racional e civilizado, não com populismos baratos e canalhas. Nesse ambiente, injustiças passadas serão corrigidas da forma mais rápida possível.

A história humana é marcada por uma série de guerras, injustiças e opressões. A criação de novas opressões para "equilibrar" a sociedade é um erro e provocará resultados catastróficos, em qualquer situação.

A Civilização Ocidental está longe de ser perfeita, mas é o melhor sistema de organização social que conseguimos produzir em termos de liberdade e prosperidade para o maior número possível de pessoas. Flertar com o novos regimes coletivistas que quase levaram o mundo ao colapso no passado é um erro absurdo, especialmente na era da internet, onde os recursos tecnológicos para a instituição de regimes opressores nunca foram tão abundantes.

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